«Falar verdade a mentir» ou as redes sociais na net
Quando era adolescente, no grupo de teatro do meu liceu representei “Falar verdade a mentir” e foi uma experiência formidável que me fez passar a adorar o teatro, gosto que me durou a vida toda. Peça ingénua, própria para jovens do liceu do meu tempo e que nunca esqueci, como é natural.
E as relações entre a ‘pura verdade’ e a ‘autêntica mentira’ sempre me tocaram. A verdade é que a vida de todos nós é um novelo de mentirinhas, insignificantes, mas quem afirmar que não o faz… está a mentir. É a vida em sociedade. Normal.
Ontem, numa muito rápida vista pela net, encontrei um post do Charquinho que falava sobre a importância de usar um nick e a sinceridade que se pode, ou não, usar na net, a coberto desta ‘espécie de anonimato‘. É um tema que volta não volta quase todos os blogger abordam porque existe a ideia de que esta capa de ‘invisibilidade’ permite soltar sentimentos e emoções muito fortes que em sociedade estão controladas e reprimidas. Não direi que não, mas por mim não acredito que tenha a força que se diz. Na nossa vida não virtual podemos sempre, melhor ou pior, ‘mascararmo-nos’ e mostrar de vez em quando uma nossa faceta diferente. Quem é que nunca o fez?
Claro que a net torna essa coisa mais fácil.
Mas quando pensamos nas famosas «redes sociais» da net é que a coisa parece um desafio à sinceridade ou falta dela. Eu nunca tive muito jeito para isso. Há uns largosanos tempos recebi um email a dizer «João F. quer ser teu amigo» e pedindo para clicar lá num sítio, se aceitasse esse pedido. Estranhei, porque o João F. já era meu amigo, era assim como aceitar um anel de noivado do nosso marido. Mas obedeci e cliquei lá, tendo assim entrado numa coisa chamada hi5. Como depois me pediram vários dados pessoais e o meu amigo João já os sabia, dei um passo ao lado e baralhei um tanto as informações que eram indispensáveis e as que o não eram simplesmente não as dei.
Desde aí, recebi mais uns tantos ‘convites’ do Plaxo, Wayn e, creio mas não estou certa, que também da facebook, Myspace, Orkut… A Plaxo e Wayn, esses tenho a certeza de ter sido convidada porque, como vinham de outros bons amigos meus, aceitei e estou sempre a receber mensagens de pessoas que vão entrado e querem «ser meus amigos». É uma grande fila. E fico sempre embaraçada, porque nestas três redes baralhei os dados que lá deixei, mas vi que há muita gente que é sincera e até deixa fotos suas e tudo. Sinto-me um tanto mal, como a espreitar por uma janela para uma sala iluminada estando eu na sombra. Mas é certo que quem lá deixa dados pessoais sabe que elas passam a ser públicos, não é?
Nesta caso como posso «falar verdade a mentir»? Ou «mentir a falar verdade»? É um falso dilema, é claro, porque o mais fácil deve ser apagar esta coisa toda e não ligar à simpática mensagem «X quer ser teu amigo»
Mas é difícil. Afinal não tenho assim tantos amigos que me dê ao luxo de deitar fora quem venha oferecer a sua amizade sem me conhecer de lado nenhum.
Oh que dilema!
E as relações entre a ‘pura verdade’ e a ‘autêntica mentira’ sempre me tocaram. A verdade é que a vida de todos nós é um novelo de mentirinhas, insignificantes, mas quem afirmar que não o faz… está a mentir. É a vida em sociedade. Normal.
Ontem, numa muito rápida vista pela net, encontrei um post do Charquinho que falava sobre a importância de usar um nick e a sinceridade que se pode, ou não, usar na net, a coberto desta ‘espécie de anonimato‘. É um tema que volta não volta quase todos os blogger abordam porque existe a ideia de que esta capa de ‘invisibilidade’ permite soltar sentimentos e emoções muito fortes que em sociedade estão controladas e reprimidas. Não direi que não, mas por mim não acredito que tenha a força que se diz. Na nossa vida não virtual podemos sempre, melhor ou pior, ‘mascararmo-nos’ e mostrar de vez em quando uma nossa faceta diferente. Quem é que nunca o fez?
