Títulos (de artigos de jornais)
Ou «parangonas», que mesmo que o não sejam soam como tal.
De vez em quando bato nesta tecla, mas a verdade é que não resisto. Faz-me impressão, até porque sei e falando por mim própria, que muitas vezes as pessoas, das notícias só lêem os títulos.
Tantas e tantas vezes! Estamos com pressa ou com interesse noutra coisa e passa-se os olhos pelas notícias, assim, por alto, deixa-cá-espreitar-os-títulos...
E a verdade é que ler um título não é ler a notícia, como sabemos, mas cai-se na armadilha!
Ainda ontem, ao fazer uma passagem pelas notícias na net, vi que as suspeitas de negligência médica sobem 600%
Uma pessoa fica arrepiada! Um aumento de seiscentos por cento?... A primeira ideia que nos vem à cabeça é que é um perigo cair nas mãos de um médico. Livra! De repente ficaram uma cambada de incompetentes e distraídos. Algo de muito grave se anda a passar.
Contudo, no corpo da notícia, ficamos a saber que «o Ministério Público está a investigar 80 casos». A investigar.
É evidente que é grave, e se um caso se passasse comigo ou um familiar eu estaria na linha da frente a exigir esclarecimentos, castigos, indemnizações. Alguns casos chegam aos jornais, porque os tenho lido, e chocam-me muito. Mas, ao ler mais 600 % a ideia que se tem não é de que o número original - de há 8 anos - era de cerca de 30 casos e portanto 30, mais 30, mais 30, mais 30, durante oito anos se chega aos 600%; quem leia apenas o título fica com a vaga noção que isto se passou de um ano para o outro e o número de negligências torna-se assustador.
Mas é apenas uma questão de escolha de título. A mesma notícia no DN, de onde aliás foi tirada, tem outro título muito menos bombástico e verdadeiro.
Eu sei que é matéria grave. Sei que não se pode discutir números porque UM caso que exista já é demais. Sei que se pensa que, de uma forma geral, os médicos têm uma consciência de classe muito forte e algum corporativismo e por isso é difícil investigar certos comportamentos e erros, mas haja calma. Se estes números correspondessem à imagem que deixam, até a Ordem teria vantagem em limpar essa imagem.
E talvez os jornalistas também.
É que 'a sensação' não é tudo.
De vez em quando bato nesta tecla, mas a verdade é que não resisto. Faz-me impressão, até porque sei e falando por mim própria, que muitas vezes as pessoas, das notícias só lêem os títulos.
Tantas e tantas vezes! Estamos com pressa ou com interesse noutra coisa e passa-se os olhos pelas notícias, assim, por alto, deixa-cá-espreitar-os-títulos...
E a verdade é que ler um título não é ler a notícia, como sabemos, mas cai-se na armadilha!
Ainda ontem, ao fazer uma passagem pelas notícias na net, vi que as suspeitas de negligência médica sobem 600%
Uma pessoa fica arrepiada! Um aumento de seiscentos por cento?... A primeira ideia que nos vem à cabeça é que é um perigo cair nas mãos de um médico. Livra! De repente ficaram uma cambada de incompetentes e distraídos. Algo de muito grave se anda a passar.
Contudo, no corpo da notícia, ficamos a saber que «o Ministério Público está a investigar 80 casos». A investigar.
É evidente que é grave, e se um caso se passasse comigo ou um familiar eu estaria na linha da frente a exigir esclarecimentos, castigos, indemnizações. Alguns casos chegam aos jornais, porque os tenho lido, e chocam-me muito. Mas, ao ler mais 600 % a ideia que se tem não é de que o número original - de há 8 anos - era de cerca de 30 casos e portanto 30, mais 30, mais 30, mais 30, durante oito anos se chega aos 600%; quem leia apenas o título fica com a vaga noção que isto se passou de um ano para o outro e o número de negligências torna-se assustador.
