terça-feira, janeiro 12, 2010

Quando falta a luz…

Há coisas que se sabem, sabem-se simplesmente, não se pensa dois minutos no assunto. Sabemos. Desde há muito ou mesmo desde crianças vimos que é assim. E nem se imagina com facilidade o mundo de outra forma.
Refiro-me ao que se poderá chamar «modernices». É interessante quando se tem tempo a mais ou estamos de férias, é engraçado ‘brincar’ a «uma casa na pradaria» e experimentar viver por uns tempos (poucos!) como os nossos avós. E aí acusa-se a civilização, com o facto de ficarmos ‘moles’ porque só precisamos de carregar num botão para fazer seja o que for… Pois é.
Ora bem, como todos temos sentido, tem feito ultimamente um frio do caraças. Pelo menos para uma terra como a nossa que não está apetrechada com aquecimentos centrais e mordomias dessas. Portanto, cá nos vamos aquecendo como é possível, usando roupa mais quente, com aquecedores a gás (que é um método muito bom mas o objecto ocupa muito espaço), e sobretudo com diversos aquecimentos com base na electricidade - dos ares condicionados, aos fogões de halogéneo, ou com aquecimento a óleo.
Tudo parece correr mais ou menos bem, só que as centrais não estão planeadas para tanto esforço. Portanto, já por duas vezes, passamos a noite na minha casa romanticamente à luz de velas… Toda a zona em que eu moro parece mergulhada numa escuridão de breu, nem candeeiros de rua nem nada! Búúúúú!!!
É bonito?
É.
E cozinhar o jantar, abstraindo da varinha mágica, do forno eléctrico, da picadora e do microndas? E com uma vela equilibrada no fogão (felizmente a gás!), outra na bancada, outra em cima do frigorífico?
E depois do jantar comido à luz das velas (chic) levantar a mesa sem tropeçar, levar tudo para a cozinha, e amontoar de qualquer modo para não fazer mais estragos? Porque isso de se colocar na máquina, há tempo!!!
E ir à casa de banho de vela em punho?
E voltar para a sala sem ver tv nem ouvir rádio ou música porque a aparelhagem está ligada à electricidade?
E não poder ter acesso ao computador, como é evidente.
E a própria campainha da porta não tocar e se algum amigo aparece tem de nos chamar por telemóvel?... e nós descermos as escadas todas com uma lanterna porque o botão de abrir também não funciona?
Ah, e claro que tudo isto a bater o dente porque os milagrosos aquecimentos foram, os primeiros a desfalecer...
Afinal, a civilização é muuuuuito prática!
Não me digam o contrário.

10 comentários:

Mary disse...

Pois é...
Nos filmes fica muito lindo, mas quando se passa à prática: bendita electricidade!!!!

Mary disse...

Por acaso na minha zona também tive duas panes enormes pela hora do jantar. Devemos ser vizinhas :)

Unknown disse...

uma vez por outra até é giro tenho de confessar. não sou do tempo de "uma casa na Pradaria", mas não me faz muita diferença a falta de electricidade por momentos. o problema é o frigorifico e o que se lá guarda e corre o risco de se estragar. tenho de confessar que nesses casos sou muito picuinhas.
claro que com este frio, que já farta e esta chuva que não para, nem quero pensar em não ter os confortos básicos assegurados.
a loiça, claro que pode ficar amontoada para depois, as outras coisas são mais chatas. quanto a mim só tem uma coisa boa:
é podermos deitar-nos, agarradas ao edredon, bem aconchegadinhas e deixar-mos o pensamento e os sonhos fluir até o sono chegar recompensador, até ao novo nascer do sol.
nem tudo é mau? não é?.
um abraço
silvya

kika disse...

Voltarmos ao sec XIX, ainda que por uma semana seria uma experiencia para nós citadinos, inesquecivel.
Estes bens básicos sem os quais não sabemos viver , ainda há no País quem os não tenha e
é algo que me deixa a pensar , porque entre nós e eles só distam 100 ou 200 kms
Hoje estou como o tempo...chuvoso e triste!

Joaninha disse...

Por acaso nem de propósito, vi este fim de semana o filme «Bright Star», passado há quase 200 anos! Ficamos encantados com as reconstituições. Mas de facto era uma vida mesmo dura! E nós só víamos a coisa pelo lado da burguesia...
A electricidade veio mudar praticamente tudo.

Zorro disse...

Pois eu cá sou muito comodista!!!
Uma coisa é por exemplo acampar, e aí já se sabe com o que contamos, mas estar na nossa casinha e de repente faltar tudo e estragar-se até o que está congelado no frigorífico?!!! GRRRRR!!!
Que raiva!

Zorro disse...

Mas afinal é o tal lugar comum: só vemos a importância das coisas quando nos faltam, né?

josé palmeiro disse...

O Zorro, sintetiza bem o que nos vai na alma quando estas coisas acontecem.
Habituamo-nos às coisas que nos simplificam a vida, ainda que entrem, e de que maneira, no orçamento, em vez de coisa práticas que, às vezes temos à mão, mas que não utilizamos. No meu caso refiro-me à lareira. Tenho uma que ainda não acendi porque cá em casa, ninguém sabe se é "fumosa", um pouco diferente de "famosa" e ainda não me deixaram experimentar, coisas que acontecem...
Também não temos tido assim, tão prolongadas esperas de eletricidade, pelo que não me tem feito diferença, mas um bom "lume de chão" é um remédio insubstituível para o frio e para cozinhar, se for necessário.
Quanto á iluminação, por cá, para além das velas, que até as há com letra grande, em S. Jorge, temos ainda candeiros a petróleo e lanternas de pilhas, sempre a postos, tal como rádio de pilhas e demais situações que possam prevenir um eventual desatre natural.
Sei que não vivemos numa grande cidade, onde essas coisas se esquecem, mas não deviam esquecer, principalmente aí, em Lisboa.

saltapocinhas disse...

Não sei viver sem electicidade!
A minha vida fica em suspenso quando a luz falta!
Ainda bem que vivo nesta época!

cereja disse...

O Zé Palmeiro tem razão, quando se vive numa terra pequena onde há «o costume» de faltar a luz, a gente 'organiza-se' de outra forma.
Quando estou na minha casinha de brincar onde passo fins de semana e férias, não me rala assim tanto a falta da electricidade (a não ser pelo congelador do frigorífico) Mas tenho vários candeeiros a petróleo, há a tal lareira, o rádio é de transistors, enfim, não é um drama.

Mas aqui em Lisboa!!!!
E dois dias consecutivos! Livra! Estou como a Saltapocinhas...