quinta-feira, julho 12, 2007

As meninas modelos

Parece que se está a pensar em evitar que jovens com menos de 16 anos trabalhem como modelos.
Muito bem.
O que eu estranho é que essa norma seja apenas baseada no desejo de «preservar a saúde física e mental das raparigas». Claro que é sabido que muitas ‘modelos’ confessaram ter medo de perder trabalho por não serem suficientemente magras e que a anorexia é uma espécie de ‘doença profissional’ lá no mundo das passerelles.
Mas não é isso. A verdade é que na maior parte dos países do primeiro mundo, trabalhar antes dos 16 anos é exploração infantil, e é proibido. Com essa idade, rapazes e raparigas devem estar a estudar e a viver a sua vida de adolescente.

Consideram que o trabalho como modelo não é trabalho?...
Esta norma é até contraditória, não se trata de trabalhar como modelos, trata-se de trabalhar seja como for. Poderá haver excepções, mas são excepções a uma regra. Antes dos 16 não se trabalha.
Ponto final.

12 comentários:

Anónimo disse...

È.E no mundo da publicidade,teatro,novela as participações infantis são cada vez maiores.Infantis, porque juvenis nem se fala.E eu sei que são de enorme sacrificio para as crianças embora elas(o entusiasmo de aparecer na televisão)não deem por isso.São trabalhos duros,em horários(filmagens que começam às 6 da manhã)à duração do dia de trabalho e por aí fora.No entanto faz-se um "casting" e vê o tamanho das filas de espera...Por outro lado e ainda em relação ao trabalho juvenil tenho uma posição muito ambivalente.Há meios em que trabalho(não exploração)é melhor do que nada.Ou melhor do que as alternativas que o tal "nada"faz surgir.AB

cereja disse...

Olha, AB, este tema tem sido aqui muito focado no Pópulo. É claro que existe muito tipo de «trabalho», e o cortar a eito sem avaliar cada caso é completamente errado. Por isso falei hoje em excepções. Tenho o testemunho de uma blogger que aqui vem muito, a Saltapocinhas, que é professora num meio mais ou menos rural e conta como os seus alunos ajudam os pais no campo. Não posso estar mais de acordo! Só lhes faz é bem. Assim como um miúdo que recuse a aprendizagem tradicional, que chumbe anos a fio, possivelmente estará bem melhor a aprender um ofício numa garagem do que a faltar às aulas e a entrar em bandos de marginais.
Mas há «trabalhos finos» como esse dos pequenos actores ou modelos, e trabalhos ‘normais’ como aqueles de que falei.
E claro que também há o trabalho infantil puro e duro como vemos no 3º mundo!

josé palmeiro disse...

Ainda ontem, estando eu numa caixa de supermercado, à minha frente estava uma jovem mãe, com a sua filhinha, uma boneca, lindíssima. Quando chegou a minha vez, ouço as empregadas das caixas dizerem:" Já faz filmes de publicidade...", como podes calcular, saiu logo o trabalho infantil, os pais que só vêem o dinheiro que os filhos ganham, sem se preocupar com as consequências, etc., etc. . Será da idade?

Anónimo disse...

Como disse aqui a AB, sabemos que os castings das pequenas vedetas têm filas enormes. E, é um trabalho onde os horários são bem pesados. Mas tudo em nome do protagonismo, de ver a sua cara numa capa de revista ou num anúncio que passa 50 vezes numa tarde! Que importantes se sentem!

Anónimo disse...

Está certo, vocês têm razão.
Penso até que o trabalho de modelo deve ser até particularmente violento.

Anónimo disse...

A 1ª motivação é mesmo essa -protagonismo.Mas há outras.Tirando algumas excepções vejam de onde vem a maior onda dos castings.Almada,Amadora,Odivelas...Há muita Claudia Vanessa muita Tatiana Andreia...mas depois, se virem, quem "aparece" na realidade são apelidos como Menezes,Norton de Matos,Salema e por aí fora...Acaso?Tenho duvidas.Ou então há outras espécies-a rapariga ou o rapaz esforçados do Norte com "accent"apesar das aulas de dicção e um discurso de que está ali para "fazer o seu melhor"e humildade para aqui e humildade para ali... Tudo isto dava um tratado no mínimo `sociológico.E parece que são não comparaveis mas não estou tão certa disso.Familias privincianas em dificuldades tinham pelo menos dois caminhos comidos e dormidos para os filhos:a Igreja e a tropa.Os tempos mudaram ...AB

méri disse...