Mas é apenas uma questão de escolha de título. A mesma notícia no DN, de onde aliás foi tirada, tem outro título muito menos bombástico e verdadeiro.
Eu sei que é matéria grave. Sei que não se pode discutir números porque UM caso que exista já é demais. Sei que se pensa que, de uma forma geral, os médicos têm uma consciência de classe muito forte e algum corporativismo e por isso é difícil investigar certos comportamentos e erros, mas haja calma. Se estes números correspondessem à imagem que deixam, até a Ordem teria vantagem em limpar essa imagem.
E talvez os jornalistas também.
É que 'a sensação' não é tudo.
13 comentários:
Eu assino um jornal que, vez ou outra, comete esses "assassinatos". Matam-nos de curiosidade por saber que raio é aquela coisa horrível que eles anunciam. Por fim, muitas vezes, é coisa banal.
Entretanto, já aconteceu, por conta de uma notícia que deveria ser banal, uma suposição do jornalista que virou matéria de capa pelo interesse que o público demonstrou. Daí vai para uma investigação mais "a sério", instigando a população e influenciando a conduta de investigação policial. O caso é que todos eram inocentes e hoje o jornal e outros meios de comunicação que entraram nessa, pagam uma fortuna por terem destruido a vida de duas pessoas. Realmente destruiram. Só por causa de uma boa matéria.
beijinhos
A razão desses títulos, prende-se, a meu ver, com uma realidade, que não podemos esquecer: "O Ter que Vender!!!", muito, sempre à frente da concorrência, apelando à coscuvilhice alheia, sem ter em conta, absolutamente nada, muito menos as consequências, que como a "Senhora" afirma, são devastadoras.
Um verdadeiro MUNDO CÃO!
Já tinha partido para outra mas lembrei-me dum pequeno poema do Joaquim Namorado, que já publiquei na "SESTA" e que diz mais ou menos isto, (cito de memória).
A MÁQUINA DE FAZER NOTAS FALSAS
A máquina de fazer notas falsas,
era uma máquina tão falsa,
que nem notas falsas fazia.
D'entre dois rolos saíam,
em vez de notas falsas,
notícias de "velhos jornais",
com notícias falsas!!!
Formidável, os comentários de hoje 'abrirem' com a Senhora do Brasil! Dez da manhã de cá é noite lá naquelas bandas, imagino...
Realmente de vez em quando chamas a atenção para estas coisas e é mesmo como dizes: muita gente só passa os olhos pelos títulos e quando são assim distorcidos a ideia com que se fica é errada. E, são distorcidos para o mal, nunca que me lembre puxam uma notícia para primeira página por ser uma coisa boa!
Bem a propósito os versos do Joaquim Namorado!
Claro, Emiéle. Nem 8 nem 80, há para aí erros médicos complicados e chatos mas 600% dá uma ideia distorcida.
E as pessoas agora começam finalmente a apresentar queixas.
é uma boa prática, não ser só queixa de voz, passar ao acto.
Olá Senhora, a Emiéle está de parabéns os tesu comentários são sempre muito bons!
Fui espreitar o teu blog, mas tens tantos!! Preferes o Caldeirão, não é?
Quanto às parangonas (também gosto do nome) já não há paciência...
Enquanto prevalecerem os critérios comerciais sobre os critérios informativos, continuaremos a ter notícias assim.
Mas na generalidade têm razão! Afinal estamos para aqui a falar na notícia, não é?
A verdade é que o choque dos seiscentos por cento (dando a entender que era de um ano para o outro) resultou!
Vim espreitar as respostas.
(faz falta o King... era tão pontual!)
Ainda faltam a Maria e a Kika agora tem desaparecido.
Vou voltar mais tarde, para ver a opinião delas (estes comentários são mesmo tipo chat!! quem precisa de twiter?!)
