sexta-feira, novembro 13, 2009

Sinais exteriores de ….

Li ontem na Visão um fait-divers(zinho): um inglês ganhou o euromilhões depois de insistir em jogar durante 12 anos. Ganhou cinquenta mil milhões de euros. Muito dinheiro, heim?! Os planos que confessou ter foi: fazer uma viagem e … comprar um carro novo, porque até ao momento só tinha tido carros em segunda mão. Um carro novo?!!!
Noutra secção da mesma revista, fala-se de desemprego no vale do Ave, uma terra de miséria mas onde o representante da Porsche, em dois meses realizou o objectivo de um ano inteiro, reconhece que tem vendido que se farta. Porsches, atenção, não é qualquer coisa.
Todos nós sabemos que em qualquer concurso de tv, se o prémio recebido for ‘razoável’, o premiado explica logo que o que vai fazer com o dinheiro é «comprar um carro».
Mesmo na roda dos nossos amigos, sabemos que se a conversa for sobre o que se faria com a sorte grande, a maioria totalidade dirá logo «comprar um carro» e, claro que se a sorte for mesmo grande, também pagar a casa é claro… Mas a ideia do ‘carro novo’ brilha com uma luz especial, é a primeira ideia que ocorre.
Não, eu não sou diferente. Incluo-me nesse grupo, não estou a criticar nada. Se escrevo isto é para reflectir em conjunto convosco porque é que o automóvel nos atrai como um íman. E ainda mais quando ele se banalizou tanto que há famílias com vários, quase vemos um para cada membro da família… Será porque as distâncias hoje também são maiores? Ou porque se deixou de andar a pé? Ou porque os transportes públicos levam muito tempo? Ou porque ‘todos têm’? Ou porque nos dá mais liberdade de movimentos?
É claro que pode ser tudo isso junto e talvez o resquício do tempo em que ter um carro ainda era um sinal exterior de riqueza. O que explica alguns casos onde se vê um automóvel à porta a brilhar como uma estrela, e o interior da casa dos donos é de um desconforto e desleixo inacreditáveis. Só que isso não chega. Os sinais hoje em dia são outros como todos sabemos. Não é por se ter carro que se é rico ou não (mais rico é andar sempre de táxi, olaré !) e aquilo até é uma fonte de arrelias muitas vezes.
Mas é assim. Perante um dinheiro inesperado, a malta trata logo de melhorar o seu carrito.
Será um bom negócio ter um stand de automóveis…?

Começa-se assim, com o primeiro carro.

17 comentários:

Anónimo disse...

eu mandava tudo á fava!!




(e comprava um carro, um "avião") :D

Joaninha disse...

Começa-se assim, pois!
Como um brinquedo. E depois continua a ser o brinquedo dos grandes. Um tanto mais dos homens do que das mulheres - nós vamos para coisas mais práticas, que nos transportem e se arrumem com facilidade. As «bombas» é mais com ELES...
Mas hoje já deixou de ser uma questão de estatuto, como dizes. quando muito ausência de estatuto quem o não tem. E quem não tem é quase porque assim o decidiu, há carros em segunda mão por preços irrisórios - claro que depois fazem a fortuna dos garagistas...

Joaninha disse...

E olha que mais do que os stands de venda, são os garagistas que fazem dinheiro. Anda-se lá sempre, e a hora é bem cara!

josé palmeiro disse...

Tem piada, nestes já longos, quarenta e três anos de carta de condução, só por uma vez, tive um "carro novo",
foi o meu segundo.
Esse carro que passados anos vim a encontrar em Lisboa, serviu-me para obter dinheiro para pagar as passagens marítimas, para Moçambique, da mulher e do filho, entretanto já nascido. Daí para cá, só carros em segunda, ou qualquer outra, mão.
Para mim, são uma utilidade e só servem enquanto iso, não os venero, mas goto deles e, acima de tudo, que me transportem para onde eu quero e quando me apraz. Não os consigo ver de outra forma.
Falando do Vale do Ave, é significativo que, numa zona em que a miséria grassa, haja uma franja dos que se governam com a desgraça alheia e se pavoneiem com os seus belos carros, sem sequer se importarem com as situações que os rodeiam, a não ser que os afoguem, também.

josé palmeiro disse...

Passou-me por completo, falar da foto com que ilustras o teu escrito. Uma autêntica maravilha!!!

Zorro disse...