Claro que a net torna essa coisa mais fácil.
Mas quando pensamos nas famosas «redes sociais» da net é que a coisa parece um desafio à sinceridade ou falta dela. Eu nunca tive muito jeito para isso. Há uns largos
Desde aí, recebi mais uns tantos ‘convites’ do Plaxo, Wayn e, creio mas não estou certa, que também da facebook, Myspace, Orkut… A Plaxo e Wayn, esses tenho a certeza de ter sido convidada porque, como vinham de outros bons amigos meus, aceitei e estou sempre a receber mensagens de pessoas que vão entrado e querem «ser meus amigos». É uma grande fila. E fico sempre embaraçada, porque nestas três redes baralhei os dados que lá deixei, mas vi que há muita gente que é sincera e até deixa fotos suas e tudo. Sinto-me um tanto mal, como a espreitar por uma janela para uma sala iluminada estando eu na sombra. Mas é certo que quem lá deixa dados pessoais sabe que elas passam a ser públicos, não é?
Nesta caso como posso «falar verdade a mentir»? Ou «mentir a falar verdade»? É um falso dilema, é claro, porque o mais fácil deve ser apagar esta coisa toda e não ligar à simpática mensagem «X quer ser teu amigo»
Mas é difícil. Afinal não tenho assim tantos amigos que me dê ao luxo de deitar fora quem venha oferecer a sua amizade sem me conhecer de lado nenhum.
Oh que dilema!
19 comentários:
Sempre me pareceu estranho que pessoas que me conhecem bem tentem esta via das redes, Afinal para quê?!
Mas agora "descobri" que há pessoas, já amigas ou conhecidas, recebem mensagens minhas, que nunca enviei.Esquisito.
É uma questão generacional, creio eu. A tua dúvida é a minha, FJ. Mas os meus filhos até falam com o namorado/a pelo aifaive! Põem lá fotos e os amigos vão ver e o namorado põe outras, e por aí fora. Uma grande festa.
:) ??????????
Eheheheh!! Olha fj também me aconteceu. Enganei-me e cliquei lá num quadradinho errado e mandei esse convite a juntar-se a mim nessa tal coisa a TODA A MINHA LISTA DE CONTACTOS!!!
Imagina a vergonha!
O que tinha querido era dizer que não mandava a ninguém mas sem querer mandei a TODOS.
Mas o certo é que há quem não saiba viver sem isso. Agora se está lá verdades ou mentiras, isso só posso adivinhar!
Olá a todos!!
Isto tem muito que se lhe diga (pano para mangas como se diz)
A verdade é que cada vez se «fala fala e não se diz nada»! Nunca se falou ou escreveu tanto como agora, mas tudo espremido não sei pingo!
Ontem li no Sol que analisou-se as mensagens do Twitter e 40% das mensagens escritas pelos utilizadores é sobre «nada». Tal e qual. Aparecem frase tipo «estou a comer uma sanduíche», por exemplo.
Quem ande com alguma a tenção por aí e oiça o que se diz aos telemóveis fica com a mesma ideia. Fala-se por falar. O que se chama «conversa de chacha» que mesmo que fosse entre duas pessoas ao vivo era parvoíce, mas ligar um telemóvel para dizer coisas daquelas deixa-me de boca aberta.
De resto, sorri ao recordar as nossas peças de teatro do liceu... Eram tão inocentes. O Almeida Garrett, estás a ver...
Só uma correcção porque o meu comentário saiu carregadinho de gralhas. Uma vá lá, mas aquilo!
A verdade é que cada vez mais etc ...
E também
Tudo espremido não sai pingo
e ainda
Li no Sol que se analisou
etc... estava mesmo inspirada na gralha, bolas!!
Muito oportuno o post.
