quinta-feira, março 01, 2007

O visual dos nossos jornais

Desculpem-me a rabugice, mas quando passo por um quiosque de jornais ultimamente concluo que os jornais diários deixaram de ter «primeira página» a passaram a ter «capa».
Não entendo nada do marketing de jornalismo (nem do outro, já agora!) mas faz-me confusão. Na minha cabeça, havia dantes as «revistas» que tinham uma capa com imagens chamativas e referências a temas que depois tratavam no interior, e por outro lado havia aquilo a que chamava «jornal», com muito mais texto tendo também uma imagem ou outra a ilustrar, e com vários temas de primeira página dos quais com uma vista de olhos poderíamos ficar inteirados. Aliás quem não andasse muito abonado, se desse uma volta lentamente em redor de um desses quiosques, ficaria informado das notícias mais importantes segundo as diversas perspectivas editoriais.
Ora bem, isso era dantes.
Hoje, se pararmos num quiosque e olharmos para o DN, ou para o Público, o para o JN , para não se falar no Correio da Manhã ou 24 Horas que já há muito utilizam essa fórmula, o que se pode ver é uma foto gigantesca em cada um deles ilustrando um título também garrafal, e … mais nada. Exactamente o que se pode ver na capa da Visão, ou Sábado, ou Focus. Com a diferença que numa livraria muitas vezes posso folhear uma revista sem ninguém levantar questões, mas já não é normal folhear-se um jornal! Claro que ainda se pode ler umas coisas nas suas versões on line (parciais, é certo) mas o modo de nos cortar o acesso às notícias de primeira página - uma vez que agora só temos direito a «Títulos e fotos de primeira página» não a notícias - parece-me no mínimo antipático!
Comigo, em vez de estimular a compra do jornal, até me apetece é não comprar nada.

6 comentários:

Anónimo disse...

Tão a ver?! É destas coisas que eu gosto aqui no Pópulo. Venho encontrar escrito muitas das coisas que eu andava a pensar!
Esta é uma delas. Não vou entrar na questão da mudança do cabeçalho do Público, há quem goste, quem não goste... por mim até acho este giro, mas acho que não se devia mexer num cabeçalho porque é a «imagem de marca» do jornal. Até que fosse para melhoras! Bom mas o principal é que com esta restruturação, tal como dizes, a página da frente não tem nada para ler. Tiveste muita graça em lhe chamar «a capa» porque é mesmo isso. Apoio a frase deixou de haver NOTICIAS de Primeira Página e sim «Títulos e fotos de primeira página». Tal e qual. O que lá está é o título, a notícia proprimente dita está escondida lá para o interior.

Anónimo disse...

Olha que já tinha reparado nisso. É quase só um boneco e um título, que desperdício de papel!!!

josé palmeiro disse...

O "raphael" tem toda a razão. Outro dia escrevi, na sesta, sobre outras leituras, e nenhuma das notícias que referi, estavam na primeira página. É a tendência para a supremacia do visual, sobre o conteúdo. São, na verdade "CAPAS".

Anónimo disse...

Que engraçado tambem já tinha reparado nisso mas nunca o tinha expressado. Faço minhas as palavras do Raphael, é nestas coisas que eu encontro o encanto do Pópulo.

Rita Inácio disse...

Raphael
Tudo muda, porque é que o cabeçalho de um jornal não pode mudar? Se até os produtos mudam de logotipos, porque não a mudança dos logo dos Jornais?

Emiele
Concordo na questão dos jornais terem deixado de ter uma primeira página, para terem capa, mas simplesmente os jornais tentam andar ao sabor do mercardo! Tentam tornar os jornais mais apelativos, porque a verdade é que com a internet o numero de exemplares vendidos decresceu,... as revistas cor-de-rosa sobem , os jornais descem, e isto explica muita coisa que se passa em Portugal! Se está correcto ou não?! Se calhar não está, deixamos de ver as noticias importantes na 1ª página, deixamos de ter jornais, para ter revistas informativas,... mas olhes para o passado,... havia um jornal, seu nome "A Capital" que manteve a sua imagem, que não entrou na onda dos brindes(pelo menos não entrou com a regularidade dos outros jornais),... chegava a vários tipos de público, e o que sucedeu? Acabou!

Se calhar estamos a chegar ao fim da era dos jornais, assim como já houve a do ardina.

cereja disse...

Ritinha, entendo as tuas razões, mas...
Os jornais quando acabam (e têm acabado tantos, tantos...) não penso que seja por falta de actualização. Hoje é mais prático ver um telejornal do que ler um jornal de papel. E repara que quando foi o apogeu do jornal diário, não só não havia esta facilidade da TV como as pessoas tinham muito mais tempo. Acabavam o seu trabalho, chegavam a casa e ainda liam o jornal antes de jantar. Hoje com o emprego a horas de distância de casa, nem à ida nem à vinda há tempo! Por outro lado é também o aspecto económico - repara que toda a gente passou a ler o Destak e o Metro porque são de graça.
Não dá para comparar com uma revista cor-de-rosa por exemplo, como fazes, porque isso pode ter 'leitura' para muito tempo, não é coisa que esteja desactualizada no dia seguinte! Rende mais!
Quanto ao cabeçalho estou um pouco como o Raphael, gostando ou não da mudança, preferia que não a tivessem feito. Não imagino o Diário de Notícias sem aquelas letras góticas, não imagino o Monde ou qualquer jornal antigo de referência, com outro cabeçalho, mesmo que tudo o resto mude.
Mas isto é só uma opinião.