Todos têm razão! Também me faz confusão levar crianças a "castings" disto e daquilo.
Mas também me lembro de filmes deliciosos em que aparecem crianças e bébés!

Leonidas disse...

Também acho que trabalho infantil, é trabalho infantil, pensando que é executado nos mesmos moldes que um adulto, responsabilidades, produtividade, horário de trabalho,....de resto até pode ser bom, não só para os miúdos ficarem "mais próximos do mundo real", ganharem o seu dinheiro (há muitos pais que não podem dar semanadas satisfatórias prós gastos), mas mesmo para se descobrir aluma vocação profissional antes de ter que decidir a área de estudos. Por exemplo, as iniciativas de OTL (ocupação de tempos livres), em part-time, que o IPJ fomenta podem ser muito úteis em vários aspectos. O que me parece é que para essas faixas etárias o trabalho tem que ser de facto voluntário e com graus de exigência, etc, adaptados. Eu contra mim falo, que nunca pús a minha filha a participar, por exemplo, nas tarefas domésticas porque sempre achei que ela devia ir brincar e que otrabalho era para quando fosse grande. Enganei-me, o povo tem alguma razão quando diz que "de pequenino se torce o pepino", hoje tenho uma mulher em casa que pouco ou nada faz, sem nenhum empenho, vontade, iniciativa, rigor, etc. Custa-me muito ter que explicar a um adulto (18 anos) como se limpa um balcão, como se torce uma esfregona, .....tudo, do mais básico e elementar, e ainda por cima, como já é grande, leva a mal e fica ofendida.....

cereja disse...

Leónidas, creio que ninguém te vai atirar a primeira pedra...:)) Eu sei que sou um pouco excepção, há muitas tarefas de casa que o meu rapaz sabe que são «suas» e se por acaso eu as faço, ele sabe que é um favor, um mimo naquele dia. E - também sei que é coisa rara -, sabe ONDE estão as coisas, os tachos e frigideiras, as toalhas de banho, a sua roupa que não está a uso. Achei que o ajudava na sua independência se insistisse nisso.
Mas voltando ao Trabalho, há realmente muitas variáveis. Um trabalho familiar como é o da lavoura, por exemplo, onde me parece justo e educativo que os filhos colaborem, uma ajuda eventual no trabalho da mãe ou do pai onde um adolescente pode e deve ter um papel, um «trabalho de férias» para juntar uns cobres para uma fantasia, ou um trabalho nos seus tempos livres com o mesmo fim, tudo isso considero justo.
O que aqui pensamos é que o afastar meninas com menos de 16 anos das passerelles, é admitir que andavam por lá... E isso é que é duvidoso, e ajudar à construção de castelos no ar.
Como lembrou aqui a AB afinal desses castings com dezenas e dezenas de concorrentes vindas dos subúrbios de Lisboa, muitas vezes as figuras escolhidas já lá estavam por «direito de berço».
Pois é...!!!

Anónimo disse...

Eu acho que não tem nada a vê é muito bom trabalhar de modelo e nao tem exploração nenhum

cereja disse...

Minha comentadora anónima de S.Paulo, não duvido que «é muito bom trabalhar de modelo» e que «nao tem exploração nenhum» se a pessoa que é "Modelo" tiver idade para trabalhar.
É um trabalho, não é?
É pago?
Tem horários para cumprir?
O fazê-lo implica que não pode estudar ao mesmo ritmo que as outras crianças?
Então é trabalho.
E a Convenção dos Direitos da Criança declara que uma criança não pode trabalhar. O Brasil também ratificou essa Convenção, eu sei. Logo é uma Lei e tem de se cumprir.

cereja disse...

Só mais uma coisa.
Essa Convenção vem AQUI em linguagem infantil, para ser mais fácil para si, lê-la.
No artigo 32 diz que pela lei portuguesa ninguém com 16 anos deve trabalhar.
É assim.
Não faço ideia se aí no Brasil aos 10 anos já se é adulto, mas como a Convenção declara no 1º artigo que é para «todas as pessoas com menos de 18 anos» leva-me a crer que não...