quinta-feira, dezembro 03, 2009

Mas que bom

Quando eu era pequenina, lembro-me de ver nas edições do Reader’s Digest muitas referências a um livro «Como fazer amigos e influenciar pessoas» de um senhor chamado Dale Carnegie, e até me recordo de um livro de capa amarela e com a foto do tal senhor, de óculos sem aros e um sorriso fixo - deveria estar a fazer amigos.
Foi há muitos anos, e como eu era criança lembro-me que andei bastante tempo a pensar como é que isso de fazer amigos se podia aprender como eu aprendia a tabuada. E nem entendia bem porque é que, se havia um método bom, não éramos todos amigos uns dos outros, porque a vida seria bem melhor.
Nunca tive resposta a este minha dúvida. Além de que a outra parte do título «...influenciar pessoas» também não a entendia, se calhar por ser pequena, mas a verdade é que se os meus pais explicaram o que era influenciar não me souberam responder para que é que se ‘influenciava’ as pessoas quando podíamos fazer delas nossas amigas que era bem melhor.
Veio-me tudo isto à memoria por ter encontrado um site que nos ensina «Truques para arranjar emprego e vingar na carreira» (como podem ver já recebeu 20.428 visitas, o que nem é nada demais...).
É que parece tão bom, tão bom, que me sinto com a dúvida de há umas dezenas de anos: de que é que se está à espera? Há para aí uns indicadores palermas a dizer que a taxa de desemprego passou dos 10% e outras coisas dessas para nos assustar. Olhem que disparate. Querem assustar-nos mas não conseguem.
Afinal é seguirmos os truques (truques?!) primeiro com um deles arranja-se emprego e depois com os outros ‘vingamos na carreira’.

Fácil! Como ir seguindo o ponteado.


(Cliquem em cima para poderem ler)

20 comentários:

sem-nick disse...

Hoje os matinais do nosso grupo ainda não apareceram :)
E a nossa Emiéle virou-sr para a ironia como faz muitas vezes! Também me recordo desses livros que davam bons conselhos um tanto ingénuos. Mas é um estilo que nunca desapareceu e hoje até se vê imensos nas prateleiras das livrarias, que nos querem ajudar de todos os modos possíveis, a maioria das vezes dizendo lugares comuns que estamos fartos de saber.
E afinal o que se passa nestas tais dicas ou truques como aqui o Expresso diz. Se virmos o link não diz nada que quem procure trabalho não faça!!! E não é por isso que ele aparece.

Joaninha disse...

O título é puro marketing, é claro.
Os conselhos que dão é de chorar, qualquer palerma sabe aquilo. Se com a varinha de condão de seguir aqueles conselhos se conseguisse fosse o que fosse, nem imagino realmente como ainda havia desemprego!
Muita ironia neste post para tocar num ponto muito quente.

Joaninha disse...

(estas técnicas que se usam nos blogues deixam-me sempre confusa; com fazes para copiar aquela parte da página do jornal, porque vê-se que não foi com scanar...)

estrela-do-mar disse...

Bom e fácil!

kika disse...

Os Americanos são peritos nesse tipo de literatura, sabem aproveitar as fragilidades para fazer negocio!!É o que eu penso, mas como a Emiele é psi, ninguem melhor que ela para nos explicar isso, e cá está com a sua ironia, como disse o sem-nick!!!

Mary disse...

Desta vez foi com o Sharkinho que emparelhaste no tema. Ele escreveu assim e tem piada cada um de vocês num modo de escrever característico. Tu gostas de rodear o tema e puxar para a ironia, mas os números estão aí.
São precisos muuuuuuuitos truques e não é dos que o governo anda a magicar.

Anónimo disse...

