E se calhar não queria
Quando vi uma referência à «reforma» (escrevo com aspas porque aquilo não se pode incluir na categoria de reforma) do Jardim Gonçalves, ri-me e disse para quem estava ao meu lado: «Também queria!»
Sabia-se, porque foi falado nos media, que Paulo Teixeira Pinto com 46 anos (de idade, não de trabalho!) tem uma reforma vitalícia de 500 mil euros anuais. Não encontrei quanto receberá o Jardim Gonçalves, mas palpita-me que não seja muito menos.
E para além dos trocos da sua reforma, quando viaja é em avião Falcon, e tem direito a 40 seguranças privados, tudo pago peloseu Banco.
Mas a verdade é que nem sei se eu queria mesmo.
Claro que queria ter uma boa reforma. Mesmo muito boa se fosse possível. Que me permitisse ter uma boa qualidade de vida, sem me preocupar com o dia de amanhã, com a subida dos preços, com a possível falta de saúde, com qualquer azar que acontecesse a um meu familiar.
Seria muito bom e confortável sentir a segurança que o dinheiro dá. Não me ralar com a renda da casa, não olhar logo para a coluna da direita nos restaurantes, comprar os livros ou músicas que desejasse sem fazer contas de cabeça. Isso queria.
Contudo, por um lado nem queria 40 seguranças privados (tchi que medo!) nem via a menor necessidade de um avião apenas para mim, e por outro lado sentir-me-ia muito desconfortável se soubesse que esses privilégios, essa reforma de luxo, era só para mim ou para uma dúzia de pessoas como eu. E o resto dos reformados? A verdade é que tais benefícios não poderiam ser partilhados - em nenhum país do mundo tal acontece, pelo contrário à medida que a qualidade de vida aumenta diminui o fosso entre ricos e pobres – e tenho a certeza de que não me sentia bem e contente a receber 500 mil euros e olhar à minha volta e ver aquilo que se passa.
Pensando bem, acho que não queria aquilo.
Mas que queria muito mais segurança do que tenho, ai isso nem se discute!
Sabia-se, porque foi falado nos media, que Paulo Teixeira Pinto com 46 anos (de idade, não de trabalho!) tem uma reforma vitalícia de 500 mil euros anuais. Não encontrei quanto receberá o Jardim Gonçalves, mas palpita-me que não seja muito menos.
E para além dos trocos da sua reforma, quando viaja é em avião Falcon, e tem direito a 40 seguranças privados, tudo pago pelo
Mas a verdade é que nem sei se eu queria mesmo.
Claro que queria ter uma boa reforma. Mesmo muito boa se fosse possível. Que me permitisse ter uma boa qualidade de vida, sem me preocupar com o dia de amanhã, com a subida dos preços, com a possível falta de saúde, com qualquer azar que acontecesse a um meu familiar.
Seria muito bom e confortável sentir a segurança que o dinheiro dá. Não me ralar com a renda da casa, não olhar logo para a coluna da direita nos restaurantes, comprar os livros ou músicas que desejasse sem fazer contas de cabeça. Isso queria.
Contudo, por um lado nem queria 40 seguranças privados (tchi que medo!) nem via a menor necessidade de um avião apenas para mim, e por outro lado sentir-me-ia muito desconfortável se soubesse que esses privilégios, essa reforma de luxo, era só para mim ou para uma dúzia de pessoas como eu. E o resto dos reformados? A verdade é que tais benefícios não poderiam ser partilhados - em nenhum país do mundo tal acontece, pelo contrário à medida que a qualidade de vida aumenta diminui o fosso entre ricos e pobres – e tenho a certeza de que não me sentia bem e contente a receber 500 mil euros e olhar à minha volta e ver aquilo que se passa.
Pensando bem, acho que não queria aquilo.
Mas que queria muito mais segurança do que tenho, ai isso nem se discute!
16 comentários:
Os tais extremos, não é Emiéle?
Nesta terra cada vez mais «terceiro mundo», vemos esses senhores com vantagens chocantes (se precisa de 40 seguranças lá saberá porquê...) e uma maioria cada vez «mais maioria» num sufoco desgraçado.
#%&$*€&!!!!
Se calhar dispensava os seguranças e o avião mas aceitava a reforma. Assim como assim, dava jeito...
Punha algumas contas em dia!
Olha que estou um bocado como tu. Àquele nível nem tenho nenhuma inveja. Claro que queria bastante mais do que tenho hoje. Muitas vezes penso que me sentia bem com o nível de vida de um dos povos nórdicos - Noruega, Suécia, Dinamarca - e sem mais nada. Ou seja, como aqui dizes, ter o suficiente para não me ralar com as coisas do dia-a-dia, educação dos filhos, doenças, manutenção da casa, distracções...
