domingo, abril 05, 2009

Educação (Utopia)

Estamos na primeira década de 2.000 e pensamos agora que quando o Sérgio cantou «Só há Liberdade a sério quando houver, paz, pão, habitação, saúde e educação» sabia o que dizia.
Temos a noção hoje em dia, que se ainda temos muito caminho pela frente - é certo que nunca se pode estar completamente satisfeito com o que já temos - a verdade é que sentimos a tal «liberdade a sério».

A Educação em Portugal pode hoje servir de modelo a outros países à partida com mais possibilidades e com belas tradições. Não temos tudo resolvido é claro, mas a Escola é o local onde existe uma maior partilha de toda a comunidade.
Lembremo-nos que, logo de início, se investiu em pleno da educação pré-escolar, de modo a, logo à partida, diminuir as diferenças naquilo que tinham de mau e valorizá-las nos aspectos positivos. As nossas crianças, ainda antes de iniciarem a aprendizagem curricular, já dominam as técnicas que vão permitir uma melhor aprendizagem e a sua família colabora intimamente com a escola. Como a boa aprendizagem é coisa que interessa tanto o professor como os pais, é interessante ver a enorme participação das famílias, ajudando e colaborando com a escola em tudo o que é necessário.
Os grupos de alunos são pequenos e gostam muito de trocar conhecimentos e partilhar os seus saberes de modo a reforçar o grupo.
O nosso ensino oficial é modelar, devemos reconhecê-lo. As instalações são excelentes, e todos os técnicos de ensino são especialistas com excelente formação, escolhidos com cuidado para uma profissão tão séria e respeitada. O trabalho é um prazer.
Se alguns pais preferem que os filhos frequentem o ensino privado a escolha é livre. Muitas vezes tem a ver com tradições familiares, ou religiosas, e cada um decide em liberdade.

Hoje em dia podemos dizer que todas as crianças estão integradas. e bem. As escolas estão preparadas para receber meninos com deficiências e, nesse caso, o grupo é mais pequeno ainda e os cuidados que se prestam de acordo com a necessidade da criança, podendo até ser individuais. Mas ninguém fica fora do sistema de ensino, apreenderá até onde as suas capacidades o permitam de modo a ficar autónoma.
Cada jovem é apoiado a seguir a sua vocação. Como em todas as escola existem psicólogos preparados para analisarem o comportamento de cada aluno, no final da adolescência já se esboça em que tipo de profissão ficará mais realizado e aproveitado. Como, entretanto, os outros organismos do Estado já fizeram projecções analisando que tipo de necessidades a sociedade terá dentro dos anos que faltam até eles completarem a sua formação, quando estiverem preparados para começar a trabalhar, sabem que terão à sua frente um trabalho onde as suas competências e gostos serão bem aproveitados. Hoje, um jovem acaba a sua formação académica bem preparado e, sem hierarquias de ‘importância social’. Sabe que trabalhar numa oficina, num jornal, numa sala de operações de um hospital, ou em jardinagem é sempre um trabalho útil e respeitado.
Temos também a nível do ensino universitário, de investigação, para além dos nossos bem preparados professores, felizes com a sua profissão, alguns dos melhores ‘cérebros’ do mundo, porque como o nosso clima é excelente, depois de jubilados, muitos cientistas de renome, vêm instalar-se no nosso país, onde têm o prazer de participar em seminários e grupos de estudo onde o seu saber é precioso.
Enfim, desde os 3 aos 23 anos, os nossos filhos recebem o melhor ensino que é possível oferecer-lhes de modo a virem a ser pessoas felizes e preparadas para um trabalho onde se sentem bem.

10 comentários:

Joaninha disse...

É verdade que alguns dos pontos são...'utópicos', mas muitos deles perfeitamente possíveis.
Houve para aí interesss cruzados, ou falta de vontade política, ou sei lá o quê.
Se para algumas das coisas seria possível mais dinheiro que aquele que se tinha, noutros casos era «boa vontade» o ingrediente que faltou.

E - obviamente - uma definição de prioridades que não foi a melhor.
E muito egoísmo.
E...

fj disse...

«Dos 3 aos 23» não está mal. Mas esperemos que, se por acaso, os putos perderem algum ano (bolas, até podem ter adoecido!!!) se prolonge um pouco a 'esperança-de-vida' pedagógica!!

Gostei particularmente do envolvimento, escola+comunidade+família.
Era o que devia ser. Uma unidade e não uma luta de poderes e de forças a ver quem manda mais.

*suspiro*

AB disse...