Como disse a Kika, a habilidade desses escritores, iniciados como lembrou a Emiéle por o famoso Dale Carnegie, (precursor disto tudo porque o homem nasceu ainda no século XIX!) é ganhar o seu com as inseguranças dos outros. :)
De resto muitas das coisas que anda a fazer o governo são cortinas de fumo ou o adiar os problemas. Já é a segunda vez que o governo tem a ideia de estágios nos serviços públicos para jovens licenciados. Foi há uns anos e repete-se agora. Mas é adiar um problema. Para o ano, estes que podem agora sentir-se ocupados, voltam à estaca zero! E mais velhos, o que quer dizer que cada vez vão ser mais olhados de lado pelos patrões.
É mesmo difícil.

sem-nick disse...

Mas se aquele artigo teve muitas visitas olha que muito mais tiveram os sobre a gripe, e sobre as alterações climáticas.
O que pode querer dizer que afinal não se acredita lá muito nos resultados dos conselhos...

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Pois, Emiéle, já há muito esses “artifícios” te fazem pensar - nota-se bem pela pessoa que mostras ser…Penso, também, que quem te visita é sensível à retracção das ideologias de cunho social pela ascensão do individualismo e assim - o “sucesso”- profissional e não só tem vindo a ser bandeira veio-me à memória os anos 80 – geração “yuppie” - “ atingir-se o sucesso” - que Cavaco tanto falava e que o meu filho na altura não se revia em nenhum dos caminhos apontados para lá chegar e sentia-se um pouco excluído dos seus pares, talvez, faltou-lhe: adquirir esses livros com fórmulas mágicas, ter recorrido a consultores de imagem e, ainda, a um formato infalível de currículo, há centenas deles...
Em suma, para além de tudo isto, faltou-lhe, também uns pais que não fossem tão idealistas ao ponto de pensarem que a “essência” seria sempre o que iria prevalecer mas pelo andar da carruagem vejo que me enganei. Mas, confesso, já à minha filha do meio, no último ano do curso, ofereci-lhe um livro sobre como redigir um currículo com êxito, bolas uma mãe não é de ferro;)) Talvez tenha derivado um pouco do cerne da questão do post, mas penso que está tudo ligado e por isso não me admira a crescente criação/edição de produtos e até de cursos para o efeito – sucesso garantido para os seus criadores -no desespero de alcançar um emprego não faltarão consumidores à espera de um milagre…

André disse...

Desse senhor Carnegie lembro-me de uma estratégia empresarial chamada de eixo piramidal (acumular/influenciar/acumular). Um charlatãozinho/zão que influenciou muita miudagem (também o era) da minha geração, miudagem essa que pensava poder enriquecer depressa e bem (ideia mirífica; enfim, alguns acabaram em sucateiros...)...
Eu, influenciado por pais de esquerda, movido por uma visão crítica da riqueza pela riqueza, ria-me da credulidade dos meus compinchas e dos que conheci/conheço houve alguns que conseguiram arrecadar à época uns 60/70 contos (fortunas!). Parte deles deram em consumidores, não de artigos de luxo mas de artigos de lixo, se é que me faço entender...

Agora há para aí uma geração, que anda pelos 22, 26 anos, que é a geração Herbalife; o sistema é mais ou menos o mesmo e, segundo me contaram alguns desses jovens (já não tenho cartão jovem há 6 anos) com que falei o guru é o tal sr. Carnegie, o tal do fazer amigos :)

Entre fazer AMIGOS e fazer DINHEIRO qual é a diferença afinal!?
- Alguns até matam os primeiros para alcançar o segundo!!! Tá tudo relacionado e VIVA O SENHOR CARNEGIE!!!!!

a glória do vulgar disse...

não terá sido por ocupar o lugar vazio da magia e/ou da religião que a psicologia pop(ular) foi capaz de crescer a ponto de se tornar na base de uma imensa indústria internacional? a indústria conhecida no mundo anglo-saxónico como a psi pop industry...

silvya disse...

