terça-feira, janeiro 09, 2007

Muitos milhões de crianças

Muitos.
Mais de 200 milhões em todos o mundo. Bom, quando falo em «todo o Mundo» estou a pensar numa parte do mundo, aquele que se situa na parte de baixo do hemisfério…
Uma investigação, tanto quanto se entende insuspeita, pois foi promovida pelo
The Lancet explica-nos que uma criança que até aos 5 anos viva em estado de pobreza, e se alimente mal, não desenvolve convenientemente o seu potencial intelectual.
Portanto, ele avalia que o cérebro de 219 milhões de crianças de países subdesenvolvidos venham a ter as suas capacidades afectadas a nível cognitivo, motor e sócio-emocional. O que quer dizer que já à partida, os filhos dos pobres não podem competir em igualdade de oportunidades com os filhos dos ricos. Sentem um nó no estômago? Eu sinto.
E ainda falta acrescentar mais uma pedra neste terrível monumento. É que é ainda antes de nascer que se começa a definir o destino destas crianças, porque não é apenas a má alimentação nestes 5 anos de vida, isso já começou a funcionar nos 9 meses anteriores. Uma mulher grávida que passe a sua gravidez com fome e excesso de trabalho está a gerar um bebé que não vai nascer tão saudável como outro cuja mãe tenha uma gravidez «normal». E até, numa visão implacável, dura, economicista, não se esqueçam de que também «estas crianças estão destinadas não só a ter menos educação e um menor desenvolvimento cognitivo, mas também a serem menos produtivas» dizem eles, o que vai renovar o ciclo infernal.


Parece que as fadas madrinhas imigraram todas para o hemisfério norte e lá no sul só ficaram as bruxas más.

6 comentários:

Anónimo disse...

E ainda há quem acredita em fadas!
Eu estou mais com os nossos parceiros ibéricos: Las bruxas, no las há visto, pero que las há , há!
Mas o drama está exactamente nesse circulo, espiral, não sei que lhe chamar, só sei que assim, não vamos lá , pior que isso, só caminhamos para mais e pior, do mesmo.

Anónimo disse...

É um bocado incontornável, sabes? Ninguém quer, na realidade, saber delas para nada.

Anónimo disse...

Apesar de te ter começado a ler lá de cima, a comentar começo por aqui.
Essa espiral como bem diz o José Palmeiro, é impressionante. Como que quase um fatalismo, contra o qual eu luto e me recuso a aceitar. Mas é certo - esse «destino» começa ainda na gravidez, nessas mulheres que têm filhos e filhos que depois morrem pequeninos, porque vêm sem recursos nenhuns.
E não estou agora a falar da SIDA!
'Porca miséria' como dizem os italianos!!!!

Anónimo disse...

Dá que pensar, sabes.
Afinal aqueles que conseguem vencer apesar de tudo, podemos imaginar que com outras condições seriam uma espécie de génios!!!!

Farpas disse...

Pois é o Mundo que temos, é a realidade. É assim em tudo, chega sempre um ponto da vida em que não teremos as mesmas oportunidades que outros com mais posses, e isso não se passa só nos países chamados de 3º Mundo... em Portugal há muitas crianças cujas oportunidades são limitadas desde a sua nascença... basta ler alguns posts que a Saltapocinhas escreve lá no Fábulas de vez em quando... e olhando à nossa volta... Claro que nesses países é muito mais grave, mas se calhar havendo vontade é mais fácil dar uma mãozinha a estes que estão aqui ao nosso lado do que aos que por muito que queiramos não conseguimos chegar tão bem... eu faço a minha parte, e não me custa nada, sei que podia fazer mais e lá chegarei, mas é muito gratificante fazer voluntariado. Há muitas associações que precisam de apoios, e muitas vezes nem precisa de ser monetário! Eu não dou apoio monetário porque também não estou nas melhores condições para o fazer mas desde há algum tempo que colaboro com algumas instituições ligadas a crianças com coisas que eu sei fazer e que eles teriam de pagar a alguém se as quisessem ver feitas, por vezes há ajudas simples que cada um na sua profissão pode fazer... não custa enviar um email para uma associação e perguntar!

cereja disse...

Boa, Farpas!
Já ouviste falar no Banco do Tempo? Uma vez escrevi um post sobre isso.