quinta-feira, setembro 03, 2009

Diabinhos invisíveis

(Claro que têm de ser invisíveis, ou não eram diabinhos...)
Não é a primeira vez nem a segunda, [nem a terceira, quarta ou quinta] que venho aqui contar um ou outro fenómeno misterioso que se passa na minha casa. Não sei se me acontecem mais do que aos outros ou eu é que sou mais atreita a considerar algumas coisas como efeitos de magia. O que me costuma acontecer com alguma relativa frequência é desaparecerem coisas, que «estavam-mesmo-ali», esfalfo-me a procurar sem entender o que raio aconteceu, e quando elas já me chatearam o suficiente decidem aparecer no sítio menos esperado, a assobiar para o lado como se não fosse nada com elas. Estão a gozar comigo, só pode.
E, cá para mim, quem as ajuda nessas brincadeiras devem ser uns diabinhos um tanto maldosos traquinas apesar de considerar que também não o são muito ou essas tais coisas nunca mais vinham a aparecer.

Mas desta vez o mistério é outro, não tem a ver com desaparecimentos à Luís de Matos.
Agora que voltei de férias, trouxe um sacão enorme com roupa para lavar. Aqui tenho máquina, e é muitíssimo mais fácil essa operação do que lá. Quando recolhi tudo o que havia lá por casa, supostamente sujo, para trazer para Lisboa, também passei pela cozinha, é evidente. Havia por lá panos da louça e um avental.
Devo agora dar duas informações para se poderem espantar com a história – a primeira é que durante o mês nunca tinha trocado de avental porque sempre que olhava para ele o achava limpo, a segunda é que o dito avental é aos quadradinhos amarelos e brancos, ou seja de umas cores que não ‘escondem’ o sujo.
Ora muito bem. Esperem, falta uma terceira informação, é que ele nunca esteve ali para ‘enfeitar’ ou decorar a cozinha, eu usava-o! Bem, mas voltando ao que queria contar: dá-se o caso de que as minhas teeshirts parecem terem um íman para atrair nódoas, quando estou de férias. Visto uma de manhãzinha, depois do banho, tudo o puro do asseio eu e a camisola bem lavadinhas, mas a meio do dia aquilo já está salpicada de nódoas, e quase sempre acabo por vestir duas por dia. Azar, penso eu, ou distracção o que também acontece. Mas juro, juro mesmo, que quando vou cozinhar ponho sempre o avental. Sempre. Ou a lavar a loiça. Ou se prevejo que vou fazer alguma coisa que suje utilizo o abençoado avental.
E aqui é que vem o mistério: o belo avental, amarelo e branco aos quadradinhos, usado o mês todo, quando o pus para lavar teria uns salpiquinhos que nem se viam. Quase poderia afirmar que estava limpo. E as pobres das minhas teeshirts, essas pareciam daquele anúncios para vender detergentes onde se suja uma peça com variadas nódoas para depois mostrar que bem que ficam depois de usado o detergente que se está a publicitar.
Se penso nos diabinhos ou alguma força mágica, é que deve ser isso que lhes dá gozo. Atrás da tampa de um tacho, ou espreitando pela greta de uma gaveta, decidem: «Ela veio aqui num instante só mecher o arroz de tomate e volta já para a sala de estar? Deixa cá atirar com uns salpicos de tomate para ver o efeito», ou «Já acabaram de almoçar e vieram só deixar aqui os pratos? Bóra aí, fazer saltar o resto do molho!», ou até «Vai levar os cafezinhos no tabuleiro? E que tal saltar um pinguinho de café?...»
Evidentemente que o avental está do lado deles e também goza. Não tem qualquer piada os diabinhos sujá-lo, afinal ele está ali para isso...
Mas desta vez levaram a coisa longe demais, e deixaram o rabito de fora, que não é normal a peça de vestuário que se usa para protecção estar quase impecável, e as que seriam suposto proteger estarem naquele estado!

Tenho de arranjar uma ratoeiras, ou ‘diabeiras’ talvez, para pôr fim a este gozo.

16 comentários:

Anónimo disse...

Gosto muito destes teus textos de humor levezinho. Ainda estou a tomar o meu primeiro café e a sorrir, antes de atacar as coisas sérias que tenho de resolver.
É excelente teres retomado este horário da manhã! (escusava der ser tão cedo; desde que o encontrasse aqui quando ligo o pc, estava tudo o que preciso!) :)

Anónimo disse...

Uiiiiiiiii! Parece que essas coisas fazem festa por aqui! Então já descobriu que é isto? E eu que achava que era pura falta de atenção ao fazer algo! Minhas camisetas mancham-se logo de manhã ao fazer café e o avental... impecável. :(

beijinhos e bom dia!

kika disse...

Estou como o King a sorrir e a pensar que estas conversinhas são giras para um dia releres aos teus netos, se for o caso.
Tambem achei piada ao avental, deve ser igual ao meu, mas o mais interessante é a história que contas, ser recorrente, isto é os diabinhos perseguem-te , e de vez em quando aí estas tu.
Não serás tu própria, um diabinho?
Se calhar relevas demais, factos que nos acontecem a todos, só que a ti aborrecem-te e com o teu perfeccionismo (penso eu).
Enquanto a mim tudo isso me passa ao lado...

