domingo, abril 12, 2009

Utopia – Saúde

Logo depois do «25 de Abril» um dos sonhos mais importantes que foi realizado foi a criação de um bom Serviço de Saúde.
Até então existiam Hospitais Públicos onde as pessoas doentes eram razoavelmente atendidas e a medicina privada onde eram
também acompanhadas em melhores condições e mais rapidamente. Mas a criação de um Serviço Nacional de Saúde foi uma preocupação prioritária, e isso ainda durante os Governos Provisórios.
Não foi fácil dado o estado em que o país de encontrava – por um lado as necessidades existentes e por outro a contenção de verbas, necessário nos primeiros tempos. Mas o empenho e vontade política foram gigantescos e hoje podemos respirar fundo e sentir uma segurança enorme, nesse campo.
Os cuidados de saúde foram «descentralizados» um pouco de acordo com o modelo dos países nórdicos, ou seja hoje um português que viva no interior ou na capital, tem uma resposta rápida e adequada seja qual for o seu problema de saúde porque o Poder Local está empenhado também na solução desse problema. Claro que as grandes respostas se situam nas capitais de distritos, mas a rede de transportes, até por via aérea, é tão completa que não é concebível uma pessoa adoecer e não ter quase de imediato o tratamento adequado, mesmo que viva longe de um grande centro.
Aliás, nós hoje temos uma Medicina Preventiva de tal modo bem estruturada, que só se torna necessário o transporte de urgência de um doente em caso de acidente, porque toda a gente tem um Médico de Família que conhece profundamente o que se passa com as pessoas que estão a seu cargo. e sabe prever a tempo o que pode vir a ser necessário. A nossa média é de um médico para cerca de 120 famílias, com os correspondentes serviços de enfermagem e terapias diversas, de modo a poder atender todas as situações possíveis, de imaginar incluindo os casos de Saúde Mental que têm uma boa resposta incluída no nosso S. N. S.

Uma das situações a que de início foi difícil dar uma resposta eficiente foi a dos atrasos nas cirurgias. Havia então, «listas de espera» para cirurgia que se arrastavam por um tempo exagerado, provocando um grande desgaste - até psicológico - a quem necessitava de uma intervenção desse tipo. Foi necessário um grande esforço, à época abriram-se novos blocos operatórios por todo o lado quase em tipo ‘hospital de campanha’ e os que existiam funcionavam sem nunca parar. Porque era necessário «pôr-se a casa em ordem» o esforço inicial foi muito grande, contudo, uma vez ultrapassada a barreira que era esse grande atraso inicial, tudo se tornou bem mais fácil. Hoje, se o nosso médico de família nos envia a um especialista e este considera que é necessário uma intervenção cirúrgica para curar o mal de que sofremos, esta processa-se no mais curto espaço de tempo possível, como dantes acontecia nas clínicas privadas.
A verdade é que este método, a extrema rapidez de resposta, mostrou ser até economicamente mais correcto, porque se atacamos a doença ainda «no ovo», ela não se desenvolve, e o Estado acaba por 'poupar' bastante dinheiro – além de muito sofrimento ao doente e família, como é natural.

É certo que há quem deseje um outro tipo de atendimento com mais ‘luxo, quartos mais requintados, cuidados mais individuais, se o desejar tem clínicas privadas onde se pode sentir como num hotel, mas nesse caso já a conta a pagar não é da responsabilidade do Estado.
E, pouca gente opta por esses equipamentos, pois através do nosso S.N.S. sabe que está em boas mãos, com um atendimento eficiente e atempado.

Valeu a pena.

8 comentários:

AB disse...

Bom isto já passou de utopia a ironia pura.Boas PASCOAS!aB

FJ disse...

O melhor é mantermo-nos na utopia

Anónimo disse...

Tenho andado fora destas lides da net e sem te visitar, nem comentar obviamente.
Realmente o que é o sonho...
Eu, depois de te ler, fui verificar e confirmei que a tal «média de um 'médico de família' para 120 famílias» é de inspiração cubana, né? Pelo menos são os números conhecidos, ou ditos. Realmente se acrescentassem os correspondentes serviços de enfermagem e terapias, não haja dúvidas de que era quase a prevenção total!
É certo que mesmo na euforia dos primeiros tempos não se imaginou tanto, mas se nos prevines quer é um exercício de 'utopia'...

Como aqui disse o FJ, eu jogo mais pela utopia e não como diz a AB pela ironia.

sem-nick disse...

Gostei.

Era difícil? Era.
Era impossível? Não creio.

Anónimo disse...

Ainda cá voltei a acrescentar uma coisa, porque a verdade é que por um lado nos primeiros tempos até se deram uns passos correctos e o esboço do SNS do post Abril estava correcto. É impressionante ver como andámos para trás.

E como disse o sem-nick, impossível não era. As prioridades é que teriam de ter sido outras. Completamente!!!

Joaninha disse...

:)

Era bom, era...
Afinal tal como aqui dizes, nem parece uma coisa impossível, não é?

cereja disse...

AB, acaba por ser ironia dado as reviravoltas e os retrocessos que existiram, como lembrou o King. O Serviço Nacional de Saúde já quase que só ficou com o nome, mas se outros o puderam fazer, o que raio nos faltou?!

King, que golpe de vista! Realmente fui bisbilhotar os números lá da 'ilha' que tem fama de ter conseguido manter a saúde dos seus cidadãos num nível invulgar. Até se vão lá tratar gentes de outras zonas... Como o resto é tão mau, é porque ali organizaram as prioridades de uma forma oposta àquilo que cá se fez.

josé palmeiro disse...

Ontem, com a ida para Água d'Alto, não comentei nada, porque as tarefas culinárias também não mo permitiram.
O esforço que se fez, no pós 25 de Abril, em prol da implantação do SNS, foi uma coisa impar. Depois foi o cair, cair, cair, até chegarmos ao que hoje temos, não sei por quanto mais tempo. Foi mesmo aquele torrão que se esboroou na nossa mão.