quarta-feira, dezembro 27, 2006

Cada terra com seu uso

...apesar da tendência para pensar que «os nossos usos são melhores».
É normal. Aquilo que conhecemos desde sempre, desde que nascemos, nem precisa de explicação: «é assim por que sim!» e não se pensa mais no assunto. Quando ouvimos falar de um modo de pensar ou agir diferente, toca uma campainha e algo nos incomoda.
As «pompas fúnebres» é um caso desses. Varia mesmo muito de local para local. Mais discreto nuns casos, mais vistoso noutros. Quando comecei a ver os «Sete Palmos de Terra» fiquei fascinada pelos rituais que os norte-americanos apreciavam, tão diferentes da discrição que usamos cá, pelo menos na actualidade.
Só que, afinal, aquelas cerimónias tão ‘sociais’ que eu tinha visto nessa famosa série, não são mesmo nada ao pé do que se passa
em certas regiões da China
Como o que interessa é que o funeral tenha muita gente, quanto mais gente maior é a homenagem ao defunto, aquilo torna-se um verdadeiro espectáculo: música, teatro, ópera e até "striptease”.
Ficamos a saber que «muitos grupos de teatro já se especializaram neste segmento de mercado rentável», até porque constante. Mesmo que espectadores pagantes diminuam, defuntos há sempre!

11 comentários:

Anónimo disse...

Emiéle, a notícia em si dá para rir e chorar em simultâneo. É preocupante, coitados. Mais uma constatação da triste realidade do Império do Meio...

Alda Serras disse...

Não era na China que faziam espectáculos de stip nos funerais?

cereja disse...

É, é!
Nesta notícia refere exactamente isso. Eu realcei mais os «outros» porque de qualquer modo é interessante, aproveitar ir a um funeral de alguém que não se conhece para aproveitar ir de graça ao teatro...

cereja disse...

Miguel, aquela terra é uma grande confusão! Comparado com o que foi, há 100 anos havia escravatura ou coisa parecida, andaram imenso, mas há muito caminho a andar...

Anónimo disse...

Tal como disse o Miguel é de rir e chorar. Porque mesmo que não se queira é muito chocante imaginar-se que para aproveitarmos uma diversão se vai a um funeral..
Fogo!!!

Anónimo disse...

Querida Emiéle, embora por vezes não pareça lol considero-me bastante de esquerda, embora não comunista. A mim, o que mais me choca, constituindo a China mais um claro exemplo, é que quem se lixa sempre é a maioria. A fórmula mágica "um país, dois sistemas" é um logro. Tu viveste na área e eu também por lá andei em 1994. Já na altura chocou-me o constraste entre os que tinham - já os havia na altura na República Popular da China - e os outros! Não sei se estiveste alguma vez no White Swan Hotel em Cantão? Na ilha?

Andou-se muito? Sim, é bem verdade. Muito mesmo, acredito que sim e em ti porque nisso saberás muito mais do que eu.

Mas choca-me. Choca-me que se realizem cruzeiros chineses a partir de Xangai em que a bitola para se ir nele era ter uma fortuna pessoal superior a $250.000. Na China?! E os outros? Os que ainda comem arroz e sei lá mais o quê? Os que ainda passam mal? Os que ainda não têm emprego? Os que não têm fim-de-semana? Nem folgas? Nem férias? Nem horário? Que vivem em condições deploráveis? Os que têm que ir aos funerais para assistir a espectáculos eróticos porque, porque, porque...

Epa, olha tive a sorte de viver em Moçambique a passagem do regime marxista-leninista com economia planificada para um regime democrático com economia de mercado assente no capitalismo selvagem. Em Angola estou a viver diversas mudanças "radicais". E depois, depois olhas para os outros. Os que não tiveram culpa dos czares e ditadores, os que não tiveram culpa dos regimes marxistas-leninistas mal implementados, os que não tiveram culpa do fim destes todos e os que não tiveram culpa de não saber sobreviver num ambiente de concorrência selvagem onde só vive quem tem!

Enfim.

cereja disse...

Miguel, o meu post era assim a modos que a brincar, apesar de ser um sorriso dolorido. Tu «fizeste a linha» para um tom bem mais sério e ainda bem. Porque, como dizes, há coisas que não nos entram na cabeça.
(estive no White Swan, sim senhor, antes de ti; lembro-me de dizermos uns para os outros que ali estava o 'luxo asiático')
A miséria que se vive é impressionante, de facto. os 'horários de trabalho' (que é isso???) só para brincar. Quando estive em Macau os chineses só paravam de trabalhar 3 dias por ano - no Ano Novo Chinês. De resto NUNCA paravam! E comiam «tudo o que mexe» como se dizia de brincadeira, mas uma brincadeira muito amarga. E via também (isto em Macau) carros de super-topo-de-gama. Vi um Ferrari por exemplo, ainda estou para saber para andar onde porque em Macau não havia espaço...
Se digo que se avançou um pouco, é porque conheci pessoas cujos avós tinham sido mesmo uma espécie de «servos da gleba» lá na China, daí eu falar em 'escravatura'... Contudo não entendo como é possível como dizes e eu já tinha ouvido, nessa sociedade haver fortunas dignas de qualquer país capitalista. Onde está a diferença...???

Anónimo disse...

Bom, eu vinha brincar por causa do strep-tease mas agora já fico atrapalhado, vocês viraram a conversa para o sério...
Agora realmente para um ocidental, ainda uma peça de teatro ou coisa assim, pode estra mais ou menos de acordo com o momento triste, um strep-tease é que... francamente...

Anónimo disse...

Sabes, claro que dá para a galhofa mas os tipos não passam de uns pobres coitados. Eu conheci o White Swan porque fiquei alojado na Pousada da Juventude que ficava mesmo em frente, a pouco mais de $10 a noite ;). Achei piada porque fiquei num quarto (impecável, com TV e tudo) com um japonês e uma asiática. Como fui sozinho, deu para andar muito a pé e de bicicleta em Cantão durante a semana que lá fiquei. Como eles não falam nenhuma língua ocidental e eu nem cantonês nem mandarim, lol, imaginas que a minha estadia foi mais para ver do que para comunicar muito. E vi bastante. Lá, em Cantão. Em Zuhai e em Shenzen. Tanto para contar e tantas fotografias que tirei ilustrando algumas realidades...

Mas já se via chineses com telemóvel (em 1994!), com BMWs e afins. E também se via gente descamisada - coisa que nunca imaginei ver por lá - com cartazes em papelão a pedir emprego...

Contrastes.

(Conheceste a Carla Carrascalão?)

Anónimo disse...

Bem... eu... sem palavras...estes gauleses,hops,são loucos!

cereja disse...

Ehehehehe!!! Neste caso «estes chineses» mas a vedade é que os gauleses também servem que afinal o que é 'diferente' é sempre estranho.
Afinal era mesmo isso que eu quis dizer no meu post!