Unknown disse...

Eu sou do tempo em que a minha mãe nos obrigava-nos a despir a "roupa de sair", quando chegavamos a casa e nós, o "gineceu" (eu, a minha irmã e mãe), que ajudavamos nas lides domésticas tínhamos de usar avental ou bata. Quando me casei, ainda muito nova, avental ou bata era peça de roupa que eu abominava tal era o preconceito:))
Hoje em dia até gosto e há uns aventais muito giros e alguns homens atém usam, mas, tal como te acontece, eu também mudo de avental muitas vezes só para dar uso a todos e até fazem "toilette";))
Aguardo o comentário do fj, sobre "Diabinhos invisíveis, com apreensão:))

Farpas disse...

LOL! Quando li o título do post imaginei os diabinhos nos ombros do Portas e do Sócrates a segredar ao ouvido!

Unknown disse...

Não me expliquei bem. O que eu queria dizer era que - tal como te acontece, não sujares o avental, eu, também, raramente o sujo e só mudo para variar...Assim fica mais claro;))

Joaninha disse...

Caríssima, não estás sozinha. ou seja, os diabinhos pertencem a uma tribo grande para caraças!!! Acontece-me tal e qual o mesmo. sujo muito mais a outra roupa do que o avental propriamente dito!
:))))
Ele há coisas!

sem-nick disse...

Acho este um post um tanto feminino, mas sem ofensa. Os homens mesmo quando trabalham na cozinha, não se ralam com essas coisas.
Tal como a Kika, também acho que um dia, se aproveitares estas historiazinhas todas, vais achar um piadão!!!
Eu cá achei.
:)

Joaninha disse...

Maria, li agora o que escreveste. é isso mesmo. Antigamente havia a roupa de ir à rua, e a roupa de andar por casa, e eram bem distintas. E além disso, também se usava uma bata.
Hoje só vejo com uma espécie de bata as porteiras ou as senhoras das limpezas. :)
Mas há aventais lindos!
Eu já tenho oferecido como prenda de anos ou natal!

Unknown disse...

Agora que a Joaninha falou nas "empregadas de limpeza", quero esclarecer: o meu preconceito não era por qestões sociais mas, sim, por ser uma peça que representava de alguma maneira uma certa condição feminina;))

josé palmeiro disse...

Quando eu usava bigode, era certo e sabido que não haveria repasto, sem nódoas. Mas como eu vos percebo, por cá, acontece exactamente o mesmo, não há dúvida, são os diabinhos.
Deixo aqui uma saudação à Maria, que não aparece na sesta, faz amanhã quinze dias, o que vale é que eu a entendo. Aparece, mulher!!!

fj disse...

Poorquê inculpar/inventar os diabinhos pelos nossos erros/nódoas? aria hoje é de todo impossivel.

cereja disse...

Ó amigo fj, a «culpa» dos diabinhos não está nas nódoas que caem, está na injustiça da sua distribuição!!!
Se fosse por minha única e exclusiva culpa, quer as teeshirts quer o avental (ou aventais que a ser assim tinham de ser uma meia dúzia) tinham o mesmo número aproximado de nódoas. Ora eu comecei por contar do meu espanto em observar o estado quase imaculado do avental! :)
Mas, OK, mudo um pouco o vocativo. Afinal é um anjinho da guarda dos aventais. E não é 'anjinho' só lá de casa, por aquilo que a Maria disse com ela passa-se o mesmo.
Senhora, logo, logo de manhã não me acontece. Essa arte de deixar pingar o café com leite na camisa é mais do meu filho.
Farpas, sabes que ando um tanto enjoada da política partidária. Não é uma atitude de que me gabe, mas é assim... Aliás ia agora passar pelo Camandro para apoiar aquilo que disseste.
Kikazinha, não sou nada perfeccionista, sou apenas um tanto arrumada como já contei e mesmo isso não é nada demais. E um tanto trapalhona como hoje aqui escrevi... :) Claro que este foi um post escrito a brincar por não me apetecer falar de coisas sérias.

Mary disse...

Venho muito tarde hoje mas ainda apareço.
E vir por fim tem a vantagem que fico com um sorriso.
Muito bem apanhado!!! Aliás a Maria tem razão, havia umas batas que protegiam ainda melhor do que os aventais. e há quem nunca use nada porque se esquece! Ui!!!

E há uns tão giros! Já mos têm dado, mas ficam no cabide como decoração, nunca me lembro de os vestir. :)

Castanha Pilada disse...

Na minha casa também há desses!

cereja disse...

Ora aqui as mulheres reinaram nos comentários!!!
Bem disse o sem-nick que era um post um tanto feminino! Mas eu pertenço a esse género, né? :)

E estou a ver que estou bem acompanhada, eles andam por várias casas :)