Quando a vítima sente vergonha de se queixar
Ando já há tempos para abordar este tema, e quase sem saber como o fazer. Como apareceu agora uma referência ao facto, e se fala até de uma linha telefónica «SOS – Pais», avanço com o que sei.
Como já aqui tenho referido, sou amiga de uma técnica que faz atendimento telefónico, desses que estão ligados 24 horas por dia. De vez em quando conta-me coisas inacreditáveis, mas que eu acredito primeiro porque a conheço bem, segundo porque nem dava para inventar algumas das situações!.... Naturalmente que não posso contar aqui nada, seria um risco estúpido a pessoa reconhecer-se na história, mas até é pena não poderem ser divulgadas.
Ora uma das coisas que ela já me tinha contado muitas vezes é que se lhe deparam muitas situações de pais agredidos por filhos.
Quando pensamos em ‘violência doméstica’ o que nos vem à ideia é sempre a agressão marido-mulher, a mais corriqueira, aquela onde se aconselhava a não meter a colher.
Mas filhos a baterem em pais?! Isso não. Até porque como diz a juíza que impulsionou o movimento “Este é um dos principais tabus da nossa sociedade” e – ponto muito importante, que aliás também se passa nas agressões marido mulher – é "um fenómeno transversal, que atinge todas as classes sociais e não apenas, como muitos pensam, as mais desfavorecidas".
Tal como a minha amiga me tinha contado, são sobretudo mulheres que vivem com os filhos, sem companheiro, que são ameaçadas não apenas verbalmente como até com pancada.
E o chocante é que estas mães ficam 'paralisadas' até por se sentirem culpadas «Se fui eu que o eduquei, onde é que errei?», é o que pensam. Duplamente vítimas, vítimas das agressões e vítimas da sua culpa.
Como é um fenómeno crescente, está na altura de o encarar de frente e sem vergonhas. E começar uma certa 'prevenção'.
Muitas crianças e pré-adolescentes, estão a tornar-se ditadores com pais atarantados que não conseguem estabelecer limites. Não é justo nem adianta ‘culpabilizar’ mais estas mães ou estes pais maus educadores.
Devem entender que não é ser mau pai ou mãe não deixar que a criança seja chefe-de-família
Esse papel é deles.
E têm de o assumir, com firmeza, sentindo que assim é que serão Bons Pais.
Como já aqui tenho referido, sou amiga de uma técnica que faz atendimento telefónico, desses que estão ligados 24 horas por dia. De vez em quando conta-me coisas inacreditáveis, mas que eu acredito primeiro porque a conheço bem, segundo porque nem dava para inventar algumas das situações!.... Naturalmente que não posso contar aqui nada, seria um risco estúpido a pessoa reconhecer-se na história, mas até é pena não poderem ser divulgadas.
Ora uma das coisas que ela já me tinha contado muitas vezes é que se lhe deparam muitas situações de pais agredidos por filhos.
Quando pensamos em ‘violência doméstica’ o que nos vem à ideia é sempre a agressão marido-mulher, a mais corriqueira, aquela onde se aconselhava a não meter a colher.
Mas filhos a baterem em pais?! Isso não. Até porque como diz a juíza que impulsionou o movimento “Este é um dos principais tabus da nossa sociedade” e – ponto muito importante, que aliás também se passa nas agressões marido mulher – é "um fenómeno transversal, que atinge todas as classes sociais e não apenas, como muitos pensam, as mais desfavorecidas".
Tal como a minha amiga me tinha contado, são sobretudo mulheres que vivem com os filhos, sem companheiro, que são ameaçadas não apenas verbalmente como até com pancada.
E o chocante é que estas mães ficam 'paralisadas' até por se sentirem culpadas «Se fui eu que o eduquei, onde é que errei?», é o que pensam. Duplamente vítimas, vítimas das agressões e vítimas da sua culpa.
Como é um fenómeno crescente, está na altura de o encarar de frente e sem vergonhas. E começar uma certa 'prevenção'.
Muitas crianças e pré-adolescentes, estão a tornar-se ditadores com pais atarantados que não conseguem estabelecer limites. Não é justo nem adianta ‘culpabilizar’ mais estas mães ou estes pais maus educadores.
Devem entender que não é ser mau pai ou mãe não deixar que a criança seja chefe-de-família
Esse papel é deles.
E têm de o assumir, com firmeza, sentindo que assim é que serão Bons Pais.
