Prémio para poeta
O Prémio Literário Correntes d’Escritas foi dado a Gastão Cruz pelo seu livro «A Moeda do Tempo».
O júri considerou que:
“este livro confirma uma obra que tem evoluído, mantendo sempre uma grande qualidade, equilibrando a tendência para a literalidade ou contenção verbal dos seus primeiros livros, com um maior alargamento expressivo”.
Parabéns ao Gastão!
Canção segunda
Do rio de lisboa
da luz a humidade
o pó a turva e lava
no rio vai de inverno
lisboa o pó lavando
Em rio vai de pó inverno achando
com que mudar as ruas de lisboa
vai passando lisboa na luz turva
de inverno de humidade já lavada
de novo a luz do rio a vai turvando
de novo acha o inverno a humidade
e novamente o pó com que lavá-Ia
Vai mudando o inverno o pó das ruas
de turva areia ardente em puro pranto
o rio de lisboa do inverno
da amargura o rouco pó lavando
De areia de tristeza a humidade
erva das praias rio
vai mudado o inverno
vai do rio
correndo de lisboa turva ainda
acaso a água dos clarões do pó
clarões canção
do pó
que a luz arrasta
Gastão Cruz
O júri considerou que:
“este livro confirma uma obra que tem evoluído, mantendo sempre uma grande qualidade, equilibrando a tendência para a literalidade ou contenção verbal dos seus primeiros livros, com um maior alargamento expressivo”.
Parabéns ao Gastão!
Canção segunda
Do rio de lisboa
da luz a humidade
o pó a turva e lava
no rio vai de inverno
lisboa o pó lavando
Em rio vai de pó inverno achando
com que mudar as ruas de lisboa
vai passando lisboa na luz turva
de inverno de humidade já lavada
de novo a luz do rio a vai turvando
de novo acha o inverno a humidade
e novamente o pó com que lavá-Ia
Vai mudando o inverno o pó das ruas
de turva areia ardente em puro pranto
o rio de lisboa do inverno
da amargura o rouco pó lavando
De areia de tristeza a humidade
erva das praias rio
vai mudado o inverno
vai do rio
correndo de lisboa turva ainda
acaso a água dos clarões do pó
clarões canção
do pó
que a luz arrasta
Gastão Cruz
10 comentários:
Não é lá muito meu conhecido.
Associo-o sempre à Fiama que conheço melhor (se a memória não me atraiçoa, ou viveram juntos ou casaram...)e era do «Poesia 61» segundo julgo.
Este poema que aqui deixaste contudo aguça o apetite.
Olha que tem algumas coisas boa, Zorro.
E da Poesia 61, havia para ali muita misturada, uns bem melhores do que outros.
Por acaso nunca tinha lido nada.
Ao menos estes prémios servem para divulgar.
É isso. Os prémios sempre vão dando alguma consolação...
...e alguma visibilidade.
Como poderão constatar, passando lá por casa, eu tinha razão quando em 22 e 23 de Janeiro, passado, falei dele no Estou Na Sesta.
Um grande representante da Grande Poesia Portuguesa.
Amigo Zé Palmeiro, deixa-me ajudar-te e fazer o link directo para o teu post.
Está AQUI para quem quiser visitar-te!
A foto do Gastão no teu post, mostra-o tão novinho...
mas que é um poeta um tanto esquecido, mostra-o os comentários aqui dos meus amigos «populianos» Zorro, King, Mary que até são pessoas cultas por tudo aquilo que aqui costumam dizer. mas este «escapa» um tanto.
Em boa hora o Prémio para que se fale dele.
Ando obviamente zangada com s prefácios,resenhas,e etc(a propósito já acabei a minha incumbencia)e a razão está à vista no excerto que deixaste.Nunca dizem grande coisa ou então sublinham a banalidade,toda a gente sabe que as obras tem tendencia para crescer,que o poeta tem tendencia para melhorar(tem dias)enfim!Vamos lá ao prémio Carreira que é do que se trata.È isso tudo Zorro.Poesia 61(houve quem só escrevesse aí)e a misturada deve-se à série de correntes diferentes que se englobaram nessa publicação.O Silva Carvalho por exemplo não tem nada a ver com a Luisa Neto Jorge por exemplo.Pela associacção casamento o Gastão e a Fiama ficaram ligados sim na cabeça de muita gente.Mas não tem nada a ver.A Fiama foi de facto um enorme poeta.O Gastão não é de todo o meu preferido.Nem muito original.Mas claro é um gosto.O meu gosto maior é o António Franco Alexandre que se costuma associar à escola do Magalhães ou do Fernandes Jorge.Também um bocado ao lado,mas pronto.E já agora que ontem não disse nada para fugir à onda necrológica,já que se fala de poetas morreu há dois dias um dos mais discretos mas tb. dos maiores que tb pela pintura disse o que tinha a dizer.Era o Alvaro Lapa.Do mesmo tempo mas as trombetas da fama e os clarins literários nnca foram o forte dele.Meu conterraneo a minha associação é sempre a outro já ido também e que morreu louco(é uma designação genérica)no Telhal.Extraordinário, só há uma recolha de poemas que o Herberto insistiu muito que se fizesse . Chamava-se António Gancho.AB
Deixem-me só corrigir:aFiama é mesmo uma senão junto com o Herberto a maior voz.AB
A correcção saiu pior que o soneto mas acho que se entende.è a maior voz junto com o Herberto(a propósito vem aí a poesia toda dele outra vez ,a que esgotou e alguns ineditos).AB
Mas ainda aqui volto para dizer que estas coisas dos poetas...o livro para ser completamente hodierno devia ter o titulo ao contrário:"O tempo da Moeda".Mas filosóficamente falando...A Maria Velho da Costa(o Myra é um livro extraordinário quem tiver tripas que leia),A Maria V.da Costa ,dizia eu ,que é má como as cobras diz uma coisa com alguma graça:Cá na terra considera-se talento literário quando o adjectivo precede o substantivo.Ora ela é lá do mundo...AB
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