Devia haver limites para o cinismo
Pode haver muitas explicações e até muito inocentes.
Pode ter tudo um mal entendido, podem ter encarregue da tarefa alguém que estaria distraído, que não entendeu bem o que se pretendia, alguém irresponsável. Justifificações poderá haver muitas e a história em si é quase um fait-divers.
Mas contada assim, dá volta ao estômago:
Algumas famílias muito necessitadas, a quem lhes teria sido prometido um «Cabaz do Natal», quando foram buscar «a oferta» viram que consistia num mini-Bolo Rei, um pequeno chocolate, figos e pinhões degradados. Parece que nas famílias onde havia crianças pequenas foi generosamente incluído um peluche e uma 'caneta' de fazer bolas de sabão.
Para quem estaria a contar com géneros alimentícios, como seria natural, foi um verdadeiro balde de água fria. «Chegou-me a chorar uma mãe com três filhos que veio de Matosinhos de propósito para levar o cabaz. Sabe-se lá bem o que aquela família terá passado na Consoada».
Se tirarmos as ditas explicações «inocentes» que referi ao começar, o que nos fica é uma enorme carga de cinismo. Do tipo «para-os-pobres-qualquer-coisita-chega» enfiam-se umas sobras num saquito e já está!
Já nem sequer falo no discutível que é um «cabaz de Natal» quando há fome o ano todo. Já essa concepção não tem nada de muito generoso e tem muito é de faz-de-conta. Contudo, sempre seria melhor do que isto. Isto é que parece mesmo estar a fazer pouco da miséria. Talvez se durante uns tempos trocassem de posição social concebessem melhor a maldade que fizeram.
Pode ter tudo um mal entendido, podem ter encarregue da tarefa alguém que estaria distraído, que não entendeu bem o que se pretendia, alguém irresponsável. Justifificações poderá haver muitas e a história em si é quase um fait-divers.
Mas contada assim, dá volta ao estômago:
Algumas famílias muito necessitadas, a quem lhes teria sido prometido um «Cabaz do Natal», quando foram buscar «a oferta» viram que consistia num mini-Bolo Rei, um pequeno chocolate, figos e pinhões degradados. Parece que nas famílias onde havia crianças pequenas foi generosamente incluído um peluche e uma 'caneta' de fazer bolas de sabão.
Para quem estaria a contar com géneros alimentícios, como seria natural, foi um verdadeiro balde de água fria. «Chegou-me a chorar uma mãe com três filhos que veio de Matosinhos de propósito para levar o cabaz. Sabe-se lá bem o que aquela família terá passado na Consoada».
Se tirarmos as ditas explicações «inocentes» que referi ao começar, o que nos fica é uma enorme carga de cinismo. Do tipo «para-os-pobres-qualquer-coisita-chega» enfiam-se umas sobras num saquito e já está!
Já nem sequer falo no discutível que é um «cabaz de Natal» quando há fome o ano todo. Já essa concepção não tem nada de muito generoso e tem muito é de faz-de-conta. Contudo, sempre seria melhor do que isto. Isto é que parece mesmo estar a fazer pouco da miséria. Talvez se durante uns tempos trocassem de posição social concebessem melhor a maldade que fizeram.
7 comentários:
Ha coisas para as quais não há mesmo explicação...
Enfim!
Que vergonha!
Com todas as justificações possíveis, aquilo não se faz! Se não dessem nada, pronto, não davam nada. Mas daram uma esperança de que podiam comer à vontade uns tempinhos e mandarem-lhe com um bolo-rei, é realmente fazer pouco!
Toda a história e profundamente farisaica. Isso de «dar comida» uma vez no ano já brada aos céus. Mas a dita comida ser o mini-bolo-rei...
Como disse agora a Joaninha até parece que andam a gozar com as pessoas...
É isso. E expressão farisaica é que bate certo. Chamei-lhe cinismo mas não é exactamente, é mais requintado.
Como disse a Joaninha, seria mais correcto não se dar nada. Se a coisa se passou como contam é revoltante.
Já está tudo dito, e a síntese de joaninha parece-me perfeita. Mas , já agora, gostava de saber quem foi o promotor: estado, igreja, algum "benemérito"? Tem sabor a igreja, mas tambem alguem do estado podia ser o promotor; as misericórdias são do âmbito da igreja, claro. fj.
Lembra-me a "Sopa dos pobres", que se fazia, na minha terra, no dia de Natal, com uma diferença, nesse dia comiam à fartazana, o pior era durante o resto do ano. Isto era à cinquenta anos, o 25 de Abril, ainda vinha longe, aliás o contrário de agora, que vai estando cada vez, mais longe.
Terceiro-mundista.
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