quarta-feira, junho 17, 2009

O espírito do desporto

Sábado passado a tv transmitiu futebol num «jogo a brincar». Mais do que um jogo amigável, era um jogo entre amigos.
Um punhado de jogadores profissionais, alguns já reformados mas ainda excelentes jogadores, e outro punhado de amadores, com nomes sonantes noutras lides, enfrentaram-se num jogo de futebol cuja receita revertia para acções de beneficência. O que quer dizer que estavam ali a jogar pelo gosto de jogar, sem lucro nem económico nem de glória. E para mim foi uma hora e meia muito agradável! Contra aquilo que muitas vezes se vê em jogos profissionais, aqueles jogadores – quer a sério quer amadores – não paravam um minuto, viam-se sempre a correr ali no campo, e ainda por cima o jogo acabou com muitos golos, coisa que dá sempre gosto (a frustração que se sente ao ver um jogo de futebol a acabar com zero a zero como acontece tantas vezes!)
Ali foi uma beleza, 7 a 4, e até houve um penalti…

Mas o mais agradável foi a boa disposição que eles mostravam. A agressividade, a violência escusada, a irritação que tantas vezes acompanha os jogos de futebol, estava completamente ausente. O árbitro era uma ‘árbitra’ e ninguém contestou o que ela mandava (excepto a vez em que mostrou um cartão amarelo, talvez para dar ar ao cartão, e o jogador ‘amarelado’ lho pediu e lho mostrou a ela, talvez o momento mais apalhaçado do encontro que de resto até foi a sério). É claro que não se cansaram lá muito, sobretudo os amadores porque havia muito mais do que 11 jogadores de cada lado e as substituições foram muitas. Até o ‘treinador’, o Mourinho que costumamos ver de sobrolho carregado e expressão concentrada e séria, ali estava com um sorriso aberto e muito bem-disposto.
Quando terminou também eu tinha um sorriso e um pensamento. Porque não poderá ser sempre assim?!
Há quem diga que o futebol dos tempos de hoje é uma espécie de sublimação das guerras de outros tempos e que as pessoas canalizam para aqueles «guerreiros» em campo-de-relva a energia que não se gasta em campo-de-batalha.
Não sei, não. A verdade é que as guerras ainda existem por todo o lado, o mundo está bem longe de estar em paz, para além de que esse excesso de energia bem poderia ser canalizado para outras «guerras» onde ela seria bem necessária. E um futebol assim, amigável, bem-disposto, sem golpes baixos, que terminou sem taças mas com um jantar com todos os participantes, lavou-me a alma.


Eu seria uma espectadora bem mais assídua se fosse sempre assim!

17 comentários:

fj disse...

pá que post tão viril!

fj disse...

Caraças, surpresa. Mas umbocadito de sangue não faz grande mal...

Anónimo disse...

Oh Emiéle, belíssimo "relato", não vi o jogo, agora fico com pena de não ter visto esse espectáculo, singular!
Soube que o figo ia participar ou organizar um de beneficência, terá sido esse?
No futebol de hoje, há muito dinheiro em "jogo"...

cereja disse...

Mas a gente tem tanto sangue todos os domingos, bolas...
Até pode ser que este modelo fosse excessivo, mas por exemplo o que se vê nos desportos 'mais amadores', os jogos de okey em patins, ou rugby por exemplo... Há entusiasmo mas não se sente a força do dinheiro.

Anónimo disse...

Olhem gentes, eu vi, e estou de acordo com a Emiéle. Foi uma bela tarde, e o Figo jogou muitíssimo bem. Não esteve ali a «fazer de conta». E os profissionais, mesmo na reforma, mostraram porque é que foram nomes grandes. Aliás os amadores também jogavam qualquer coisa, mais do que eu!!!

Foi muito agradável de ver, sim senhor.

cereja disse...

Ups!!!
Queria escrever Hóquei, ou Hockey, mas saiu aquele híbrido esquisito. Deve ser do calor...

fj disse...

