quinta-feira, março 01, 2007

A «moda» de se bater nos professores

Eles queixam-se e têm razão. Há situações inacreditáveis, que nem entram na cabeça de quem tivesse frequentado uma escola há apenas umas dezenas de anos! Aliás, o facto de se ter criado uma linha telefónica tipo «SOS professor» é esclarecedor… Pelo que vamos sabendo essa linha é bastante utilizada por professores assustados e sem saber o que fazer.
Enquanto por um lado as DRE vão dizendo que as escolas onde se passam cenas de violência não são violentas (e até acredito, se houvesse um pulso muito forte para com esses elementos descontrolados, a escola como comunidade escolar poderia voltar ao seu normal)
Desta vez parece que a
DREN se zangou. Achou que as coisas estavam a ultrapassar os limites. Também me parece porque os casos multiplicam-se: É um avô que vai bater no professor do neto, ou então é a mãe de uma aluna que vai bater na professora da filha e isto é apenas aquilo que a imprensa vai contando… Acredito que haja muitas outras situações que nem sequer chegam a público e portanto «olhos que não vêem coração que não sente»... E também, de vez em quando, vamos sabendo de casos onde até se chega ao ponto de serem os alunos, a alguns bem jovens, a agredir fisicamente os professores! Parece uma onda de violência descontrolada que inunda a nossa vida, para além do bom-senso, para além das normas de convívio que durante anos – diria até séculos! – foram consensuais.
Afinal quem diria que este cartoon da Mafaldinha deixaria de ter graça por já não ser um absurdo?

11 comentários:

Farpas disse...

Neste momento existe uma grande falta de respeito pelos professores, e mesmo assim eu acredito que não é principalmente da parte dos alunos mas sim dos seus pais! Se a situação já vinha a piorar, o clima que foi gerado por declarações de responsáveis pela educação em Portugal só veio dar os motivos que muitos esperavam... é triste ver o que se passa... como é que os alunos depois podem ter respeito pelos seus professores se em casa lhes é transmitida esta agressão pelos pais?!?... Os pais têm de se convencer que também têm de educar os seus filhos, essa tarefa cabe-lhes mais a eles do que aos professores! No ano passado o meu pai (também professor) teve uma discussão com um pai porque o filho era mal educado para os professores, funcionários e colegas, o pai foi chamado e simplesmente disse que não podia cuidar dele porque "tinha de vergar a mola" (trabalhar)por isso é que o mandava para a escola, ao que o meu pai perguntou o que é que ele achava que os professores estavam a fazer na escola? Estão a trabalhar! No entanto os meus pais também me educaram a mim e ao meu irmão!!... Na 3ª Feira na rádio ouvi um psicólogo infantil que publicou agora um livro sobre o assunto a dizer que uma agressão de um aluno ou familiar a um professor (na condição de professor) era comparado com uma agressão a um polícia na via pública, eu não podia estar mais de acordo... algo vai mal... muito mal!

JustAnother disse...

O meu pai tambem e professor e as historias que ele conta sao, absolutamente, inaceitaveis. Principalmente para com os professores mais jovens, inseguros ou inexperientes.

E concordo com o farpas, que o problema esta, em grande medida, no facto de os pais se desresponsabilizarem e demitirem do seu papel de educadores. A escola nao e um sito onde podem "largar" os filhos para que outros os aturem!

Entre pais que nunca aparecem na escola, excepto quando ha problemas disciplinares que envolvam os seus "anjinhos" e ai, "Aqui d'El Rei!!!" que ninguem se atreva a criticar a prole e pais que nem sequer nessas circunstancias aparecem, temos metade da populacao escolar... pelo menos na escola onde o meu pai lecciona.

Anónimo disse...

Pois é estamos todos de acordo,só que quem envia estas mensagens de educação ou falta dela estão bem posicionados , acho que nada acontece por acaso... pareço um bocadinho maquiavelica, mas não sou. Gostei de recordar a rebeldia da Mafaldinha

Anónimo disse...

Foi bem apanhado a graça da série Mafaldinha, porque realmente podemos dizer que agora as mudanças estão a ser radicais.
É cocante, no mínimo o que se passa. Que a linha de SOS tivesse de ser criada e que seja tão usada.
Os testemunhos do Farpas e da Tuxa, são excelentes porque vem de alguém que não é nem aluno nem professor, mas vive de perto a situação.

Anónimo disse...