AH!mais um tema interessante e que dá pano para mangas, como se costuma dizer.
não conheço esse sr. Carnegie. nunca tinha ouvido falar dele, mas na verdade como já disseram isso acaba por ser marketing.mas enquanto ouverem pessoas que acreditem que se pode ganhar e amealhar muito dinheiro,á conta desses conselhos, só vão contribuir para a riqueza dos que escrevem esses livros de "auto ajuda".não precisamos de ir muito longe, basta lembrar aqueles fulanos que escreveram "o Segredo"
houve imensa gente que comprou o livro, e quando vieram a portugal fazer a conferência no Pavilhão Atlântico, aquilo esgotou. e os preços eram de € 25. por pessoa. se pensarmos que houve famílias de 4 e 5 pessoas a pagar, é só fazer as contas.
em Portugal também há quem escreva livros para enriquecer...
um fulaninho muito novo escreveu um que se chama: Como ganhar o seu 1º milhão"! eu só me rio. desculpem-me mas para mim, é demais. como é possível...
mas é sempre muito útil ler este blog. já adquiri mais um conhecimento: o Sr. Canergie.
quanto ao trabalho...onde está ele?
só promessas, ou como naquela canção dos Aquaviva, Paroles...
até logo
cleopatra

Miguel disse...

Ó Emiéle, eu não vi dessas coisas quando era pequenino lol. Vi na universidade, nas mãos de alguns colegas, e fiquei com os cabelos em pé. Pior, nunca mais olhei da mesma maneira para os colegas. Funcionou como um íman invertido! Sou um incondicional do verdadeiro, do genuíno, pelo que tudo o que lhe seja contrário vejo-o como algo perverso. Adiante...

Como disse a Kika e corroborado por outros companheiros de "luta", este tipo de "escritores" tem a sua clientela e tem feito a vida à conta desta. Sejam eles escritores, oradores para plateias sequiosas da fórmula milagrosa, inventores de religiões à medida, o que quer que seja que nada resolva a não ser os bolsos dos seus "inventores".

Também gosto muito destes "truques para arranjar emprego e vingar na carreira". Faz parte dos tempos modernos. Nunca li nada disso. A mim sempre me ensinaram que para se ter maiores probabilidades de conseguir algo na vida, só com muita dedicação e esforço. No pain, no gain! Assim me diziam. Valeu a pena. Claro que há outras opções, para além destes truques, como por exemplo: cunhas, "sorte", dormir com a pessoa certa, etc...

Quanto ao desemprego, há fórmulas para atenuar o problema. Mas não num sistema neo-liberal selvagem...

Zorro disse...

Tão interessante, apesar de isto aqui ser uma pequena comunidade de pessoas que quase se "conhecem" :p, também se nota uma pequena clivagem de idade. Essa famosíssimo livro que viu a luz há 70 ou 80 anos imagino, era realmente o precursor daquilo que agora até inunda as bancas das livrarias. E entendo o que a Emiéle diz, ensinar a «fazer amigos» apesar de ser um tanto esquisito porque depende de pessoa para pessoa e de nosso bom senso, ainda vá. Mas «influenciar» (hoje devia dizer-se 'manipular' que é um termo mais actual) é o busílis.
E, claro que agora há para aí montes de publicações a apanhar a maré do nervosismo com que se anda. O formidável é que isto é do próprio Expresso!

kika disse...

Cheguei aqui dei uma vista de olhos e deparo-me com a frontalidade do Miguel " dormuir com a pessoa certa". É que ele tem razão!!! Dei uma boa gargalhada, como não podia deixar de ser!!

josé palmeiro disse...

