Desconfiança
Notícias dos últimos dias dão-nos conta de medidas de louvar na área da Acção Social.
Com uma ponta de cinismo talvez eu pense, mais uma vez, que pena é só fazerem eleições de 4 em 4 anos…
Mas muito bem, o senhor Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social convenceu o seu colega das Finanças a investir de 75 milhões de euros num plano para cuidar dos «sem-abrigo».
Quem vive com os pés na terra sabe bem como esse problema é grave, e cada vez pior. É certo que vai havendo umas respostas de emergência e pontuais, como a linha 144, por exemplo, aberta 24 horas por dia e para onde se pode ligar numa emergência, no caso de alguém ficar sem tecto inesperadamente. Mas é uma resposta pontual.
Creio que neste caso o que se deseja é responder a quem já vive na rua! As palavras do ministro até são correctas: "por contraposição com a resposta tradicional de emergência de fornecer refeições, alojamentos temporários e cuidar do bem-estar das pessoas, é tentar encontrar uma resposta mais estrutural com o compromisso da pessoa"
Claro que a classificação de «sem-abrigo» envolve muitos casos. Desde o doente mental, que voluntariamente não se quer sentir entre 4 paredes, ao alcoólico que muitas vezes também nem sabe bem onde está e o que quer, aos indivíduos completamente sós, e às pessoas que vivem na rua por extrema miséria e não terem outra resposta.
Em Lisboa a Acção Social da Câmara num estudo encontrou 1150 pessoa sem-abrigo, a maioria homens, portugueses, alcoólicos, e com idades entre os 34 e os 44 anos. Pretendem retirá-las da rua e em seguida torná-las autónomas. (o projecto abrange 50; ficam só 1.100)
Para isso cruzam-se acções de serviços de segurança social, saúde, habitação e justiça.
…………………..
Lendo, parece correcto.
Porque terei eu dúvidas da bondade desta acção?
Só por coincidir com ano eleitoral? Por apesar das fanfarras, me parecer acanhadinho? Não gosto nada de me sentir cínica, mas…
Com uma ponta de cinismo talvez eu pense, mais uma vez, que pena é só fazerem eleições de 4 em 4 anos…
Mas muito bem, o senhor Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social convenceu o seu colega das Finanças a investir de 75 milhões de euros num plano para cuidar dos «sem-abrigo».
Quem vive com os pés na terra sabe bem como esse problema é grave, e cada vez pior. É certo que vai havendo umas respostas de emergência e pontuais, como a linha 144, por exemplo, aberta 24 horas por dia e para onde se pode ligar numa emergência, no caso de alguém ficar sem tecto inesperadamente. Mas é uma resposta pontual.
Creio que neste caso o que se deseja é responder a quem já vive na rua! As palavras do ministro até são correctas: "por contraposição com a resposta tradicional de emergência de fornecer refeições, alojamentos temporários e cuidar do bem-estar das pessoas, é tentar encontrar uma resposta mais estrutural com o compromisso da pessoa"
Claro que a classificação de «sem-abrigo» envolve muitos casos. Desde o doente mental, que voluntariamente não se quer sentir entre 4 paredes, ao alcoólico que muitas vezes também nem sabe bem onde está e o que quer, aos indivíduos completamente sós, e às pessoas que vivem na rua por extrema miséria e não terem outra resposta.
Em Lisboa a Acção Social da Câmara num estudo encontrou 1150 pessoa sem-abrigo, a maioria homens, portugueses, alcoólicos, e com idades entre os 34 e os 44 anos. Pretendem retirá-las da rua e em seguida torná-las autónomas. (o projecto abrange 50; ficam só 1.100)
Para isso cruzam-se acções de serviços de segurança social, saúde, habitação e justiça.
…………………..
Lendo, parece correcto.
Porque terei eu dúvidas da bondade desta acção?
Só por coincidir com ano eleitoral? Por apesar das fanfarras, me parecer acanhadinho? Não gosto nada de me sentir cínica, mas…
11 comentários:
Li os posts acima em diagonal e decidi começar por aqui para ir ficando gradualmente mais bem disposto... É que deu-me a ideia de que eles foram escritos cientificamente de modo a nos por menos 'pesados'.