É a corrente. Não dá remar contra ela, só que como hoje sabemos o tal sinal de riqueza não será a porcaria do carrito e sim carro com motorista! Isso sim!!! Ou como dizes, andar sempre de táxi! (ter um número certo para ele aparecer num minuto onde nós precisamos, isso é que era!!!)
E, curiosamente, a malta mais rica, agora opta pela mota. Para já digo que é malta mais rica porque um brinquedo daqueles é bem caro, depois porque a deslocação é muito mais fácil, só se para nos semáforos, e a arrumação também bem mais fácil.
.....
Evidentemente os acidentes também são mais fáceis. :)

Zorro disse...

Mas deixa-me pensar: um porsche não é carro para se andar de motorista, pois não?
Lá se me vai a teoria!!!

Mary disse...

Mas tem algum mal?
Também quero um carro novo, buáááá!!!!
E já agora a sorte grande, é claro!

Anónimo disse...

Eu detesto conduzir. E, fazendo as contas do lado de cá, ficou mais barato contratar os serviços de um taxista a ser pago mensalmente, do que manter um carro. Meu marido tem o dele que usamos aos finais de semana.
Então, quando pensamos em dinheiro extra entrando em caixa, nào pensamos em carro, mas em viagem! :)

beijinhos

kika disse...

O carro não me atrai, embora goste dum bom e bonito carro, obviamente, mas a minha prioridade era uma volta ao mundo, seguida de um bom cruzeiro para descansar!
Não pararia mais de viajar!!!
E mandava tudo á fava tambem:)

silvya disse...

hummmmmmmm, comprar carro novo e caro de preferência, não é?
quando era miúda, chamava-se a isso aumentar o "Status Social". mas a verdade é que não conheço muitas pessoas que resistam a possuir um bólide, e quanto mais e exuberante melhor.
eu pessoalmente não conduzo, e gosto de andar a pé.E claro, utilizo os transportes publicos. É agradável sentar-me num carro bonito, cheiroso e simpático, também dá gozo, mas nem sempre dá, não é?
quanto ao bólide a brilhar à porta e em casa estar tudo sujo...infelizmente é uma realidade, porque se muita gente não respeita a rua, que é a casa de todos nós,como se vão preocupar com aquela onde moram?
quanto a mim, se me saísse essa "massa" toda, fazia como a Elle: mandava tudo a fava...e dava uma volta ao mundo.
cleopatra

Anónimo disse...

OK, OK, OK!!!
Aqui a questão não é tanto dos carros mas das estradas. Claro que também eu sonhava com um porsche, um ferrari, uma coisa dessas e depois o que fazia com ele? Andava 10 minutos de Lisboa a Cascais e voltava?....
Essa coisa de que o carro dá mais estatuto do que uma casa bem mobilada, é óbvio: o carro todos podem ver e a casa só quem lá entra!!!! Como é o ditado? Por fora cordas de viola por dentro pão bolorento!
Mas está bem observado a falta de imaginação de muita gente porque o mais longe que vai quando deseja uma coisa é o tal carro. Ou quem não diz isso é porque 'descansa' no carro do marido, do filho, da irmão, do namorado (ou o outro género, apesar de ser mais raro um gajo não pensar num carro)
Palmeiro, o caso do carro novo é que pode ser um pouco mais garantido. Podemos ter uns anos de descanso, onde de um modo geral não acontece nada. Claro que a desvantagem é a desvalorização. Eu tenho um que «começou» por ser novo :)
Tive sorte, não tive nenhum problema, mas...

sem-nick disse...

Desencantaste uma foto bem engraçada. Carrinhos destes, a pedais ou lá o que é, não poluem nadinha!....
De resto, como disse o King é nadar contra a corrente, o carro veio para ficar e mainada! Mas tem a sua graça ainda ser um símbolo. Como reparaste é o ponto de aspiração de quem arranja uns cobres a mais. E o ser novo para além de ser talvez mais bonito, sempre dá a segurança de que se 'estraga mais devagar' eheheh!!!!

Essa coisa dos jaguares ou porsches ou lá o que é, também é dos livros - quanto mais uns empobrecem mais enriquecem outros.

sem-nick disse...

Ah, esqueci-me de me meter contigo: essa Visão foi muito bem lida, heim?! Espiolhada de ponta a ponta!

cereja disse...

Pois foi, sem-nick, espiolhei aquilo de ponta a ponta, lol!
Parecia que só encontrava histórias de carros (aliás parece-me que havia mais!) por isso me inspirei para escrever isto.
Olá a todos!!!!

Anónimo disse...

pois eu não o faria!
tratava era de contratar uma secretária para me organizar a vidinha e punha-me a fazer viagens.

(olá emiéle!)

susana

cereja disse...

Olá Susana!!!!!
Há que tempos...............
Evidentemente que com um totomilhões as ambições têm de ser de outra dimensão. Por isso estranhei aquele desejo tão simplório. Mas essa de alguém que nos organizasse a vida era um belo investimento!