sábado, dezembro 30, 2006

Morrer à vista da praia



Todos os acidentes são tristes. Acidentes onde há mortos são tristíssimos. Mas existem ainda acidentes revoltantes!
A horrível
morte, à vista de quem assistia, dos seis pescadores que iam caindo ao mar um por um como foi contada, só pode ser revoltante.
Depois há expressões e ‘frases feitas’ que deviam envergonhar quem as diz. O senhor comandante da Capitania da Nazaré, quando afirma que «os meios foram accionados "em tempo útil"» parece estar a fazer humor de péssimo gosto. O que quer dizer «em tempo útil»?! Para além de ser obviamente ‘inútil’ a chegada que foi feita, o próprio facto de se levar duas horas para socorrer quem está em perigo de vida, é inacreditável.
Revoltante, como comecei por dizer.

6 comentários:

josé palmeiro disse...

Outra situação frequente, no nosso país, que também nos deixa com "um soco no estômago". As únicas palavras que tive para esta infausta notícia foi colocar um poema do Manuel da Fonseca, no "estounasesta", em homenagem aos pescadores que morreram e aos outros que continuam, sem condições, a dura faina do MAR.

cereja disse...

José, tal como dizes já a faina é dura, as condições em que trabalham são pesadas, ao menos que tenham algum benefício de viverem em finais da primeira década deste milénio. Mas nem isso! A demora neste salvamento, poderá ter muitas justificações, mas custa a entender como se pode levar duas horas (o tempo de ir de Lisboa a Paris de avião) a chegar ao local do naufrágio!!!!
E sobretudo o dizer que se actuou «em tempo útil» é de uma cretinice que brada aos céus!!! Morreram 6 pessoas, bolas!...
(vim agora do 'estounasesta' e achei interessante termos falado do mesmo)

Anónimo disse...

Emiéle, tanto há a dizer. Mais um assunto que dá pano para mangas. Afinal porque carga de água Portugal continua a ser ultrapassado por países de "segunda"? Porque é que em tanta coisa somos ainda tão atrasados? Porque é que se investiu tanto em imitar os meios, equipamentos e coiso e tal da série americana BayWatch e depois é o que se vê?

Como é possível um país que sempre teve uma relação próxima com o mar, não ter meios em prontidão permanente para fazer face a situações de emergência? Contenção orçamental?! Epa, são tantas coisas!!!

Quais os meios de salvaguarda da vida dos tripulantes existiam a bordo?! A embarcação tinha coletes salva-vidas? Algum insuflável? Algum dos pescadores sabia nadar? Há algum programa para ensinar pescadores a nadar e a safarem-se em situações trágicas?

Epa não me lixem! Atrasados do caraças! É só show-off, só show-off!!!

cereja disse...

Por acaso foi das duvidas com que fiquei, essa dos coletes salva-vidas. Não havia? Havia e não estavam vestidos? Porquê?
Afinal sabemos de náufragos que são resgatados muito tempo depois, vivos mesmo que em mau estado, e no meio de temporais. O insuflável poderiam não ter tido tempo de o accionar, mas se tivessem os coletes vestidos pelo menos não se afogavam...
Contudo, se a responsabilidade do armador ou lá o que seja deve existir, é revoltante a indiferença com que é dada a resposta de que «se actuou em tempo útil». Duas horas depois...? Tal como dizes, um país virado para o mar, deveria estar super-preparado para estas coisas!!!

Anónimo disse...

É como nos desastres da construção civil. Os patrões dizem que «a culpa» é dos trabalhadores que não cumprem as normas de segurança e não usam capacetes e essas coisas todas. Até acredito que haja muita gente inconsciente desses perigos, mas se os patrões quisessem mesmo, as coisas não se passavam assim. É o 'deixa andar' do costume, mas onde é sempre o mesmo mexilhão a tramar-se...

cereja disse...

Bem visto, Joaninha.
Os acidentes na construção civil é um «modelo» disto mesmo. Se por um lado há 'uns rapazes' que acham que é mariquice andarem protegidos como deve ser, o certo é que os patrões também não levam a questão a rigor.
E, como lembrou o Miguel, até há pescadores que nem sabem nadar...