Absolutismo
Nos últimos tempos os nossos ouvidos não podem mais com a palavra «absoluta».
Quando foram as últimas eleições o PS fez uma grande campanha jogando uma carta forte com o facto de muita gente por um lado estar farta dos dois últimos governos PSD (Santana Lopes e Durão Barroso) e por outro o segundo governo Guterres ter falhado, para passar a mensagem de que seria necessário uma maioria absoluta para governar.
Ora nós já tínhamos provado disso. Cavaco Silva tinha estado 4 anos em Belém com uma maioria absoluta. Para quem esteja um tanto esquecido os anos de 85 a 95 – o X, XI, e XII governos constitucionais – foram governos PSD e o último com essa desejada maioria. E antes disso, em 83, tivemos o Bloco Central, PSD mais PS, e ainda em 81 governaram PSD e CDS, isto para falar de coligações.
É que há muita gente que se gaba de ter boa memória mas afinal parece que há umas falhas.
Porque o «absoluto» de um partido só, rima com poder absoluto, e isso nunca foi saudável.*
É certo que, como lembrei, tem havido também coligações e por aí já há espaço para negociações, e as coisas podem ser um tanto diferentes apesar de, nesse caso, o que corre mal acaba sempre por «ser culpa do outro»... É ver, por exemplo, actualmente as palavras bonitas do Paulo Portas, como uma luz a atrair borboletas, pois se alguma vez ele fosse governo tudo seria um céu aberto, esquecendo convenientemente que o CDS já fez parte dos II, VI, VII, VIII, XV e XVI Governos constitucionais!
O certo é que se agita imenso o fantasma de que sem esse tal poder absoluto não se pode governar. É o TUDO ou NADA.
É lamentável. Parece querer dizer que quem ganhar as eleições é incapaz de negociar com a oposição as medidas que for tomando, e a oposição por seu lado também avisa já que não irá aceitar as propostas que lhe sejam feitas.
Com este modo de pensar realmente não se vai longe.
Se os nossos dirigentes são desta massa há motivo para ver as coisas feias, mas quero acreditar que isto são apenas palavras que se usam neste triste período em que vale tudo.
Desejo ardentemente ver-me já na semana que vem!
(*há o velho conceito que se o Poder corrompe, o Poder Absoluto corrompe absolutamente; se não é verdade até parece)
17 comentários:
Bem, o que dirigentes partidários dizem hoje, pode perfeita e "éticamente" ser amanhã mentira, ou inverdade. Eticamente, para os políticos, pela simples razão de que não podem fazer outra coisa. Francamente não me escandaliza (deixar votar à vontade, depois logo se vê...) Aqui as "estimativas" só podem mesmo ser depois do jogo, amigos, rigorosamente não há lugar a previsões para as grandes escolhas.
Vejam que Louçã já desmentiu um acordo secreto com o ps. Então queriam que o rapaz fosse dizer 'há, mas como é secreto não o posso confirmar'!? Tem que ser assim, haja ou não qualquer acordo.
Não é tanto o que «dizem» mas naquilo em que as pessoas acreditam que me faz falar. Claro que se acredita no que nos dá jeito às nossas convicções, mas no caso do PSD ou CDS faz-me espécie como quem já passou pelos seus governos agora pode estar 'esquecido'. Afinal muito do que o Sócrates fez enquadrava-se inteiramente numa política em tempos defendida por eles. E o caso do Paulo Portas (que oiço muito boa gente a ficar impressionada com os seus discursos) ainda é mais chocante porque até parece que nunca foi ministro de nada. Ele que até aceitou ser Ministro do Mar no momento em que o chamaram a fazer juramento!... O que queria era estar no governo, fosse ministro do que fosse.
Que interessante a coincidência!
Ora vejam que o Manuel Alegre diz:
"Às vezes governa-se melhor sem uma maioria absoluta"
E os argumentos que usa ali não são muito diferentes dos teus.
A tua frase final, em itálico, resumo tudo.
É isso e mais nada:
O Poder corrompe e o Poder Absoluto corrompe absolutamente.
Não podemos passar sem o Poder, mas ao menos que não seja «absoluto».
Só faltam quatro dias, o de hoje nem conto, para acabar esta palhaçada, pois o melhor desta campanha foram os Gatos. O tempo está lindo e e já estamos quase a entrar em 2010 e com maiorias ou sem elas a vida vai continuar. Para uns melhor , para outros piorará. Por mim gostaria de não fazer parte de nenhuma estatistica.
Não tenho saudades do passado nem me vislumbro com o futuro
Um dia de cada vez.
