sexta-feira, abril 17, 2009

Como se exorcizam?

Ainda a semana passada escrevi sobre o assunto mas ele não me larga.
É que estas coisas das «vendas forçadas» ou lá como se chama, alastra como mancha de óleo e ontem dei-me conta de que faz vir ao de cima o pior que tenho dentro de mim.
Nunca respondi a ninguém como o fiz ontem!!!
(exagero, já tenho dado respostas desagradáveis, mas com mais razão do que a que vou contar)
Como deixei aqui dito tenho andado um bocado mal de saúde. Ontem fiquei por casa, mal disposta, com arrepios, sem vontade de nada. De tal modo que mandei vir as compras de que estava a precisar por net, para não ter de me deslocar ao supermercado.
Ora, lá a meio da tarde, à hora a que estava previsto mais ou menos que chegassem as mercadorias, batem-me à porta, uma campainhada forte e repenicada.
«São eles!» pensei eu. De um modo geral costumam bater forte para não perderem tempo, o que faz sentido. Portanto lá corro para a porta e abro-a de par em par sem espreitar pelo ralo. Em vez dos mocetões carregados de sacos que esperava ver, dou de caras com duas donzelas, uma mais perto da porta e outra um pouco atrás com ar de observadora e aprendiza da ‘técnica’ que a primeira estava a utilizar. Enquanto arregalo os olhos e antes de eu ter tempo de abrir a boca, diz a que estava quase a entrar na minha casa:
«Oláááááá!!! Está boaziiiinhaaaaaa?! Sempre bem disposta, não é verdade?!»
Caríssimos, o tom utilizado é impossível de transcrever aqui usando os sinais do teclado. Talvez se eu soubesse música... porque aquilo era num tom de farsa burlesca e mal ensaiada porque horrivelmente artificial. Não se consegue transcrever.
Após uns segundos de boca aberta (e quando digo de boca aberta é porque foi mesmo assim que fiquei!) respondi secamente, enquanto lhes fechava a porta na cara:
«Não. Não estou boazinha. Não estou bem disposta. E não tenho tempo para as ouvir!»
....
Enquanto voltava para o sofá, pensava «Isto não é normal. Eu não respondo assim a ninguém...».
É magia maléfica. Revela o que de pior tenho em mim, está visto.


14 comentários:

Anónimo disse...

Mas não vejo que tivesses sido mal educada.
Digamos que cortaste a conversa pela raiz, mais nada!
Respondeste ponto a ponto às perguntas e encerraste a questão.

De facto tem sido uma verdadeira escalada.
Era na rua.
Depois ao telefone.
depois ao telemóvel.
Agora batem à porta.

O que se segue?!
E é gente que não produz nada! Isto tudo é só para vender...

Farpas disse...

ohh!! Então tu achas isso muito? Olha eu ando a especializar-me em contra-telemarketing! Desisti de tentar explicar "Não quero" "não estou interessado" "não preciso" agora estou mais numa de deixar levar a situação para o campo do ridículo, é a minha vez de lhes espetar umas tangas! Divirto-me e ainda me candidato a que o meu nº de telefone seja cada vez menos colocado nas base de dados deles!

Agora ir a casa... é que depois não são muito organizados... outro dia apareceu-me aqui em casa um vendedor, perdão, um promotor de um serviço de TV+net a tentar dar-me a conhecer um serviço que por acaso é o meu!...

fj disse...

Creio que me aproximo de compreender o "choque" do tal tom, realmente horrivel.
Foi uma reação adequada,tais promotores têm de perceber ...
Mas volto ao mesmo, no fundo somos "nós", nossos filhos ou netos.
Ainda não antevejo o que será a próxima tática...

fj disse...

Só mais uma coisinha:
1º para depressivos a pergunta /afirmação é insultuosa!

2ºeu teria feito a mesma coisa se calhar com menos ruido com a porta.Hipocrisia, talvez.

Joaninha disse...

É realmente uma «escalada» e que só se entende porque os processos tradicionais estão saturados.

Mas como disse o King, o que salta à vista é que é um grupo de 'empresários' com os seus jovens mal pagos e domesticados, que não investem em nada a não ser em vender aquilo que não produziram! se gastassem essa energia toda numa empresa que criasse algo a sério, seria bem melhor.
..........
De resto, mesmo com esse teclado, deste bem a ideia do tom! Um riso pseudo-bem-disposto e muito forçado. Grrr....

AB disse...

Sim,3 andares sem elevador é uma escalada!!!!!Agora por que ponta vou pegar nisto?Como uma mortificação fora do tempo uma vez que a Pascoa foi na semana passada...como um resultado dramatico da crise de desemprego que leva 3,raparigas 3, ao Golgota a tentar levar com a porta na cara, sem subsidio, nem apoio sindical ou à dúvida sobre as questões de segurança que levam uma quasi invalida de gripe a abrir sem espreitar pelo ralo, num bairro com vizinhos de etnias que se degladiam a tiro?Qq. destes assuntos são mais populianos que o simples marketing(ainda por cima mal feito com tecnicas de testemunhas de Jeová).Olha boas melhoras!AB

kika disse...

