segunda-feira, agosto 03, 2009

Livros (de férias?)

Todos os anos a cena se repete.
Durante o ano de trabalho não tenho tempo, nem muitas vezes disposição, para ler tudo o que me apetece ou devo. E vou fazendo um montinho (ou montão depende da perspectiva) dos livros que «ficam-para-as-férias». A pilha vai crescendo, e eu com boa consciência, porque penso "Agora não dá, mas lá para as férias ponho isto em dia!"
O resultado é que o saco em que trago a livralhada é sempre um pouco maior do que aquele em que trago a roupa :)
E depois, ritualmente, passa-se a mesma cena: há os que trago comigo porque que são livros 'sérios', ligados à profissão, de actualização, mas que necessitam de calma e tempo para serem lidos. Muito bem, ficam ali num montinho, muito bem comportados à espera de vez. E, (não fiquem a pensar mal de mim, porque acredito que muitos de vocês passam pelo mesmo...) muitas vezes, as férias acabam e eles fazem o caminho de volta, tão fechados como chegaram. É que quando se está a descansar, a verdade é que não apetece muito puxar pela cabeça para pensar em assuntos mais sérios.
E depois há os que se compram exactamente 'para férias'. Isso é que sabe bem!
Desta vez 'para férias', além de outros mais de 'literatura', trago dois grandes livros, grandes em tamanho (aí seiscentas e tal, setecentas páginas cada um) mas leves de conteúdo, o segundo e terceiro volume da série Millennium do sueco Stieg Larsson. Li o primeiro já há uns tempos, não reparei que tinha saído o segundo da série, e agora apanhei logo os dois, ['A Rapariga que Sonhava com Uma Lata de Gasolina e Um Fósforo' e 'A Rainha no Palácio das Correntes de Ar' ] o que me vai dar muito jeito para este tempo de sossego! Depois conto.
Mas, neste momento, estou presa a um livro que já saiu há tempo, que tinha começado a ler antes de vir, e não é leve em nenhum sentido, nem é 'profissional' mas mas estou a gostar muito: «A Solidão dos Números Primos».
Nada leve este, muito pelo contrário. O mundo terrível da doença (?) perturbação mental visto do outro lado do espelho é sempre inquietante.
«Os números primos são apenas divisíveis por 1 e pelo próprio número. Estão no lugar que lhes é próprio na infinita série dos números naturais, esmagados como todos entre dois, mas um passo mais além relativamente aos outros. São números desconfiados e solitários [....] Entre os números primos há alguns que são ainda mais especiais. Os matemáticos chamam-lhes primos gémeos. São pares de números primos que estão próximos um do outro, aliás, quase próximos porque entre eles existe sempre um número par que os impede de se tocarem realmente»
Bem, estas palavras ajudam talvez a entende como duas pessoas, diferentes de todas as outras, podem ser 'números primos', e até primos gémeos.
Ele talvez seja 2760889966649, ela 2760889966651.
Um romance impressionante.

17 comentários:

josé palmeiro disse...

O ambiente, de leitura que descreves, é perfeito.
Por mais voltas que dermos não há maneira de sair disso e é mesmo assim, são as nossas boas intenções.
Agora, chamas a atenção para um título, imensamente sugestivo, "A Solidão dos Números Primos", ainda por cima com uma capa, lindíssima.
Fiquei tocado, vou tentar encontrá-lo.

fj disse...

Eu vou tentar pedir emprestado, no fundo plas razões do ZP

kika disse...

A melhor maneira de usufruires em pleno o teu refúgio,pois quando nos envolvemos em leitura absorvente, é uma catarse.. Gosto sempre de levar um livro comigo e nunca me arrependo, pois surgem sempre momentos em que nos apetece qualquer coisa mais...
Coisas leves, claro! As Crónicas de Lobo Antunes para me fazem pensar e rir ás gargalhadas!!
Nada que me obrigue a muita concentração.
São férias, os dias correm, as leituras acumulam-se e ficamos com as boas intenções, que trazemos de regresso para as tardes cinzentas de Inverno.
Comigo é assim!!

snowgaze disse...

Eu também leio sempre um monte de livros nas férias, porque durante o ano não tenho tempo. :) E ainda ontem li uma frase engraçada na time, era qualquer coisa como "no verão está demasiado calor para nos darmos ares de intelectuais, e por isso lemos os livros de que realmente gostamos".
Boas leituras!

Joaninha disse...

Olá bom dia! (quase boa tarde...)
O romance de que falas é magnífico, já o li e fiquei aqui com uma pedra no estômago (ou um nó na garganta? como é que será melhor?...) Duas vidas impressionantes vividas com uma distância assombrosa do resto do mundo. E o escritor que também descreve 'científicamente' sentimentos promete ser um grande escritor - creio que é o seu primeiro ou segundo livro.

Agora, quanto ao enquadramento do que dizes, não é nada livro para se começar as férias, é muito duro! (já acabaste?)

sem-nick disse...

Tens toda a razão quando escreves que «acredito que muitos de vocês passam pelo mesmo..».
Olaré!
Aqueles que acho que 'devo ler', muitas vezes vão e vem sem terem saído da mala! LOL!!