1º só corrompe os fracos ( põe os olhos nos jorges;
2ªmemórias fracas mas de ambos os lados. Falta aqui um comentário teu, de companheira de blog ( vou mais para gajas do que para gajos, e sem muito freud )a "poetizar" as atitudes dos dois lados. E na realidade quem acredita no que diz /ouve? Parece-me que o mecanismo é outro, muito complexo, mas não chego lá.
Nem mais, Kika, o melhor da campanha foram os Gatos - abençoados.
Nada como umas boas gargalhadas para desmontar arrevesados argumentos.
Estou como tu.
Foi o melhor.
Para quem duvidava, a verdade está mesmo nos "Gatos". Eles foram a lufada de ar fresco, foram a novidade, o resto, infelismente, continua a ser, "mais do mesmo" e, depois , como dizes, a memória é curta para muitíssima gente. Não aguento mais, políticos profissionais e dinasticas, diga-se, em abono da verdade,
Dia 27, está aí e eu estarei também, depois de votar, eu na Fajã de Baixo e a minha mulher, em S. Roque. Quem nos manda morar numa rua que pertence a duas freguesias?
Chegarei com os resultados e quero dormir descansado, veremos...
É aqui que encaixa o teu post da outra semana sobre voto «útil», né?!
Desta vez o «útil» é a minha consciência, quero lá saber que não chegam ao governo ou se chegam ao governo.
Espera aí! O Zé Palmeiro vota numa freguesia e a «Senhora Palmeiro» vota noutra!????!!!!
É o máximo!
Dividem uma rua ao meio?!
:)
olha que o cavaco governou absolutamente em dois governos, de 87 a 95.
e ele mesmo que disse não querer participar na campanha, têm-lhe caído os parentes na lama.
Gosto de campanhas eleitorais, onde durante umas semanas todos se esforçam por aparecer de fato novo, esquecendo o seu passado.
Agora fiquei KO, com o Zé P então vocês casal, não têm a mesma residencia ?
Até pode ser, mas presumindo que não é o caso, não percebi porque votam em freguesias diferentes,estarei eu com falta do almoço?
É assim mesmo Joaninha util é a nossa consciência!
É estranhíssimo Kika esse caso do casal Palmeiro! Eu só consigo imaginar que eles vivam numa casa muuuuuuito grande, a porta da frente fica na freguesia de Fajã de Baixo e a das traseiras na de S. Roque! Espantoso!
Pedro Tarquínio, tens toda a razão, não «esmiucei» isso bem. Foi mesmo por duas vezes, enganei-me! Até a minha memória tem falhas. :)
E os parentes na lama pobre Cavaco, que raio de azar... O Dias Loureiro, agora este, a reeleição não parece nada garantida...
Gostei da tua imagem do "fato novo" só que para muita gente é como o fato novo do rei que ia nu.
FJ, é evidente que perguntar essa coisa das coligações futuras é perguntar na pastelaria se os bolos estão frescos... estragava-se tudo. O PSD também não vai dizer para aí que vai convidar o PP, é claro.
Só que desta vez não haverá maioria absoluta para ninguém! E espero que nunca mais haja!!
Como sempre leio os comentários no fim e tenho de acrescentar algo!
No meu caminho para a escola - uns escassos 4 km - passo por 2 concelhos. A rua da minha escola de 1 lado pertence a Aveiro e do outro lado a Ílhavo.
Se andar mais 2 km para a frente entro ainda no concelho de Vagos, depois novamente concelho de Aveiro e a seguir concelho de Oliveira do Bairro.
Como vês o caso do Palmeiro nem é assim muito estranho!
E há lá uma casa que à frente pertence a um concelho e nas traseiras pertence a outro!!
Também imaginei que o caso do casal Palmeiro não fosse «tão único» mas lá que tem graça! O que tu contas é ainda mais engraçado porque já nem é freguesia é mesmo concelho!!!!
Pois é Saltapocinhas, as sondagens dizem isso. Espero que acertem nesse ponto. :)
Apesar de tardiamente, não deixo de responder e de explicar.
Já tinha, há tempos informado, por causa das limpezas, que a minha rua é metade de uma e, a outra metade, de outra freguesia. Acontece que a numeralogia do código postal é a mesma, 9500-461. Acontece que, quando fomos fazer o cartão de cidadão, a funcionária que nos atendeu resolveu, de "motu" próprio acrescentar, a mim o certo, Fajã de Baixo à minha "cara metade", o errado, S. Roque, coisa que só demos, por isso quando das Europeias e apesar de já estar rectificado, ainda não produziu efeito para estas e para as autarquicas, segundo os "doutos", pela proximidade dos actos.
De resto, exemplos desses de freguesias que se atropelam, há-os aos centos, entre Estremoz e Borba, há uma casa, de um carteiro que a habitção fica em Estremoz e a "tasca" que é um cómodo da casa, absolutamente ligado, fica em Borba, logo!!!
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