Afinal a tua maleita foi-se , ainda bem.
Isto na verdade é uma praga, é um modo de vida muito explorado.É verdade que nada produzem, só vendem o que já alguem antes produziu, mas que tem de entrar no mercado, senão não fazia sentido produzir.O modo de vender no sistema porta a porta ou telefone é que nos irrita, por invadirem a nossa privacidade e quase nos levarem a comprar algo, que não queriamos.Resisto bem a estas investidas.Só vou até onde quero.Contudo acho estes trabalhos tristes e tenho pena de quem tem de sobreviver com isso.
A tua atitude é normal, já o fiz várias vezes e ao telefone deixo-os a falar sozinhos, porque não há paciencia para tanto ataque!!

sem-nick disse...

Gostei.
Do post e do comentário da AB - de facto é um marketing com um sabor a 'Jeovah'...

Quanto ao resto, a abrires a porta assim de par em par sem mais nada condiz com o que imagino de ti. Olha, menina, boa sorte.
«Ao menino e ao borracho...» não é?

A «técnica» do Farpas é uma que também estou a usar quando tenho tempo - dar-lhes corda. Mas é uma pena não se poder atingir quem está na segunda linha, que isso é que valia a pena.

josé palmeiro disse...

Concordo com a AB.
Relativamente à técnica, é mesmo a de Jeovás e disso a AB é especialista, com "coro" e tudo. Lembro-me de, na altura, ter dito o tratamento que dei a esse "bando" e foi radical.

cereja disse...

Já sei.
Houve vizinhos que tiveram mais paciência do que eu e ficaram a ouvir.
Afinal era da TVCabo, para impingir os pacotes especiais, mais telefone, net e o raio. Como disse o Farpas, nem se informam convenientemente, eu tenho a dita tv e net cabo! Só se fosse para o telefone, mas por enquanto não me meto nessas avarias.

Contudo vocês tinham razão, a técnica parecia a das Jeovah. Fosse como fosse não só não tinha nenhuma paciência como a abordagem, com aquele gorjeio histérico, foi péssima para mim!

André disse...

Esta gente é por norma tão falsa, tão postiça, tão pequenina que todos nós por certo entendemos a tua atitude.
É impressionante é a cara de pau que ostentam no meio de tudo isto, e mesmo habilitando-se a levar um bom par de chapadas, nada os pode travar.

saltapocinhas disse...

achas que isso é responder mal???
balhamedeus!!

Maria disse...

Resisti comentar o post, talvez por pudor, passo a explicar: em 1972 tinha terminado o curso dos Liceus, vulgo 7º ano, vivia na província e tinha um grande desejo de vir para Lisboa continuar a estudar de uma forma autónoma e só trabalhando é que isso seria possível. O “CÍRCULO DE LEITORES” criado em 1971 procurava colaboradores (angariadores de sócios) e habilitei-me; recebi formação com mais uma dezena de candidatos. Na época, as técnicas de marketing, não eram tão agressivas, como são hoje, estava tudo a começar e divulgar livros (mesmo não sendo os da minha escolha) para uma rapariga de 18 anos era aliciante. Depois veio o estágio; a experiência nem sempre correu bem, mas sobretudo eu não gostava do que estava a fazer e tentei logo de procurar outro trabalho. Nessa época arranjar um trabalho a meio tempo e só com o 7º ano não era tão difícil como é hoje e vejo pelos meus filhos e sobrinhos licenciados que estão desempregados, fartam-se de fazer estágios (não remunerados) ou estão a prazo em lojas de centros comerciais e até quando….
Porém, não deixo de concordar com a atitude da Emiéle, accionou os seus mecanismos de defesa (e nos tempos que correm eles estão à flor da pele) e eu faço o mesmo.
André Palmeiro,
“Esta gente é por norma tão falsa, tão postiça, tão pequenina….”
Para mim foi forte….
Uma boa noite a todos
Maria

André disse...

Cara Maria, eu por um desses acasos da vida também já andei, por exemplo, na distribuição de panfletos mas, por uma questão de feitio ou quiçá de boa educação sempre achei os vendilhões do templo uns indivíduos intragáveis pela técnicas aparentemente refinadas de venda a que recorrem; honestamente não tenho paciência e eu que como toda a gente tenho de fazer pela vida e, presentemente, até trabalho em algo que esperava não ter de voltar a trabalhar, mantenho as minhas palavras e até as reforço: A grande maioria desses portadores de ilusões, porta-a-porta ou no meio da rua isso não interessa, são, provavelmente até pela lavagem ao cérebro a que são sujeitos, seres simplesmente insuportáveis e que por vezes nem um tom mais brusco de ameaça consegue demover.
Há muitos trabalhos e, sinceramente, penso que fazer os outros de parvos é uma daquelas coisas que pela minha natureza, abomino!