Ora vejam aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=sIFYPQjYhv8
Que tal?...
Tem que se lhe diga...
O tal twiter pegou de estaca! Se repararem mesmo políticos, vedetas sociais, etc, tudo entra no twiter. Muitos blogs têm ao lado a coluna do twiter. Nas últimas eleições devem ter reparado na importância do twiter...
Também me parece que nessas redes se pode mentir com muita facilidade, mas podemos ser facilmente apanhados. Não te quero chatear ou assustar, mas olha que se forem cruzar dados do que deixaste num sítio e o que saiu noutro e mais uma fotozinha, etc, não deve ser difícil ver que és mesmo tu! Se não querias, o mais fácil era nunca teres aceite.
Também me parece que é coisa geracional
e mais nada.
Hoje usa-se o telemóvel para trocar dois dedos de conversa quando não há tempo para uma visita, o que noutras gerações se fazia. Mas como as distâncias são muito maiores, há menos visitas.
As «redes» da net é uam forma de nos darmos a conhecer e saber quem é que conhece quem... Ou anunciar aos nossos amigos que temos uma namorada nova. Ou que estamos de férias. Ou que andamos neuras. Ou que gostámos de um certo concerto. Enfim, falar um pouco de nós e saber dos outros. Sem compromissos, sem chatices.
Não vejo nada de mal.
É claro que há muitas dessas redes mas só se adere às que queremos. O Hi5 é um mundo e o facebook nem falar!
Eu também acho, e disse isso, que é geracional Raphael. E sendo assim, faz-me alguma impressão dizer em praça pública coisas que são íntimas como dizes - «namorada nova» ou que «andas neura». Mas reconheço que é uma coisa pessoal, e se não te faz confusão a ti (ou aos meus filhos) ok, why not?...
E achei graça à Emiéle que 'aderiu' mas não muito... é muito típico daquilo que a gente imagina dela
:)
Apesar da diferença de idades, alinho inteiramente com o FJ.
Uma amiga, mesmo, mandou, por engano, como a "Mary", conta a sua lista de contactos e lá fui eu parar. É uma maravilha, são "convites" a chover, para a caixa do lixo, e ainda me não consegui livrar daquilo, pois tenho receio de tocar em algum sítio inconveniente...
Eu acabei entrando no Orkut por conta dos meus filhos menores. Ficava na cola. Mas daí vem Facebook, Plaxo, Hi5, e eu fui aceitando... Orkut eu achei excelente! Ele me alerta quanto aos aniversários! :)
Alguns amigos meus preferem usar o Orkut como uma espécie de blog. Eles mesmos não se comunicam com ninguém, mas se derramam ali. É interessante.
Mas máscaras... Como no teatro, todos nós as usamos, porque, afinal de contas, todos temos as nossas facetas - mãe, professora, empresária, dona-de-casa, motorista... E nem sempre comportamos da mesma forma, ou respondemos da mesma forma, dependendo da máscara que usamos, sobre uma mesmíssima situação.
Falar a verdade é mais fácil e menos complicado. Mentir requer um trabalho enorme, principalmente para manter a mentira ou a ficção.
Daí que se lê muito na net que todos mentem, ou usam máscaras. E, se é assim, a mentira torna-se padrão e não existe mais esforço nenhum para justificar o que foi dito ou desdito. Todos são personagens de uma ficção qualquer.
No fim, quem fala a verdade é um ser estranho no ninho...
beijos e boa semana! :)
Bravô Senhora!!!
Excelente comentário.
Exactamente o que penso: todos temos facetas que podem não ser contraditórias, mas são diferentes. O profissional é diferente do apaixonado, diferente do 'torcedor' de futebol, diferente do pai, diferente do amigo complacente, diferente do colega de trabalho. São facetas que todos temos não é mentira, mas a verdade é que quando estamos no papel de pai ou mãe, não estamos ao mesmo tempo no papel de bom profissional e por aí fora.
