Mulher

Mais um «Dia de Mulher» e temos a sensação de que está tudo dito. Reli o que escrevi aqui no Pópulo faz hoje um ano e apetecia-me fazer um «auto-plágio» e voltar a escrever aquilo tudo. Porque penso que tudo se mantêm na mesma: dois campos distintos de quem considera que existir um Dia para metade da humanidade é absurdo e ‘menorizante’ para essa metade e, pelo contrário, quem considere que dado a descriminação que existe este é o meio de chamar a atenção pela ela.
Voltamos a pensar que em Portugal se tem trilhado um grande caminho, e olhando para trás podemos sorrir – estamos bem melhor do que há umas dezenas de anos! Mas quando se vê o país no seu conjunto, e se compara as oportunidades de qualidade de vida entre homem-mulher, confirmamos que o caminho que temos à frente é ainda muito comprido. Eu acredito que já se mudou muito da antiga mentalidade, as diferenças não são assumidas com a naturalidade que eram dantes e, sobretudo entre gente mais jovem, já há a noção de que as obrigações, direitos, deveres, deveriam ser iguais. E o pensar-se isso, mesmo que na prática não aconteça, é bom. Quero eu dizer, que se o trabalho doméstico recair na mulher, pelo menos o marido fica com alguma má consciência… É alguma coisa. Contudo se isso é a nível ‘doméstico’ chamemos-lhe assim, do ponto de vista patronal a coisa continua complicada: a mulher é ainda a primeira a ser despedida, e ao ser admitida no trabalho sofre um inquérito a nível pessoal que não se utiliza para os homens (se tem filhos, ou até se pensa engravidar).

E, é claro, que estamos a pensar em termos de Primeiro Mundo, porque se formos para a África ou Ásia então a mulher é ainda um ser humano de segunda classe.
Portanto falta ainda muita luta, muita paciência, muita força de vontade para se conquistar essa igualdade de oportunidades em todo o Mundo.
Por cá, hoje vamos receber algumas flores, e não tenho nada contra isso…