sexta-feira, maio 01, 2009

Primeiro de Maio


Há dias conhecidos pelos números.
E outros pela ordem.
Esses são os dias importantes.
Nós dizemos o Primeiro de Janeiro, ou o Primeiro de Dezembro, mas não se costuma dizer «primeiro de Fevereiro» mesmo que seja um dia bonito e simpático. Talvez porque não seja muito diferente do «segundo de Fevereiro»...
E entre os Primeiros temos o de Maio.
Hoje, em Portugal, é um dia feriado. Achamos natural. Aproveitamos esta pausa para assuntos da nossa vida particular, passeamos que costuma ser um dia de bom tempo, ou dedicamo-nos a actividades de que gostamos ou precisamos.
Mas o feriado é natural, está adquirido.
Os, de nós, mais comprometidos sindical ou partidariamente podem participar nos desfiles ou manifestações, outros concordando que se façam os ditos desfiles e festas, ficam contudo recolhidos com assuntos que de momento os ocupam.
Porque é natural haver Festa.
Tão natural que nos podemos dar ao luxo de nem participar
.................
Eu faço parte dos que ao ouvir «Primeiro de Maio» automaticamente o espírito volta a 74. E quem viveu AQUELA FESTA todas as outras lhe sabem a pouco. Porque foi naquele dia que se teve a certeza de que o «25 de Abril» não era já um sonho e tinha passado para o terreno da realidade.
Hoje celebramos mais um 1º de Maio.
É mais um.
Parece-nos tão natural como abrir uma torneira e sair água limpa.
Só podemos desejar que essa água continue a jorrar e sempre limpa.

10 comentários:

Joaninha disse...

Todos nós Emiéle, mesmo os que ainda eram crianças nessa altura, temos essa maravilhosa recordação.
daí, o «saber a pouco» a actualidade.
Mas ainda bem, que esses momentos gloriosos não se esquecem.

josé palmeiro disse...

Como já sabem, eu estava em Moçambique, no "NOSSO" 1º de Maio, logo não tive o privilégio de o viver como vocês. A realidade, se bem que semelhante, era outra, as coisas, em cenário de guerra, ou de pós-guerra, ou de guerra surda, eram bem diferentes, isto apesar de, na zona em que eu estava, as coisas irem rolando. Passado aos microfones do Rádio Club de Moçambique, emissor regional de Vila Pery, difundindo toda a música e palavras que podessem ter conotação com o dia e escutando avidamente, as notícias que nos chegavam de Lisboa...

josé palmeiro disse...

Deixei de aparecer como era hábito e não sei porquê.

fj disse...

Deixaste de aparecer a azul, não é? É que deves ter desactivado qualquer coisa, eu agora até parece que tenho blog e tudo lol!!!

Imagino Zé Palmeiro como fosse frustrante estar longe e sem poder entrar na Festa. Como a Emiéle lembra são recordações inesquecíveis. Quando se gritava «o povo unido!» era mesmo o povo unido!!!!!!
Se repararem isso também foi com o vento. Agora não há povo há «portugueses e portuguesas» (e talvez portuguesinhos ao falar para as crianças...)
Outros tempos.

kika disse...

O Dia do Trabalhador ou dos Desempregados???
Nem a água é um bem adquirido, pensa nisso!

Anónimo disse...

Olha Kika, vamos chamar-lhe Dia do Trabalho,para ser mais abrangente.
:) Realmente a Kika chama a atenção para o facto sinistro de que se for para comemorar nesta altura devia haver muito menos na festa. Porque quando nasceu, há mais de 100 anos, (1886) os trabalhadores saíram à rua para pedir uma jornada de trabalho de «apenas» oito horas! Agora, de sair-se à rua para pedir seja que trabalho for!!!

De qualquer modo, entendo bem a Emiéle, «quem viu aquele 1º de Maio» nunca o vai esquecer!

Anónimo disse...

Voltei a ler o post.
Respondendo à Kika, tem graça que afinal a Emiéle o que disse é que hoje fazer-se esta festa em liberdade «Parece-nos tão natural como abrir uma torneira e sair água limpa.», portanto, queria dizer que o abrir a torneira e dela sair água não é assim tão natural.
De facto não é.
Assim como fazer-se esta Festa, não o era há 36 anos.
Completamente proibido!

fj disse...

Imagem muito bonita e ajustada.
Embora "coisa " única e inesquecivel, partilho um pouco o que sente ZP, por se ter tornado "inatingivel" e ficcional, mesmo tendo nela participado.

Pedro Tarquínio disse...

De certo que o 1º de maio de 74 foi um dia em grande. Foi festejado com tal intensidade que me ficou gravado na memória de petiz, a dias de fazer os 3 anos!

Em 2009 tenho de concordar com as palavras da Kika.

cereja disse...

Pedro, nem acredito que ainda te possas lembrar, assim tão pequenino!
Tenho uma amiga que tinha um filho mais crescido do que tu e se lamentava durante o desfile «porque é que não o trouxe...» mas ainda se tinha algum receio. O receio desapareceu nesse dia, mas até aí ainda se estava a ver como é que as coisas ficavam.