segunda-feira, novembro 17, 2008

Trabalho Infantil

Já se sabe que quando se fala em Trabalho Infantil, o que nos ocorre sempre, é aquele [apesar de todo ele ser condenado nos Direitos da Criança e leis desse tipo] trabalho de grande exploração de mão de obra, que muitas vezes se pratica em países do 3º mundo. Mão de obra baratíssima que faz com que a produção saia muito competitiva.
Muito mais raramente nos ocorre pensar como vítimas de Trabalho Infantil, vedetazinhas de palmo e meio, actores, modelos, cantores, até figurantes em publicidade. Porque isso é um trabalho ‘de luxo', muitas vezes a própria criança gosta e acha graça.
Desta vez, veio à baila, outro trabalho, o de uma profissão onde na casa dos 30 anos já se é velho para a exercer: futebolista.
Sabemos que se começa a jogar muito novo, que há as classes júniores e até infantis. São os viveiros dos futuros grandes jogadores.
Contudo, que se vá buscar uma criança de 9 anos, se traga para um país bem diferente onde até se fala outra língua, e se lhe faça um contracto é caso para se ficar de boca aberta.
Houve um brasileirinho de 9 anos que vive há 4 meses na Itália, contratado por o Roma como jogador. Estuda ainda, é claro, mas declara todo convicto "Quero ser defesa. Tenho força para jogar nesta posição"
E quando é que vai ter tempo para ser criança? Entre os estudos e os treinos, o tempo passa não é?
Será criança quando se reformar, aos 30 anos?...


10 comentários:

josé palmeiro disse...

As novas formas de escravatura, estão aqui, bem visíveis.
Neste caso e dada a imensa imigração italiana é até natural que o miúdo tenha ascendência italiana, o que não é muito visível, dado o apelido que nos remete mais para a alemã.
Mas o que aqui está em causa é uma criança de nove anos, cheia de anos para BRINCAR, com os seus pares, progredir nos estudos e depois sim, optar pela profissão que escolher, mas já formado, fisica e psicologicamente. Isto pressupõe, tráfico de menores, por melhor acompanhamento que possa ter.

Anónimo disse...

Money,money, money...
Se isto se passa é porque os pais concordaram. A mãe pelos vistos está bem contente.
Claro que num país com os contrastes do Brasil, se calhar este miúdo está bem melhor aqui do que a acabar num gang de rua. Vai ter os estudos assegurados e vai ser bem tratado - bem alimentado, bem vestido, bons cuidados de saúde.

Como dizes, se não brinca agora... irá brincar aos 40 anos!

Anónimo disse...

Volta não volta focas este tema, mas a verdade é que tens razão porque os casos são vários.
Este merece as manchettes dos jornais e é curioso. Num país que agora está a reforçar as leis contra a imigração, vão até à pesca destes imigrantes de luxo!

Como aqui disse o Palmeiro, neste caso em concreto, se calhar foi mesmo a sorte grande para o puto. Não sabemos se a ficar no Brasil a sua sorte não seria apanhar com uma bala perdida num tiroteio na favela, mas como princípio, fazer-se um contracto de trabalho a uma criança de 9 anos é de bradar aos céus!!!!

Anónimo disse...

Para um puto brasileiro futebol é o máximo.E entre isso e a favela (a menos que se torne guia turistico da mesma para ajudar o Lula a dizer que "tudo está melhorando")sempre há outro horizonte desta vez"com emoção".AB

Anónimo disse...

Eu não sei bem se desta vez acertaste bem no alvo.
É sabido que para certas especialidades tem de se começar muito, muito cedo. Olha uma bailarina: se não começa como ratinho não chega a profissional!

Aqui, também me parece a sorte grande para o puto. Até levou a mãe com ele, e como aqui alguém disse vai ter estudos e saúde de graça. Se vai treinar muito, nesta idade e para um brasileirinho, até é uma espécie de brincadeira...

cereja disse...

OK, dou a mão à palmatória, desta vez Mary, é um caso «muito especial» de trabalho. Afinal os desportistas também começam muito jovens, para além das bailarinas...
E, para uma criança brasileira, jogar futebol é um prazer de certeza!

Contudo, continuo a teimar que lhe vai faltar o tempo livre para simplesmente brincar. Pode ser que me engane!
E, claro que nem se discute, que é muitíssimo melhor do que um futuro numa daquelas favelas de que ouvimos falar (digo 'ouvir falar' porque eu, pessoalmente, nunca fui ao Brasil)

Anónimo disse...