Nesta altura do ano, enquanto a malta cá de casa, mais os que chegam, estão de férias, eu estou sempre muito ocupada. Não deixo de vir todos os dias e pela manhã (hoje nem a Senhora tinha comentado e para ela era cedíssimo ehehe) ler o que a Emiéle publica mas comentar fica para mais tarde. Isto a propósito da Joaninha ter reparado na minha ausência (fiquei contente) e estar a aguardar o meu comentário.
Não irei acrescentar muito mais ao que já foi dito sobre a atracção, quase fatal, pelas “gordas” e os seus perigos - dito assim parece outra coisa e até simpática…
A tua reflexão sobre os “títulos bombásticos” é muito pertinente e bem apresentada, mas já agora destaco dois pedaços das notícias, o 1º do IOL e o 2º do DN – afinal de onde foi repescada a notícia, ou seja - a “Fonte”
julgo não estarem fora do seu contexto) e vejam que neste caso para além do “Título” a notícia também foi manipulada (eu chamo assim), não?
1º - “ (…) Ao todo, os hospitais públicos tiveram de pagar 29 milhões de euros entre 2005 e 2007 de indemnização por assistência médica alegadamente negligente, revela um estudo da Inspecção-Geral da Saúde, citado pelo «Diário de Notícias». - IOL
2º- “ (…) Uma análise da Inspecção-Geral da Saúde, divulgada no passado mês de Março, revela que entre 2005 e 2007 os pedidos de indemnização aos hospitais públicos por assistência clínica alegadamente deficiente atingem 29 milhões de euros.”-DN
( "os pedidos de indemnização atingirem..." para mim não é a mesma coisa que:-"Ao todo os hospitais tiveram que pagar..."
Estou certa ou estou errada?)
Ah, Emiéle a ilustração é um achado;-))
Ainda voltei à para ver os comentários (tu só passas na manhã seguinte, não é?) e reparei que o meu segundo,podia ter uma leitura que não é o que eu queria dizer. Quando escrevi «Mas na generalidade têm razão!» não queria, como é óbvio dizer que 'tinham razão' em praticar aquele jornalismo (??) e sim que o que fazia resultava porque até se tinha ido ler a notícia! Assim é que fica claro.
Se alguns de vocês se queixam de que quando chegam aqui mais tarde já ‘está tudo dito’ mais direi eu! Quando aqui apareço no dia seguinte está mesmo tudo dito!!!
Foi engraçado ter sido a Senhora a «inaugurar o marcador» quando costuma ser das últimas mas isso tem a ver com os fusos horários, de certeza. Desta vez passou por cá antes de ir para a cama, em vez de ter sido à noitinha… J E, como sempre com perspectivas muito bem vistas e experiências pessoais. Ficou bem satisfeita por ela ter decidido ‘colaborar’ no Pópulo, é de leitores assim que preciso!
O amigo Zé brinda-nos com um poemazinho e chama a atenção para o que vale é a venda das notícias seja por que meios for. O chato é que este tipo de meios é um boomerang porque às tantas lança o descrédito na informação.
Concordo com o sem-nick que o facto das queixas aumentarem é um bom sinal, de que as pessoas começam a conhecer os seus direitos. Ele não o disse claramente, mas pelo menos eu penso isso, que a gente nem sabe se há mais erros, o que sabemos é que há mais queixas! Se calhar dantes também os havia e as pessoas amochavam.
MCF - que bom, afinal não foi uma visita por acaso, tens mesmo aparecido por cá! E concordas connosco, não é?
Maria, não foi só a Joaninha que te ‘atrasas’ ou não, fazes sempre falta se não passas por cá. E tens razão, o ‘pedido de indemnização’ é uma coisa, o ser-lhes concedida, outra. Muita gente pode ficar revoltada e pedir castigos sem conhecer bem os factos. (o boneco é da net, como todos quase sempre…)
E obrigado pelos comentários dos meus “habituais” - Joaninha, King, estrela, etc. Beijinhos a todos.
Enviar um comentário