Quanto a essas redes, todos nós a sério ou a brincar aderimos a alguma. Mal não fazem. como disse a Senhora até podem servir para lembrar aniversários... (a Plaxo, por exemplo, faz isso) e percebo que o Raphael as defenda, toda a gente mais nova entra nessa onda.
Mas a Emiéle teve graça no 'falar verdade a mentir' porque é mesmo isso, nem sempre a imagem que ali deixamos tem muito de sincera. Mas isso não faz mal nenhum!!!
Mary eu nunca me engano, raríssimas vezes tenho dúvidas.Fui vigarizado, aproveitaram se da minha adolescência mental, nos termos que expliquei ontem.E com isto tambem arrumo essea gajos dos gerecionais!
Ai, fj, quem fala assim não é gago e mainada!!!
Fui ler a tua tese de doutoramento sobre essa coisa de que os homens passam da adolescência para a velhice numa directa, e quem sou eu para dizer o contrário...?! aliás essa é a conversa das mulheres quando se arreliam. Deves ser um bom ouvinte :)
Huuummm.........
Creio que nem todas as redes se podem medir pela mesma bitola, mas não sei.
a Orkup de que fala a Senhora até é gira, e a facebook enfim, é universal.
É a sério a sua tese fj?! :)
Porque até concordo com você! E daí, até dá para entender a quantidade de "fakes" que existe pela internet com "menos de 30 anos". :)
Emiéle, só agora aqui cheguei - li o teu "Post", muito interessante e oportuno, como disse o Zorro (li todos os comentários, o Fj está ainda na adoloscência a Snra. esmerou-se..) também fui espreitar a ligação que o Zorro deixou e valeu a pena.Agora é um pouco tarde, lamento não comentar como mereces e eu gostaria! Este tema não se esgota aqui, haverá outra oportunidade, digo eu.
Eu resolvi não aceitar nada desses convites porque depois não me entendo com aquilo, nem tenho tempo para andar por lá.
Mentir também não é grande ideia porque depois baralhamos tudo e é uma trabalheira.
Já bastam as mentirinhas do dia a dia quando somos simpáticos e não nos está a apetecer nada ou fingimos muito interesse nos desabafos de alguém sem nos atrevermos a dizer que aquela história não nos interessa nada...
Olá! Bom Dia a toda a gente!!!!
Começando pelo fim (e não devo responder a todos que hoje tive aqui muitos comentários! BOA!) Saltapocinhas, quando disse que menti um bocadinho não foi nada de muito elaborado. Como expliquei respondi apenas ao fundamental e fugi a dizer a verdadeira profissão e a idade. Não são coisas que me baralhe, e o mais importante é que também não tenho respondido a esses «pedidos de ser amigo» portanto não tenho de me ralar a ver troco algum desses dados.
Maria, só tenho a agradecer a paciência de passares por cá e dizeres alguma coisa mesmo cansada. Tenho muita sorte com os meus visitantes!!!
Senhora, o fj estava a brincar, é claro, como ele disse não sei onde, a maior parte do que escreve aqui não é para levar a sério... Quanto à tua experiência das redes sociais, era mais ou menos isso que eu desejava.
Olá King! Sempre vais aparecendo, como prometeste. Bom amigo!
Mary, tens razão é claro, e Zorro obrigada pelo kink. Só lhe dei uma olhadela, mas vou ver com mais atenção - não sabia estar tão actual!
O sem-nick e o raphael mostram que é bem uma questão de geração, afinal, mesmo que o fj refile.
Joaninha, é certo que se 'fala, fala e não se diz nada' mas eu sinto que é uma forma de combater a solidão. A verdade é que a família hoje é mais pequenina e as pessoas sentem-se mais sós. E falam nem que seja para dizer que estão a comer a sopa... já que não têm ninguém ao lado para o dizer.
Zé Palmeiro, já tenho pensado em apagar estas minhas entradas nas redes de que sou 'filiada', é fácil com certeza e tu mais ainda se não chegaste a entrar. Não sei bem porque o não fiz, talvez alguma coscuvilhice afinal, mesmo que diga que não sou :)
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