sexta-feira, dezembro 22, 2006

O que é a eutanásia?

Prevê-se uma nova polémica. Diz-nos o dicionário que «Eutanásia é a prática pela qual se abrevia, sem dor ou sofrimento, a vida de um enfermo incurável» e ainda distingue duas ‘versões’ - «a "eutanásia activa" que conta com o traçado de acções que têm por objectivo pôr fim à vida, na medida em que é planeada e negociada entre o doente e o profissional que vai levar e a termo o acto e a "eutanásia passiva"que, não provoca deliberadamente a morte, no entanto, com o passar do tempo, conjuntamente com a interrupção de todos e quaisquer cuidados médicos, farmacológicos ou outros, o doente acaba por falecer».
Foi isto que se passou na Itália.
Após uma luta, de quase 3 meses, pelo direito a morrer um homem que o desejava ardentemente, viu o seu desejo realizado quando um médico anestesista lhe administrou sedativos e desligou o ventilador que o ligava à vida.
Como comecei por dizer, prevê-se uma nova polémica. Não me parece que quem defende a distanásia ou seja que «devam ser utilizadas todas as possibilidades para prolongar a vida de um ser humano, ainda que a cura não seja uma possibilidade e o sofrimento se torne demasiadamente penoso» tenha muito respeito ‘pelo outro’. Terá respeito por princípios abstractos e, ironicamente, deve exigir que lhe respeitem os seus princípios. Só que ele é incapaz de pagar na mesma moeda aos outros seres humanos para quem olha fria e racionalmente.
Modos de ser. Modos de ver o mundo.

7 comentários:

Anónimo disse...

Para mim é tão claro o respeito pela autonomia do doente, que chego a ficar sem argumentos perante certas declarações que ouço.
A eutanásia passiva é que é codenável e é muitas mais vezes praticada do que o que se pensa...

Rita Inácio disse...

...concordo com a Méri! Quantas vezes se pratica a eutanásia passiva que acaba por ser uma maior crueldade?!
Emiéle! Polémica? é de certeza,... nem que seja na minha própria cabeça, ..., por um lado o olhar para alguém que deseja por fim ao sofrimento, com o próprio, e com o sofrimento de quem está ao lado dessas mesmas pessoas! Por outro lado, o medo que certas pessoas tirem proveito da Eutanásia!

Daí a minha cabeça neste assunto ser uma confusão!

Anónimo disse...

Concordo com as afirmações de meri e rita. Suspeito tambem que isto vai entroncar na nossa soft-teocracia, indo tocar na sisposição do corpo, e por ser área de investigação ---e prática--- que as igrejas temem acima de tudo ( a IVG está lá, e eles abem). fj

Anónimo disse...

Tal como pões as coisas, parece claro que em muitos casos se pratica é essa «distanásia» prolongando-se artificialmente uma vida que já acabou para todos os efeitos e que por 'egoísmo' de familiares se pretende prolongá-la indefinidamente. Estou a lembrar-me daquela mulher americana em coma irreversível, que o marido pedui para desligarem as máquinas e o que depois se disse...

Anónimo disse...

Claro que pode dar polémica (já se está a ver na Itália) mas concordo muito com o FJ e a sua expressão engraçada «soft-teocracia». Quem dará pulos de corça é a Igreja, podemos calcular. Contudo, aparentemente a 'vontade de Deus' é que a pessoa morra, 'os homens' é que lhe estão a prolongar a vida indo contra a decisão divina, né?

Mas é claro que tudo isto tem contornos delicadíssimos, e se num caso onde a vontade é tão clara como esta (dizem que ele 'adormeceu' a dizer OBRIGADO, OBRIGADO, OBRIGADO, o que é altamente comovedor) ou no caso retratado no filme 'Mar Alto', contudo pode haver casos onde a vontade não seja tão evidente... terá é de haver um debate aberto e sem tabús para se esclarecer isso tudo.

cereja disse...

Disseram vocês e é também a minha opinião, o mais importante é o respeito pelo doente. aliás sempre o RESPEITO PELO SER HUMANO. À primeira vista não parece difícil, mas é muito. Difícil que respeitemos a opinião e desejo do outro mesmo que se pense de modo diferente.

Anónimo disse...

A favor, com algumas restrições (poucas). Assisti a muito sofrimento completamente desnecessário. De quem está a ir e de quem vê os outros definharem lentamente em agonia até ao derradeiro momento. Quem acredita em Deus que acredite, os outros não podem nem devem ser considerados pela mesma bitola!