Os trabalhos de luxo, não me incomodam tanto assim, desde que a criança tire prazer disso, se calhar é uma forma de brincar tambem.Agora as outras formas de exploraçao dolorosa, autentica escravatura deveria repugnar qualquer ser humano

Anónimo disse...

Kika, eu disse que a Emiéle já aqui tem falado várias vezes disso, porque é verdade. Tu és uma leitora mais recente e não deves ter essas recordações que tem quem a tem acompanhado há anos.
É que quanto ao Trabalho Infantil, o que ela aqui tem dito e eu estou plenamente de acordo, é que existe de várias qualidades.
Por exemplo, o trabalho rural. Um miúdo que venha da escola, que poise a mochila e vá ajudar o pai a apanhar os legumes que plantou, ou a arrumar as ferramentas, ou a podar umas plantas, é trabalho mas é correcto que o faça. Até está a aprender, em certa medida.
Há também o 'trabalho doméstico' - pôr e levantar a mesa, levar o lixo, fazer a cama, arrumar a sua roupa - é parte da vida familiar e essas tarefas não podem ser classificadas como 'trabalho' como alguns puristas querem.
Depois há o trabalho remunerado. E aí é que as coisas se complicam. Porque como ela aqui disse há aquele onde se concorda que é uma exploração - como tu dizes Kika «deveria repugnar qualquer ser humano» - e o tal 'de luxo'.
No caso que aqui se citou, pode haver dúvidas, concordo, ele de qualquer modo jogaria sempre à bola, mesmo que fosse no meio da rua. Mas olha que o trabalho das pequenas vedetas, ou manequins, ou modelos fotográficos, não é nenhuma brincadeira!!!!É muito pesado. São horas e horas a repetir a mesma coisa. E acabam por não conviver com as crianças da sua idade. Há países onde já é proibido.
(desculpem o lençol, mas tal como a Emiéle é um tema que me interessa muito)

Anónimo disse...

Émiele , desculpa mas vou responder á Joaninha Na verdade não acompanho o fio condutor deste Blog há muito tempo, e limito-me diga-se em abono da verdade a ler um pouco em diagonal e comentar á pressa. Todas as tarefas que referiste são aceitaveis, se não forem debaixo de violencia, e violencia pode ser a criança estar a fazer algo que lhe custa e ai incluo participar em filmes, etc etc e os tais que consideraste de luxo. Alguns são remunerados . Porque não? Uma criança tem todo o direito á sua infancia o que inclui brincar, é fundamental para o saudavel crescimento como todos sabemos, mas agora diz-me: os pais que levam a criança para varias actividades ao longo do dia, pagam para isso e acham bem . Onde fica o espaço para a brincadeira, o convivio com os irmãos se os tiver, ou vizinhos até ?Não posso é aceitar o tráfico de menores ,nem de maiores, isso é que verdadeira exploração sejam quais forem os fins e infelizmente alguns bem tristes como sabemos, e nesta area ás vezes é que há muito luxo e muito dinheiro e muito sofrimento e choro.
Para terminar não aceito que um ser humano seja fonte de riqueza, contra a sua vontade. E uma criança tem vontade e tem de ser respeitada.Quando não é , a sociedade deve intervir através das instituiçoes do Estado É o que penso , não acrescento nada reconheço, mas não sou nada purista.Cada caso é um caso

cereja disse...

Bem, não vou acrescentar agora nada de muito completo, talvez ainda volte a escrever um post sobre este tema que tem muitíssimo que se lhe diga.
A Joaninha de facto resumiu as minhas posições, que são exactamente o que ela disse. Há coisas (como essa de ajudar nas tarefas de domésticas) que não são 'trabalho', fazem parte da educação... E por outro lado ajudar os pais no seu trabalho, quando é apenas ajuda, como no caso que se falou do trabalho do campo ou, sei lá uma mãe que é costureira e a filha ajuda a tirar os alinhavos, também não é 'trabalho'.
Porém a criança deve ter TEMPO dela. E os pais que por bem , saturam os filhos de actividades extra curriculares entram nesse grupo dos pais que estão errados. E os trabalhos dos meninos vedetas, aí há bastante que dizer, mas fica para depois...