Porque este, sem dúvida que o é.
O fenómeno (?) homeless não é de cá só, as grandes capitais também o têm e de que modo!!!! Mas eles que resolvam os deles.
Em Lisboa, onde vivo, é impressionante. E a ideia com que ficamos é que esta acção é uma gota de água. Como aqui dizes, resolver (??) 50 casos em 1.150, enfim...
De qualquer forma chamas a atenção para uma coisa que também me parece importante - os casos podem ser muito diferentes, e talvez fosse de bom senso começar por os teus dois últimos exemplos «aos indivíduos completamente sós, e às pessoas que vivem na rua por extrema miséria e não terem outra resposta». Já aí havia muito que fazer...
Enfim, como diz HM.
Vamos ser optimistas e pensar que isto seja um começo, tá bem?...
Afinal, 75 milhões de euros ainda é bastante massa.
(é o que dá, ao contrário do King ter começado por cima, pelos posts bem dispostos; fiquei assim, apalermado e crédulo)
:)
Quem é o HM?
Muitas vezes aqui o camarada FJ, com quem costumo concordar e dizer umas piadas surpreendentes, diz também umas coisas um tanto herméticas.
Não estou a ver de quem são as iniciais.
São casos muito complicados.Por vezes existe rejeição de deixar a rua porque as instituições "diminuem" ainda mais a auto-estima.Há gente que acha que nna rua mantém apesar TUDO UMA DIGNIDADE.Estou-me a lembrar por exemplo do caso do Sebastião Alba.E de outros que ouvi numas deambulações que fiz há uns 3 anos aí por algumas zonas de Lisboa.
Ano de vãs promessas é o que é.A primeira preocupação dos governos deveria ser trabalhar, no sentido de que as pessoas não chegasem a essa situação.Depois de cair nela, poisa maior parte dessas pessoas deviam ter sido apoiadas a juzante e não quando já tudo ruiu. Mas tudo bem se conseguirem tirar alguns , já valerá a pena Os sem abrigo que por vezes vejo na Europa não tão sem abrigo como os nossos, pelo menos há uns anos
não eram!
Não corrigi aí umas coisitas , mas entende-se, É que fico apalermada como o sem-nick, mas não crédula.
Este fenómeno deixa-me imensamente apreensivo. Estou assim como a AB e, apesar das medidas e das épocas em que as mesmas são tomadas ou anunciadas, sei que vão ser sempre incompletas e injustas.
Desculpem-me a comparação pois pode ferir algumas susceptilidades mas, isto é como uma "pega de caras", naqueles touros impegáveis em que, às tantas se tem que optar pela cernelha e fica-se sempre com a sensação de uma coisa por metade..., apesar do esforço.
Por lapso cometi uma gaffe que me ficou no subconsciente e de repente saltou.Eu queria dizer" a montante" e nao "a jusante " que é o que pretendem fazer agora.É segunda-feira...
Ainda há pouco tempo, tenho a convicção (até porque de vez em quando metia conversa com eles) de que muitos dos nossos homeless gostavam mesmo de viver «à la belle etoile». sentiam-se oprimidos entre 4 paredes e como lembrou a AB, as instituições têm regras que muitos deles não aceitavam. Sentiam que estavam a «mandar neles» e não lhes agradava nada. Mas também se entende que haja regras ou então era um caos...
Hoje em dia já acredito que haja uma franja de pessoas que não têm mesmo onde ficar. E é claro que uma sociedade justa tinha que os integrar em qualquer lado decente.
Vamos ver.
Pois é AB e Mary, também penso que há quem o faça exactamente por 'dignidade' por sentir que enfiados num lar ou coisa dessas perdiam algo que prezam como liberdade. Mas há que achar uma solução.
Neste momento em Lisboa os pedintes (e não falo nos arrumadores de carros, ou os ceguinhos do metro) aparecem-nos por todo o lado. Alguma coisa anda muito mal!
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