quarta-feira, abril 29, 2009

Estamos prontos a acreditar em tudo

É certo que existe violência.
É verdade que há roubos e assaltos.
Sem dúvida que acontecem crimes e sobretudo os casos de mulheres agredidas e até mortas no que se chama «violência doméstica» aparecem agora em público com mais frequência.
A vida não decorre como há cem anos, há roubos mais sofisticados, novas formas de vigarice, muita agressividade.
Mas já chega a que existe, não é preciso empolar as coisas.
A comunicação social, sobretudo, mas alguns FW da net logo a seguir, fazem mais pela nossa insegurança do que muitos bandidos. Na medida em que se exagera e chama a atenção para situações perigosas, aumenta no espírito das pessoas o medo, que gera mais insegurança e as torna de facto vulneráveis.
Creio que todos vocês estão cansados de receber milhares de FW a avisar de situações estranhíssimas que polvilham o nosso quotidiano das tais «lendas urbanas». São agulhas envenenadas espetadas nas cadeiras dos cinemas, são meninas que nos dão um perfume como amostra mas é clorofórmio para nos tornar inconscientes, são ciladas de todo o tipo que recheiam as ruas da nossa cidade. Por favor!...
Eu, com a maior franqueza que já há tempos que tinha um feeling de que algumas, ou a maioria dessas mensagens de alarme, vinham do Brasil. Lá, de facto, penso que algumas das situações descritas até possam suceder. Mas o facto de falarmos todos português, e o texto ser escrito na nossa língua não quer dizer que a situação se passe cá!
A semana passada, recebi um vídeo muito chocante de um jovem a ser espancado, diziam que na «24 de Julho». Pelos vistos houve variantes, porque esse rapaz também foi espancado no Porto e como ponto final, parece que afinal aquela cena horrorosa foi o ano passado em Sorocaba, no Brasil.
...assim como 99% das histórias que ouvimos contar.


13 comentários:

Anónimo disse...

Sabes que já fico agoniado de ouvir falar tanto em «segurança»?!
Segurança para aqui, segurança para ali, o pânico por tudo e por nada, é um enjoo...

Joaninha disse...

Olha, eu também recebi esse FW, e referia a «noite lisboeta». no meu caso não falava em 24 de Julho, mas enfim...
O que me faz pasmar, é que há quem se dê ao trabalho de adaptar essas mensagens assustadoras à nossa realidade. Também já comparei umas 'brasileiras' com outras passadas aqui, no Carrefour, ou em Almada, e são uma cópia perfeita.

kika disse...

Insegurança existe. É um facto natural que decorre de tanto desemprego etc etc aliás no Brasil esses crimes são pelos mesmos motivos.O que é nojento é esse empolamento feito na base da mentira criando pânico desnecessario. Agora quando for ao cinema já vou ficar atenta aos bancos..tás a ver.É triste!

josé palmeiro disse...

Dou a mão ao King, nesta odiosa campanha securitária.
Sugestivo o cartaz!

André disse...

Concordo que haja na sociedade uma espécie de síndrome de "BIG BROTHER", mas também não custa nada andar com os cinco ou mais sentidos bem despertos, que quando menos se espera... mas isso tanto se aplica hoje como há, por exemplo, cinquenta ou cem anos atrás, basta consultar alguns periódicos da época, os métodos é que são outros e, claro, também a dimensão societal é bem diversa.
Mas o exagero sempre serviu às mil maravilhas para vender tablóides e alimentar o espectro de certas estações televisivas (TVI, por exemplo), que adoram explorar, até mais não, a desgraça alheia.

fj disse...

O pãnico ( da violenca, do desemprego, da precaridade,tantos outros )parece-me mesmo uma arma utilizada, conscientemente nas fontes, pelos certos dirigentes actuais.

sem-nick disse...

Exactamente, FJ.
É uma «arma» que vai tendo a pontaria ajustada conforme o que assuste mais no momento. E o pânico vai aumentando.
Tal como disse o André Palmeiro e a Emiéle diz indirectamente no post a violência não é de hoje mesmo que se queira fazer acreditar que sim.
(A Emiéle diz indirectamente quando refere a violência doméstica, que apesar de nada justificar, não sei se terá aumentado assim tanto ou se felizmente as mulheres hoje têm menos medo de se queixar)

Mary disse...

Bom post, emiéle. Penso muitas vezes o mesmo.
o excesso de cautela não ajuda. Claro que como disse o André, algum cuidado é preciso, mas tal como sempre foi. que haja gangs e essas coisas nós sabemos mas afinal os bandos de ladrões desde do tempo do Ali Babá que existem. e alguns ladrões até andam por aí com carro e chaufeur...

Mary disse...

Esta 'piadinha' final era para levar mais explicação mas entrou sem eu mandar. Queria dizer que esses de fato e gravata também andam em bandos e protegem-se uns aos outros. olarilolé

saltapocinhas disse...

tens toda a razão!!
e incentivam a desconfiarmos de tudo e de todos, a não ajudar ninguém porque tudo são ciladas de malfeitores!

eu tenho como lema uma frase que li há muitos anos, que era mais ou menos assim: perdemos muito por confiar demais, mas perderemos muito mais se desconfiarmos"

eu apago essas coisas e não lhes dou crédito nenhum... sou uma crédula!

Mas acabei agora de chegar do blog do "santos passos", não sei se te lembras dele que conta uma história bem interessante! vale a pena copiá-la para aqui, como complemento desta!
já cá venho trazer o link!

saltapocinhas disse...

cá está ele:

http://santospassos.blogspot.com/2009/04/beira-da-estrada.html

cereja disse...

Olá Saltapocinhas, sou tal e qual como tu, e acho que mais feliz do que quem anda sempre em alerta contra tudo e contra todos!

Vou espreitar o «Santos».

cereja disse...

Já fui lá.
Cai que nem sopa mo mel!!!!
Aliás, quando foi aquela coisa das 6 verdades e 3 mentiras, aqui a minha amiga Alex, contou uma que também não se acreditaria e vem ao encontro do que pensamos. é claro que isto são excepções, mas o que se houve são «as excepções» no outro sentido!!!
A história da Alex é a quarta história neste post.
Ora vejam lá!