Estou numa posição ingrata para comentar, isto porque, sendo pai, já não tenho filhos em idade escolar e sendo avô, ainda lá não chegaram, pelo menos aos graus, onde o relatedo aconteçe. No entanto, enquanto cidadão, marido de uma educadora infantil, na situação de reforma, eu e ela, não quero deixar de dar a minha opinião, sobre o assunto. è uma facto, que tudo deriva da sociedade que nos foi imposta, e os filhos, são para uma grande maioria um empecilho, para os quais, não há tempo nem de olhar. Depois vem a escola, onde há Professores e professores, Directores e directores, e só tem havido, ministros e ministros, de forma que o resultado é este. Já agora deixem-me referir uma estrutura que reramente actua, e quando o faz, fá-lo de forma inconsequente, refiro-me às associações de pais, que, por norma só vêem de um lado, contra a ESCOLA, falo, com alguma propriedade, porque durante os anos em que os meus filhos estudaram, e foram três, sempre pertenci a essa estrutura, e orgulho-me disso, pelo que fiz e pelo tempo que lá dispendi, que foi um ganho e não uma perda. Haja coragem de assumir as competências que cada um tem e exercê-las, de forma conveniente. Os pais não podem nem devem, demitir-se das suas funções, tal como os professores e os alunos. Que sociedade estamos a promover, com estas agressões? E o Estado, qual o seu papel? Virar os encarregados de educação, contra o corpo docente, como últimamente tem sido promovido? Oferecer uma vida de incertezas a pais, professores e alunos? Não, se queremos um MUNDO melhor vamos ter que mudar, assim, não vamos lá!

cereja disse...

Sabem que eu agoro a Mafaldinha, e uso-a muito até para o meu trabalho. Aqui no blog é mais invulgar, mas muitas vezes vem a propósito.
Como o Farpas sabe (e a Tuxa fica a saber) também eu sou filha de dois professores. Até fui aluna deles. E nessa altura era uma coisa completamente inconcebível ser-se mal educado para um professor. Claro que lhes dávamos alcunhas, isso fazia parte da vida académica, mas que me lembre o mais longe que se ia na inconveniência era nessa coisa das alcunhas. E não dei que nem eu nem os meus colegas nos sentíssemos limitados em direitos essenciais. Para ser franca até me parecia que a vida era bem mais harmoniosa na escola do que é hoje em dia.
Depois, é claro que há coisas que se aprendem na escola e outras em casa. Aprendem até por cópia do modelo. Repara Zé, a tua mulher como educadora, com que cara ficaria se a mãe de uma menina lhe viesse pedia contas, de mão na anca e modos agressivos, de que a sua filha não tinha maneiras à mesa! Isso passou-se num infantário que eu conheço. :D Como se nem lhe pssasse pela cabeça que ensinar a menina a estar à mesa fizesse parte do seu papel de mãe.

Anónimo disse...

O comentário qe deixei no post de cima serve também para este. Aliás estes dois ligam-se tão perfeitamente que é como se fosse o mesmo em duas parte!
Devo dizer que não tenho nada com o ensino mas tenho um familiar ligado a ele (não, não, não é pai nem mãe, lol) e fico aparvalhado com aquilo que me contam. Mesmo em graus superiores de ensino, há uma arrogância e um relacionamento aluno docente sem o menor respeito. Fico de boca aberta, porque é o respeito que se exige, não direi a um supeior ou alguém mais velho, mas a cortesia que devemos ter no dia a dia com as pessoas com quem falamos.

Anónimo disse...

Bem sei que esta informação vonha no Correio da Manhã, o «nosso tabloide» mas...
Diz ali que «no ano lectivo 2005/06 houve 390 agressões contra professores em Portugal, à média de duas por dia»
É cá uma média!!!!

saltapocinhas disse...

Tinha de meter aqui a minha "colherada"...
Concordo com tudo o que escreveste e com os comentários também. Ainda ontem ouvi alguém dizer na Tv que a família é para educar e a escola para ensinar. Claro que não há uma fronteira nítida entre as duas, mas o que acontece hoje em dia é que muitos pais não sabem ou não querem educar os filhos. E acham que esse é o papel da escola!!
Por outro lado temos a ministro e os seus lacaios (vulgo secretários) a meter mais achas na fogueira contra os professores! E como se não bastassem, ainda temos os "colunistas" como o execrável Miguel S. T. a mandarem postas de pescada sobre o assunto.
enquanto não houver RESPEITO nada se resolve. É por isso que eu gosto da minha escola pequenina de aldeia e jamais mudaria para a cidade! Há gente meia lerda, mas ainda há respeito pelos professores!

cereja disse...

Olá Raphael, King e Saltapocinhas (tinha cá um pressentimento que este post chamava a tua atenção..)
Pois. É interessante que estamos de acordo, e se formos por aí a falar com outras pessoas encontramos muita gente a pensar como nós. Mas depois... é o que se vê! Creio que em parte é porque como disse no post de cima (é dois em um, realmente, Raphael)os pais não conseguem ter mãos nos seus rebentos.

josé palmeiro disse...

Deixa-me voltar aqui para dizer uma coisa à Saltapocinhas.
Na Aldeia há gente meia lerda, na cidade, há gente, lerda e meia.