Eu ontem, não cheguei, nem a tempo, nem a horas, simplesmente, não cheguei.
Hoje deparei-me com todo aquele rol de comentários e com um muito especial da GV que resolveu dar uma aula de chinhês, a todos, mas muito especialmente ao FJ. Pouco se me dá que sejam uns ou umas, uma vez que eles próprios, assim o desejam.Mas, dizia eu, ontem, meti-me ao caminho e aí vim eu, até ao Alentejo, pois tinha por lá umas coisas a fazer e aproveitei para dar um abraço ao meu médico de família e de família proque é, acima de tudo, meu amigo o que lhe confere um título muito especial. Logo fui aos SNS, e fui muito bem recebido e atendido.
Nem de propósito, a minha mulher a semana passada, sentiu-se mal, doía-lhe a garganta e, ela que nunca tem febre, coisas das mulheres, tinha uma pontinha, o que a alertou e fez ir ao médico, não de família porque nós no Algarve, nã temos, médico de família, mas foi a uma clínica privada. O médico viu-a e disse-lhe para ir ao Hospital para fazer um TAC, assim aconteceu e assim fez. Daí ao resultado, foi um foguete e, tudo bem, despachou-se, num repente.
Conclusão: nem todos os SNS, são iguais, uns funcionam, outros não, depende das vontades e da sorte de cada um.
Mas, divergi um tanto ou quanto e volto à estrada, pois resolvemos, seguir viagem e só parámos no Porto, pois decidimos vir visitar os netinhos. Coisas de gente reformada...
Essa dos empregos fáceis, onde é que eu já ouvi e vi isso?
Sim lembro-me bem das Selecções, logo o Expresso, hoje, nada trás de novo e a resposta a isso está na "sesta", datada de 1836 e escrita por um vulto, chamado Karl Marx. O que ele foi, não sei, sei que o seu pensamento se aplica aos dias de hoje que nem uma luva. Se teria algum remédio para a crise, não sei também, mas que dava jeito, tê-lo por cá, isso dava, porque dizia coisas, que ainda hoje são certas.
Certamente alguém as não soube "traduzir" ou entender.

josé palmeiro disse...

Quando disse 1836 queria ter dito 1867.
Esquecia-me de referir, o S. Gabriel já está no cais de Ponta Delgada, na "sesta" digo mais.

cereja disse...

José Palmeiro conseguiste comentar dois posts num :) Economia, heim?...
Mas tens razão quanto ao SNS, não se pode medir todo pela mesma medida, mas o certo é que escrevi aquilo porque mesmo 'eles' chamavam a-tempo-e-horas consultas urgentes que poderiam levar 2 meses!... Mas às vezes até no interior se tem boas surpresas, sem dúvida.

Hoje, realmente decidi brincar com estas receitas de banha de cobra. Como disse o Miguel, a sério, a verdade é que 'para se ter maiores probabilidades de conseguir algo na vida, só com muita dedicação e esforço'. Ou seja, sem trabalho e interesse por aquilo que se faz, não chegamos lá, por melhor sorriso que se faça. Ou, claro, com bons padrinhos. Mas por aquilo que oiço têm de ser uns fabulosos padrinhos, porque cada vez mais a pequena cunha está ultrapassada.
Pois é, Maria, a gente procura educar os filhos de acordo com os valores que nos parecem correctos. Mas às vezes fica-se a pensar o que falhou para terem verdadeiro sucesso.
Cleópatra, tens razão essas receitas de ganhar o tal milhão ou a sorte grande, deixam-nos sempre a pensar se os autores já serão assim tão milionários como isso... Sem a venda do livro, claro.
Mary, vou espreitar o Shark. Hoje nem tive tempo pata visitas...
Kika, a origem é americana decerto mas creio que a semente já anda espalhada por ai :)
GV - psi pop industry, isso mesmo. Aliás a magia e o sobrenatural estão o mais na moda possível, vejam as séries da tv sobre esses temas, são às pazadas!

Miguel disse...

Emiéle! Não vais acreditar ahahahahahah! Imagina lá que livro é que vi hoje nas mãos de uma funcionária da Total, aqui em Luanda?! ADIVINHA?! AHAHHAHAHAH Já bem usado, o grande "Como fazer amigos e influenciar pessoas", com capa laranja. Nem queria acreditar...