«Ai que prazer
Não cumprir um dever
Ter um livro p'ra ler
E não o fazer»

Ele sabia!!!!

mary disse...

Bem visto, Snowgaze !


"no verão está demasiado calor para nos darmos ares de intelectuais, e por isso lemos os livros de que realmente gostamos".

Pois é!

Abaixo as obrigações!!!
(olha que esse sueco é formidável! Isso nem são policiais são crónicas da vida na Suécia! eu gostei imenso, estou a ler o 3º)

Anónimo disse...

Em casa, todos nós levamos a nossa mala de livro. É até cômico ver a nossa disposição na ida e a nossa decepção na volta, quando muitas vezes nem a abrimos.
Quando eu era beeem mais nova eu lia durante o ano todo, sem parar. Chegava as férias e eu lia aqueles livrinhos que você já conhece o começo-meio-fim, só para não perder o embalo e para não ter que pensar. Tinha uma amiga qeu lia bulas de remédio, só para não ler os tais livrinhos. :)

Gostei da definição de números primos. No fundo, todos somos um.

Vou procurar por aqui o livro.

beijocas e aproveite por aí.

fj disse...

E depois ainda há os «livros de praia» não é? Aqueles que se levam para a praia porque os jornais é uma chatice que basta um pouco de vento para ficarmos sem eles e a ouvir toda a gente a bramar, e o que dá jeito são os de bolso.
E, já agora, dentro dos de bolso, uns de conteúdo leve porque deitados numa toalha não há alma que aguente muitas considerações...

O Números Primos creio que foi o primeiro livro do autor que é novíssimo! Vinte e alguns anos!

Anónimo disse...

Emiéle, à minha medida (não chega a ser "montinho") também não fujo à regra:))
Não haverá melhor publicidade para o "livro", eu também fiquei curiosa, "A solidão dos Números Primos"!!!

estrela-do-mar disse...

Uma das coisas de que gosto aqui no Pópulo é que identificamos tanto com aquilo que escreves.
:)
Confesso que sou tal e qual assim.
Tenho sempre mais olhos que barriga, deixo para as horas livres coisas que depois, ficam sem eu lhes mexer porque me interessou muito mais outras coisas.
É sempre assim!
Tens razão King com os tais «livros de praia. nem vale a pena levar um jornal (então o Expresso é para esquecer!!!) porque voa sempre. e não há nada mais ridículo do que se percorrer a praia a correr atrás de um jornal que voa!

mary disse...

E já viram 16 livros irresistíveis para iniciar os seus filhos na leitura este Verão
Pode a selecção ser um tanto discutível, mas tem a sua piada. E a ideia das estratégias também é gira, mas cá para mim a estratégia mais fácil é as crianças verem que os pais também lêem. Seguir um modelo de que se gosta é o mais fácil de tudo.

saltapocinhas disse...

Já estive com ele na mão para o comprar, mas depois acabei por escolher outro qualquer. Nem sabia do que tratava, peguei-lhe porque tinha ouvido falar.

O tal sueco também nunca li. Achas que é mesmo bom?

Anónimo disse...

Concordo com Mary tanto quanto a tal seleção ser discutível, quanto a importância dos pais em incentivar a leitura, eles mesmos lendo.

cereja disse...

Olá a todos!
(respondo só hoje aos comentários de ontem porque agora é que dá jeito o acesso à net)
Saltapocinhas, só posso dizer que eu gostei do primeiro. Para quem gosta de histórias ‘mais-ou-menos-policiais’ é muito interessante, e sobretudo o que achei fascinante foi o dia a dia da sociedade sueca. É um mundo tão diferente do nosso!
Joaninha, já acabei sim. Eu leio muito depressa (mesmo que depois volte atrás para saborear melhor as passagens de que gostei mais) e julgava que terminasse pior; apesar de ser natural que continuasse a solidão estava à espera de uma morte.
A todos os que ficaram com vontade de ler o livro, espero bem que não fiquem desiludidos! Mas como se sabe os gostos bem sempre são iguais.
Maria, pelos vistos somos muitos assim como descrevi J
Kika, sabes que ler é uma espécie de vício. Por exemplo, faz parte do ritual de adormecer, não consigo fechar os olhos sem ler nem que seja meia página. E certos romances são de facto catarses.
José Palmeiro como agora estás «sempre-em-férias» devias ter todo o tempo do mundo para leituras actualizadas. mas a gente sabe que nem sempre é como se pensa... Aproveita a presença dos teus meninos!

fj disse...

Estrela, quem falou na praia fui eu! O King anda de férias por aquilo que entendi.
Mas como ele é bem mais assíduo do que eu, aceito que nos trocasses. Bem feito para mim por não aparecer tanto como ele!!
:)

Anónimo disse...

Pois é.
Os «livros de férias» afinal variam de pessoa para pessoa.
Esse de que falas até já o li mas nunca o levaria para férias!

E claro está que depende do tempo que se tem para as tais férias. Quando temos 8 dias (não é o meu caso, graças a Deus!!!) só dá para um ou dois levezinhos, se o tempo é mais e estamos em casa própria como é o teu caso, pôe-se a leitura em dia!