terça-feira, maio 29, 2007

O antes e o depois

Já da primeira vez foi assim: antes do referendo à questão da despenalização da IVG, todas as forças em campo, quer as que a defendiam quer as que não queriam alterar nada, propunham um melhor planeamento familiar. Como sabemos, entre um referendo e outro o que se fez nesse campo foi pouquíssimo, assim que deixou de estar na ordem do dia, o caso foi «esquecido».
E não se aprendeu nada.
Mesmo com um resultado diferente no referendo, apesar de tudo o que se disse durante a campanha, o planeamento familiar está longe de ser encarado com a importância que merece. Apesar de sermos um país que regista grande número de gravidezes de adolescentes quase metade dos nossos Centros de Saúde não têm consultas para adolescentes e destes «40% dos que foram atendidos saíram sem qualquer contraceptivo no bolso».
A DGS que foi contactada considera mau, que não devia ser assim, que isto viola a lei.
Pois é, nós também.

5 comentários:

Trilby disse...

No tempo em que eu era gaiata (e isso já foi há 30 anos), as Consultas de Planeamento Familiar em Lisboa existiam no H. Stª Maria e na Maternidade Alfredo da Costa, vai-se a ver e hoje são os mesmos.

Anónimo disse...

Também tanto não, Trilby! :)))
Aqui na zona de Lisboa ou Grande Lisboa a coisa está mais ou menos... Já há várias coisas e com bastante sigilo o que para adolescentes é importante.
O pior é lá mais para o interior.
pelo que eu sei é um desastre!!! E aqui o que diz o artigo (vale a pena ler) é uma coisa realmente completamente idiota: um jovem só pode ser atendido pelo seu «médico de família», primeiro tem de o ter, e sabemos que eles não dão para as encomendas e muita gente não o tem. Mas, segundo, se está a estudar longe da casa - e isso acontece muito no ensino superior - como é que faz? Mete-se na camioneta e anda 100 km para ir a uma consulta e volta para a aula?...

josé palmeiro disse...

Estes são os vectores determinantes do nosso atraso.
É doloroso, para um pai e/ou mãe, ter um filho/a, fora da sua área de residência, a estudar ou a trabalhar ou afazer coisa nenhuma, e ter, sempre que necessitar, de se deslocar, à procura dos seu médico de família, se o tiver, pois essa era uma estatística que gostaríamos de saber, para que possa ter a tal consulta. Os nossos jovens estão nitidamente a ser descurados há que facilitar-lhes a vida, eneste caso, abola está do lado do governo.

Anónimo disse...

é verdade que nos grandes centros já há muitos locais que fazem essa consulta. E mesmo sem ser em Centros de saúde - em Lisboa estou a lembrar-me de vários sítios onde os jovens podem ter acesso com alguma discrição, porque é ainda agora um tema delicado.
Agora basta a gente afastar-se uns quilómetros (e nem é preciso muitos) para ser... o deserto! E neste caso falo de «deserto» quanto a respostas de saúde, cuja responsabilidade não é dos cidadãos individuais.

cereja disse...

Também me parece que o problema fóra dos grandes centros ainda é mais complicado, porque não deve haver mesmo respostas nenhumas.
O que não quer dizer que, dado o número de habitantes nestas zonas de grande Lisboa e Grande Porto a resposta que há, chegue para as necessidades...