Claro que para isso precisava de muito mais do que tenho hoje, para além da certeza de não ficar desempregada, nem eu nem os meus filhos. Não era já o sonho do emprego garantido, mas a tranquilidade de saber que se perdesse um teria outra opção.
Este post liga-se com o debaixo. Digamos que para além do «caldo verde» queria um prato de arroz doce, um bilhete para o cinema na carteira.
A mim o que me dá ainda mais volta ao estômago é o Teixeira Pinto, com menos de 50 anos e essa «reforma».
Faço minhas as palavras do sem-nick!
(deixa lá ir copiar que é mais fácil)
#%&$*€&!!!!
#%&$*€&!!!!
#%&$*€&!!!!
#%&$*€&!!!!
Deixem-me agradecer ao "sem-nik", que inventou e ao King, que resolveu a situação.
Eu gosto é de os ver à briga!
Agora é o Berardo que está escandalizado com esses dinheiros que vê a sair do Banco.
Tadinho dele que fica pobbrezinho...
Foi a preguiça, Zé palmeiro...
Um copy/paste é sempre mais fácil.
Ehehehe!
Afinal pensamos o mesmo, não é?...
Seus grandessíssimos...É muita falta de pudor! Não falo por mim, embora esteja a passar um período difícil, mas sabendo de situações, bem piores, que nos rodeiam e a tendência são para aumentar, no mínimo, é revoltante!
Sei que é um "lugar-comum" mas, desse modo o fosso entre ricos e pobres está cada vez maior e a classe média a desaparecer.
O que se torna, ainda mais, desesperante é saber que não há vontade política para travar esse estado de coisas.
Na primeira página do Jornal de Notícias de hoje: Só os reformados de Lisboa e Setúbal ganham, em média, acima do salário mínimo. O resto dos reformados, nem isso atinge. A pensão média é de 385 euros, mas se para a média também entram os «reformados de luxo» como esses imagine-se o resto...
Não falo pela minha família que ainda se tem para alguma dignidade, mas...
Copiando a notícia que dá origem ai título da edição em papel:
«só em quatro concelhos a pensão do reformado médio permite-lhe ultrapassar o limiar de pobreza (360 euros. São eles Lisboa, Setúbal, Porto e Aveiro.»
Mas para insistir nas assimetrias terceiromundistas, em Bragança, «cuja pensão média (272€) é quase metade da paga na capital (504€)» é também exactamente «em Bragança,que há reformas milionárias»!!!!
VER-GO-NHA!!!!
Pois é Zorro, completaste muito bem o meu post. Como ali disse eu teria vergonha em receber uma 'pensão' dessas com ou sem Falcon!
King e Palmeiro, isso é que são desabafos 'encriptados'
Eheheheh!!!
:) Mas apetece chamar uns nomezinhos, pelo menos desabafa-se.
Maria, é isso. Mesmo que apertemos o cinto e não se viva como há uns anos, a gente sobrevive. Mas olhamos à volta e é um sufoco!
Ficamos a pensar e, reconheço, cheios de raiva miudinha! (existe raiva miudinha? como o nervoso)
É certo que os ordenados ou reformas dos banqueiros não são pagos pelos contribuintes, pelo que ainda irrita mais as reformas de luxo na Administração Pública -que também as há! - mas são pagas decerto pelos depositantes. Esses senhores devem ter contas de um tamanho que custa a imaginar. Aliás imagino bem que nem estejam em Portugal devem estar lá na Suíça, ou nesses tais "paraísos fiscais" em ilhas exóticas! Os lucros do Bancos de um modo geral são chorudos (e quando não são alguma manigância houve) os juros que nós pagamos quando precisamos de um empréstimo são assustadores, mas os que nos oferecem quando lá depositamos dinheiro fazem rir!
E os gajos vão ter reformas de mais de 40.000€ por mês?!?! Mais do que custa uma casa que levamos a vida toda a pagar?!
Posto assim, Mary, até arrepia.
Ganham POR MÊS mais do que preço da nossa casa (e uma casa boa!)
Tal como dizes, levamos trinta anos ou mais a pagar essa coisa - um terço do tempo é a pagar os juros - e estes senhores recebem num ano mais de 12 vezes isso...
Também não queria ser assim rica a perder de vista...
E muito menos sabendo que era à custa da miséria de muitos!!
Não é, Saltapocinhas? Não nos sentíamos bem.
São coisas...
Mas o interessante é que eles provavelmente não se sentem assim 'ricos a perder de vista'; deve ser tudo relativo. Esse dinheiro que como viu a Joaninha daria para comprar uma casa por mês, para eles tem já destino para manter o status da sua bela vida...
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