segunda-feira, abril 13, 2009

«Posse de terreno»

Nos tempos antigos tinha grande valor ser-se dono de terra.
Bem hoje também é importante, é claro, sobretudo se o terreno for urbano. Já o terreno rural perdeu alguma importância a não ser que seja uma grande extensão. O importante actualmente são valores bancários, acções, coisas dessas, menos «materiais» do que o chão.

Mas há uma excepção - quando o tal ‘chão’ é um lugar de estacionamento, as pessoas perdem a cabeça. Nas cidades sabemos como é. Muitas das Câmaras descobriram a galinha dos ovos d’oiro nos parquímetros que espalham por tudo o que é sítio na intenção, dizem, de disciplinar o estacionamento. Claro que para além disso vão ganhando uns cobres.
Enfim, estão no seu direito sem dúvida, apesar de ser sempre com alguma irritação que meto as moedas nos parquímetros ou que recebo uma «multa» da EMEL [quando, por exemplo na semana passada, não reparei num sinal que assinalava ser aquele local de descargas porque o estacionamento em 2ª fila – não multável pela EMEL - ocultava todos os sinais verticais...]

Mas o mais interessante é quando essa disputa-por-estacionamento acontece numa aldeia pequenita.

A aldeia para onde costumo ir é antiga. Muito. As ruas foram planeadas para o trânsito de burros ou cavalos. E agora que toda a gente (mesmo os aldeões) têm o seu carrito, parar lá é um bico-de-obra.
No meu cantinho, há um beco onde com boa vontade lá conseguíamos arrumar uns 3 ou 4 carros. Mas
acontece que um dos meus vizinhos tem a casa em obras. É também uma segunda residência e pelos vistos ele não está com muita pressa, nem ele nem o empreiteiro, porque há bem mais de um mês que o monte de areia, a betoneira, e uns objectos cobertos com um oleado, ocupam a via pública mesmo em frente da sua casa, sem aparentemente serem mexidos.
E, claro, não deixando estacionar ali.
Mas um outro vizinho, que ainda por cima tem uma casa com um grande portão por onde poderia entrar o seu carro, gosta de o deixar cá fora. Está no seu direito. Só que agora descobriu «um truque»: quando precisa de sair com o carro, deixa ‘o lugar marcado’. Arranjou dois cones às riscas, que planta na rua, e quando regressa, recolhe os cones e estaciona o carrinho… Foi o modo que inventou para ‘marcar o território’.

E eu ainda não arranjei coragem para lhe ir dizer que não pode fazer aquilo, está numa via pública!



10 comentários:

fj disse...

lololol!!!
Sem comentários.

E o senhor deve achar que inventou a pólvora. Se aquilo é para impedir a passagem, dá para todos!

(aqui para nós, tás chateada p'ra burro, com isso da multa, é? Como foi?)

Joaninha disse...

E se não podes vencer porque não juntares-te a ele? Arranja uns pirolitos desses para ti!

josé palmeiro disse...

São casos desse que nos revelam o grau de cidadania em que nos encontramos.
Se calhar julga-se dono do mundo?
Há que lhe mostrar, como fizeste ou então roubar-lhe os cones. Provavelmente, eu pegava neles e mandava-lhos para dentro do quintal.

cereja disse...

Não resisto a vir responder ao Zé Palmeiro, apesar de não ter tempo de responder a todos.
Deve ser um gene masculino, meu caro!
Sabes que enquanto lá estive, passou por lá em visita um comentador daqui, o FJ. Eu tinha contado a história ao telefone, e reparei que ao chegar, antes de bater á porta ele foi rondar o carro do outro. Perguntei o que tinha ido ver e ele - tal e qual como tu!!! - diz-me que tinha ido procurar os cones para os rapinar!
Infelizmente o vizinho quando o carro está lá, recolhe esse 'material' e não havia nada à vista!!!!
Vocês, homens, são tramados!

fj disse...

Eu até acho pouco...mas o minimo é rouba-los, ao menos deixar roubar.A multa infelizmente, julgo que deve ter mesmo de ser paga.

Rosarinho disse...

Ai a beleza e a paz do campo, lol!

André disse...

Pois é, isso deve ser a ciência da chico-espertice...!

cereja disse...

Eheheh, Rosarinho! é a chamada «paz entre vizinhos»!!!
(por acaso os outros são bons vizinhos, mas este de facto é parvo, só pode!)

André - é isso : ciência da chico-espertice, mas o pior é que resulta com uma atada como eu!

Alex disse...

Podes rapinar os cones, para dentro do teu porta bagagens, claro, para quando ele arranjar um novo par pores à entrada ou saida da rua... alguém irá discutir com ele
No entretanto eu arranjaria uns paus compridos para espetar nos cones, à entrada da rua, com uma cartolina bonitinha a dizer PROPRIEDADE PRIVADA, acrescentando ou não quaisquer outros dizeres que, estou certa, ficariam bem entregues à tua (vossa) criteriosa imaginação, ou mesmo com o nº da porta do Senhor Feudal lá do sítio; diverte-te, não te chateies. Podes sempre dizer que o bicho te ameaçou, a ti pobre e cumpridora senhora.

cereja disse...

Ali o que se passa é que se eu quisesse «comprar uma guerra» até a comprava baratinha, bastava-me muito simplesmente estacionar à porta da minha casa! Não incomodava «a excelência» lá no seu 'privado' e deixava o meu carro à porta da minha casa. Se o fizesse ele não saia dali porque não tinha onde dar a volta...
Mas isso era se fosse má.
Até sou boazinha, e estou confiante que aquilo seja uma mania temporária...