sábado, fevereiro 17, 2007

Os voos da CIA

Eu compreendo as questões de lealdade. E acho louvável. É bonito sermos leais com os nossos amigos, com os nossos colegas, os nossos companheiros.
Também compreendo que se «o amor é cego» muitas vezes a amizade também o é. E acontece se ouvimos uma crítica a alguém de quem gostamos, nem reflectimos duas vezes e saltamos em sua defesa sem medir consequências.
Tudo isto no campo da nossa vida particular. Mas quando passamos para a vida profissional a medida costuma ser outra. Se nos dizem que um nosso colega de trabalho, cometeu um erro que nos pode atingir não é costume dizer «isso não interessa nada, vamos tratar de outro assunto» mas sim, serenamente esclarecer o assunto, investigar o que se passou e concluir - ou é um engano e ele não cometeu erro nenhum, ou houve lamentavelmente uma asneira é uma pena e isso não se pode repetir. Porque nesse caso a lealdade é devida ao conjunto de trabalhadores e à empresa e não particularmente ao nosso colega.
O nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros não pensa assim. A sua lealdade mostra ser para com os seus colegas ministros anteriores a si, e não para com o povo que elegeu este governo, ou para com o respeito aos direitos humanos. A sua frase de que é
«a sua "obrigação" é "pôr as mãos no fogo" pelas conduta dos governos anteriores» deixa-nos de boca aberta de espanto. É que essa de «por as mãos no fogo» não me parece que seja nunca uma obrigação. Há aqui muito de contraditório porque a expressão de ‘por as mãos no fogo’ é uma defesa cega. Como é que é uma obrigação defender seja quem for sem investigar? Como é possível dizer-se que "Guantánamo é uma vergonha mas esse problema não é nosso". Numa outra medida o holocausto foi uma vergonha e não foi problema nosso…
Continuando com a metáfora das «mãos», não entendo é como se podem lavar as mãos com esta ligeireza!

5 comentários:

Anónimo disse...

Olha, sem comentários!!!!
(tá boa esta, escrever um «comentário» a dizer que não «comento»!!! lol)

Anónimo disse...

Tá boa a metáfora das mãos. Acho que primeiro põe-nas no lume e depois debaixo de água para passar a queimadura!
(há quem diga que faz bem!)

cereja disse...

Bem visto Raphael. A ordem deve ser essa, primeiro a queimadura e depois a água fria.
:D

Anónimo disse...

Que queriam vocês, em pleno Carnaval, das notícias que nos chegam do nosso querido Ministro dos NEGÓCIOS Estrangeiros?
Tal como ele, eu ponho as mãos no lume, mas com luvas de amianto, senão, queimo-me.
Só pode ser mais uma mascarada!

cereja disse...

Penso que não. Ele acha que está a falar a sério. Ou pelo menos imagina que os outros o levam a sério. Mas que é uma grande palhaçada, já toda a gente o sabe!