Limites ao mau gosto
Há coisas que não passam pela cabeça de ninguém. Ou pelo menos nunca passariam pela minha...
A história é sinistra:
Um doente, numa urgência de Hospital, deitado numa maca foi coberto com um lençol onde estava escrito «Lá vai morto!»
Por aquilo que dizem os responsáveis e pelo que se vê da fotografia tirada pelos familiares antes de a coisa ser corrigida, o lençol teria sido mal lavado. A frase escrita a marcador teria sido escrita numa situação anterior e apesar de “os lençóis serem submetidos a lavagens com altas temperaturas, a tinta pode ter resistido e ao ser dobrado pode ter ficado virado para baixo e ninguém ter visto”.
Seja como for alguém a escreveu.
Alguém que trabalha no Hospital.
Alguém que não sentiu o mais leve respeito por um seu semelhante que acabara de morrer.
Nunca se vai saber quem foi, mas apesar de aceitar que quem lida diariamente com a morte tenha de recorrer a mecanismos de defesa para resistir ao peso da sua profissão, isto ultrapassa o aceitável.
Mais do que mau gosto, é estupidez e desumanidade.
Nota - Este post não leva nenhuma imagem a ilustrá-lo porque não encontrei nada suficiente forte para aquilo que senti.
A história é sinistra:
Um doente, numa urgência de Hospital, deitado numa maca foi coberto com um lençol onde estava escrito «Lá vai morto!»
Por aquilo que dizem os responsáveis e pelo que se vê da fotografia tirada pelos familiares antes de a coisa ser corrigida, o lençol teria sido mal lavado. A frase escrita a marcador teria sido escrita numa situação anterior e apesar de “os lençóis serem submetidos a lavagens com altas temperaturas, a tinta pode ter resistido e ao ser dobrado pode ter ficado virado para baixo e ninguém ter visto”.
Seja como for alguém a escreveu.
Alguém que trabalha no Hospital.
Alguém que não sentiu o mais leve respeito por um seu semelhante que acabara de morrer.
Nunca se vai saber quem foi, mas apesar de aceitar que quem lida diariamente com a morte tenha de recorrer a mecanismos de defesa para resistir ao peso da sua profissão, isto ultrapassa o aceitável.
Mais do que mau gosto, é estupidez e desumanidade.
Nota - Este post não leva nenhuma imagem a ilustrá-lo porque não encontrei nada suficiente forte para aquilo que senti.
6 comentários:
Mas aquilo pretenderia ser «uma gracinha»?!
É de tal forma estúpido que até custa acreditar.
Deviam estar bêbados!
Eu não sou muito de rituais e «pompas fúnebres». Acompanho quem ficou triste com uma morte mas fico-me muito pelos vivos - e tento acompanhar os doentes enquanto são apenas doentes e podem apreciar a minha companhia.
Mas a verdade é que esta história é incrível, como dizes pela completa falta de respeito humano. Custa a acreditar de tão estúpida e brutal.
Por acaso não fico tão chocada quanto isso.Claro que a familia do doente se achará ofendida e o doente não acharia graça à legenda.Mas acredito tb. que quem trabalha em areas de ligação entre terminais e "armazenamento" de cadaveres deve ver tanta coisa que se não tiver um distanciamento qualquer que pode passar por um humor mesmo negro não sei como se aguentará.AB
Desta vez não concordo com a AB (alguma vez seria...)
:)
É a tal coisa dos «limites» como está no título do post. Concordo que tem de haver distanciamento. Sem isso, como dizes, é uma profissão que não se aguenta, tal como a de cangalheiro que deve ser um horror. E que entre eles digam as suas piadas, aligeirem as coisas, parece-me natural até. Os médicos numa sala de operações fartam-se de gozar, agora que há anestesias epidurais, o doente a ser operado ouve tudo e pode ficar a pensar que aquilo é muita galhofa para o momento...
Aqui, onde acho que se passou o limite, foi a coisa ter ficado escrita. Que o maqueiro a empurrar a maca dissesse ao outro «aqui vai morto!» como quem diz «aqui vai água» parece-me natural. que o escrevesse... isso não! É mesmo falta de respeito.
Vamos lá ver se eu consigo dizer o que penso.
Li o post e retiro que o doente ou, o corpo se encontrava numa zona de viventes.
Li o comentário da Mary e concordo com ela, é em vida que devemos apoiar depois, bem depois é apoiar os que cá ficam, que bem necessitam. Depois li o comentário da AB e percebo o que ela quis dizer. Lembro-me, quando andava em Veterinária de visitar muitas vezes o Sta Maria em determinadas áreas e, não há dúvidas que o reppetir de actos e gestos em determinados contextos, nos dão uma certa duraza para os encarar. Tal, no entanto, não justifica, de forma alguma, o uso em zona, digamos ilícita, te um tal lençol com a referida inscrição. Há que ter discrição!
Claro que o doente se encontrava numa «zona de viventes» amigo Zé. Estava num corredor de uma urgência, rodeado pela família e outros doentes. Por isso a família tirou a foto.
Nesta história acho que o King apanhou bem o que eu quis dizer. Era exactamente isso.
Na minha profissão também sou capaz de falar de «um caso muito interessante» se falo com colegas. Temos de ter alguma distância para a nossa saúde mental. Ali ultrapassou-se os limites!
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