Não me refiro a qualqauer sangue, mas a certo sangue ( o cinzento). Que de mais belo que uma fratura exposta numa perna desses?
Olha se queres desporto viril não é o nosso OK ( bem superada a grafia, ein?), vê o OK no gelo. Melhor que tudo.
Não sei se sabes que o figo pode candidatar.se a presidente da fpfutebol. Mas o madail já começou a queimá-lo, dizendo que daria um bom presidente. Que diabo, o psd com tanta gente inteligente, não tem um para o futebol?
E que corre perigo, o madail é lá deputado...

fj disse...

FJ, cá eu imagino esse sangue assim mais tipo dourado, o ouro líquido que lhes deve correr nas veias...
E, Emiéle, a verdade é que o nosso povo (e não só o nosso) vai ao Estádio como os romanos ao Circo, para ver os gladiadores - sem pancada não acham graça.

Olhem, também vi parte do jogo, (só lá cheguei já estava a decorrer) e até nem achei mau. Houve substituições a mais, mas tinham de «rodar» as vedetas todas... E achei graça à boa disposição do Mourinho.

josé palmeiro disse...

Estou como a Maria, não vi o jogo!
Quanto ao resto alinho pela equipa da Emiéle, Maria e King. As demais visões da coisa desportiva, não as alinho por esse parâmetro.

josé palmeiro disse...

Só dizer mais uma coisa, tanto o Hoquei em Patins como o Rugby, como praticamente todas as modalidades, se praticadas ao nível da excelência, são altamente profissionalizadas, com a atribuição de bolsas ou outras formas de pagamento, pois os atletas, para darem aquele "máximo", não o podem fazer de outra forma. A mentalidade de quem os pratica e de quem os venera é que é diferente.
Quanto a esse "jogo", uma imensa pena de o não ter visto. Espero que mereça uma ou várias repetições pois é com esses exemplos que se modificam as mentalidades.

Anónimo disse...

Tens toda a razão, Zé Palmeiro. Não é pela maior ou menor profissionalização, é pelo espírito com que se encara a coisa. Afinal os grandes atletas que vão aos Olímpicos também são profissionais e contudo não têm o espírito que os nossos jogadores de futebol têm...
(já viram que o famosíssimo CR7 não foi a esse jogo?... não dava pilim!)

Joaninha disse...

Olhem também não vi...
Estava de férias, e nem vi tv!

Mas ainda bem que assim foi. (Eu sou fã do Luís Figo; não o ponham na FPF por-amor-de-Deus!!!!)

cereja disse...

Este era um post 'levezinho' que estava na minha cabeça desde sábado. É que soube-me bem ver aquele jogo.
É claro que de vez em quando pode haver uns jogos com mais agressividade, (o FJ tem esta mania do politicamente incorrecto mas é para provocar) mas se a média fosse assim, era bem agradável!

fj disse...

Não Zorro, ou D.Diego, como prefiras não conheces o meu carater, docil, pacifico,humilde ( talvez não tanto no trânsito e no futebol), não tenhp desses pensamentos.É mesmo cinzento, espécie raríssima, mas que emiele, por conhecimento familiar,te pode explicar.Infelizmente tentei arranjar em fotografia ( rx, claro)mas aí somos todos cinzentos.Que pensamentos perversos, raio.

fj disse...

É. Nesta «altura do campeonato» (como se costuma dizer e não nos referimos ao futebol apesar da imagem vir daí) acho que já topo um pouco o humor do FJ, que não é nada cinzento. Falo do humor, de resto é um tanto pessimista, mas eu também a respeito de muitas coisas...
Olha, quanto ao trânsito não há NINGUÉM, mas mesmo ninguém que eu conheça, que não fique a ferver com coisas que noutra situação era de encolher os ombros. Estar atrás de um volante dá-nos outra personalidade
:)
De futebol gosto com um pedrinha de sal ou fica muito insosso, mas aquele até isso teve. Foi giro.

gui disse...

Ai, Emiéle, mas olha que o Charlie Brown como jogador...
Hihihihhi!...
O boneco é giro, mas quanto a desporto... :)

cereja disse...

Pronto, pronto.. Era mesmo para gozar um pouco, Gui...
Zorro, por acaso também acho que um volante à nossa frente faz vir ao de cima os nossos piores instintos e a linguagem mais grosseira :)
Quanto ao FJ, é um tanto pessimista, mas isso já não tem remédio. O sangue cinzento é um claro exagero, é evidente!....