Bem.è um desejo não um programa.Mas neste ponto da situação fazer o percurso que propões no post de baixo para já deprime-me.Depois há muitas direcções possiveis nesse exercicio(desde logo )...Acho que neste faz-de-conta não vou entrar.Não me atrevo a bolas de cristal retroespectivas qd.as não útopicas do futuro próximo me obrigam a um alerta permanente.Não posso enfiar-me como um avestruz a "Poemar"o que teria sido se tenho que viver o thriller do que vai ser (já).Não não entro nessa.AB

sem-nick disse...

Cada um tem a sua prespectiva.
Agora nem tenho tempo (passei por aqui mas vou sair já, que o dia é complicado...) e apesar de entender o que disse a AB - não é 'entender' no sentido de perceber, é claro, é no sentido de me poder colocar na mesma posição - acho alguma piada a este exercício.
Afinal o Tomas More também estava a olhar a bola-de-cristal. Aqui fazes uma espécie de «regresso ao passado», na seguela em que o protagonista foi lá fazer com a vida do que foi o seu pai fosse diferente e com isso mudou tudo.
Por mim acho giro. Vou ver se mais tarde volto a dizer o que para mim seria bom «que tivesse sido».
Mas na essência está cá tudo, pelo menos as sementes.

sem-nick disse...

(quando falei no «Regresso ao Passado» estava a falar no filme, é claro)

josé palmeiro disse...

Contrariamente a muitos dos comentadores eu entro nesta roda, sempre pelo post que foi escrito em primeiro lugar, como já terás reparado, de forma que ler, estes presupostos depois de ter lido e comentado o anterior, manda-me para a tal "utopia", que vivemos e em que participamos.
Sem condições ou em condições absolutamente impróprias, cumpriu-se o melhor que se pode a permissa que apontas, refiro-me evidentemente ao ensino pré-escolar, onde se inventou a utopia e se cumpriu o que se pode, para além do que permitiam.
Dos "3 aos 23", gostei dessa, principalmente porque o meu neto João, completa hoje, três anos e o futuro é o que todos nós sabemos.
De certa forma, dou a mão à AB. Será geracional?
O último paragrafo do Zorro, sem o "suspiro", também subscrevo!!!

Anónimo disse...

Olha Zé Palmeiro, fazes como se deve fazer, «começar pelo princípio» e se calhar o facto de teres um blog, ao contra´rio de nós, faz que dês mais atenção a isso. Eu também muitas vezes começo por baixo (ou pelo princípio...) mas depois saltito nos comentários de algo me chama mais a atenção.
.......
Por mim acho a proposta da Emiéle bem inspiradora, e não me identifico com a AB neste caso. Seria «avestruz» se negasse a situação presente, mas tal como ela avisou no post anterior e no título deste, trata-se de 'imaginar' o que poderia ser hoje o nosso mundo se outros interesses diferentes não tivessem tomado as rédeas do Poder. Até nem acho que o que ela aqui imagina, excepto num ou noutro ponto fosse assim uma Utopia tão grande. É o que a Constituição manda afinal...
Ela aqui não desenvolveu assim muito o chamado «ensino secundário», a gente pode tirar pelo sentido, mas imagino que o post ficaria grande demais.

De resto, amigo palmeiro, mesmo o pré-escolar ainda não é o que aqui se diz, porque se as crianças de 5 ou 4 anos já têm esse ensino mais ou menos «garantido» (?) pelo M.E. olha que as de 3 anos nem por isso... O teu neto tem, de certeza, lugar garantido numa escola pública, agora que fez 3 anos?
Mas o Ensino foi sempre um bico-de-obra, e o Ministério «ingovernável» tanto quanto me lembro.

cereja disse...

Compreendo a posição da AB, porque claro que sentimos uma certa amargura e como lembra o Zé Palmeiro pode ter a ver com a geração que fomos e a forte desilusão que se sente.
Mas este «exercício» de imaginação não me parece mal, e irei insistir. Afinal são 4 (o mês só tem 4 Domingos) e vou focar as 4 áreas onde as coisas poderiam ter sido diferentes, SE...

Sem-nick, foi exactamente isso. Só que no «Regresso ao Passado» bastou modificar uma pequena coisa para muita outra coisa ser diferente. Aqui as mudanças tinham de ser imensas. Incluindo a tal conjuntura internacional.
mas se as coisas em Portugal estivessem consolidadas de outra forma, até se enfrentava bem melhor a dita conjuntura.

Alex disse...

Queria comentar mas ficou-me no nó da garganta...

cereja disse...

Olá Alex.
Eu sei que em muitas coisas pensamos diferente, mas também sei que nos valores essenciais e mais sólidos não.