15 comentários:
Não sei se é só por aí.(ou seja mais uma vez a culpa é dos pais que não se souberam impor)Aliás casos que conheço,os agressores já passaram a adolescencia e os pais estão na fase mais para lá que para cá.As motivações essas são várias e desde o tipo que vem bebedo ou drogado até ao que acha que o "lar" paterno é apetecivel e a morte teima em chegar e há que dar uma ajudinha há de tudo.AB
Por acaso acho curioso achar-se (por comentários e alguns posts )que a classe "filhos" é sempre criança ou adolescente.AB
Não, não, expliquei-me mal. As tais queixas que apareciam na tal linha telefónica, eram de mulheres até idosas, e os filhos de que finalmente se queixavam eram matulões de 40 anos!
Eu se calhar baralhei aqui as coisas.
Há uns tipos que (questões de álcool, drogas, e sobretudo maus instintos) okupam a casa dos pais (leia-se sobretudo mãe) e acabam quase por a expulsar a ela de tal forma a tratam. a minha amiga contou-me de vários casos por esse Portugal fóra.
O que eu pretendi dizer, é que se devia 'prevenir' isso e desde criança educar para o respeito pelo outro, e estabelecer ordem em casa. E cada vez vou reparando que isso se verifica menos. Vejo crianças ao pontapé às pernas dos adultos que se limitam a fugir deles, e até já vi, uma mãe que se baixou porque o filho a chamou e depois lhe pregou um enorme estaladão sem que ela reagisse. Perdão, reagiu a dizer «Se soubesse que era isto não me tinha baixado».
Claro que a violência a sério que comecei por referir se passa entre adultos, filhos crescidos, mas como se chegou lá?...
E, atenção, que é transversal a toda a sociedade.
Depois do «Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres» apareces com este post!?!
És imprevisível!
Mas penso que de facto começa a vir agora á superfície situações que estavam escondidas durante muito tempo.
Como se diz no artigo que citas a verdade é que tal como o que se passa entre casais, também uma mãe ou pai terá vergonha de se ir queixar publicamente de um filho.
E esses filhos, adultos e brutais, podem causar danos terríveis. É verdade que se pensa que são casos de vinho ou droga, mas isso não justifica que existam.
Tens toda, toda a razão.
Muitas vezes nem é preciso ser violência física.
A AB falou, e eu conheço vários casos, de matulões que tomam a casa dos pais (mãe, sobretudo) como sendo a deles, e às tantas quem se vê na rua é a dona da casa!...
Como disse a AB com graça, «os pais estão na fase mais para lá que para cá» e eles instalam-se mais a companheira de ocasião e os rebentos que apareçam, e os pais que se sujeitem...
Isto em homens 'normais' não estou cá a falar em bêbados nem drogados. «Apenas» brutos, e com força.
Nem mais, e o caminho não está a ser para melhor isso vos garanto! Os filhos comeram os país... os pais desapareceram e agora há é uma ou duas pessoas mais velhas que partilham a casa com os miúdos dando-lhes um ordenado.
É isso, Mary, King e Farpas.
A sociedade está a dar uma reviravolta impressionante.
Eu sei que não podemos generalizar. Há muitos jovens que desejam sinceramente a sua independência e lutam por isso. E até se sentem muito mal por continuarem sem emprego ou tão 'temporários' que não podem investir num espaço próprio e continuam atrelados aos pais.
Mas conhecemos muitos outros que de facto se instalam como se fosse dever dos pais sustenta-los enquanto forem vivos. Claro que isto não tem a ver com maus-tratos reais, dos que metem polícia, mas é uma atitude de falta de respeito, quanto a mim. Tratar a mãe como empregada doméstica e ir deixar lá a roupa para lavar e passar, como conheço vários casos...
Aqui já foi dito muuita coisa interessante,mas na minha opinião tem muito a ver com a desagregação da celula familiar.Quando ocorre um divorcio, e não sou contra, a verdade é que a mãe geralmente fica com os filhos e fragilizada emocionalmente, assume culpas que não tem etc etc.Daí o afecto se virar totalmente para os filhos e estes, espertos, aprendem a manipular e daí para a frente é só um salto.As maes são "culpadas" passam a vivenciar com os filhos tudo que respeitaria ao casal, e dão muito poder aos filhos que se vão tornando cabeças de casal e mais velhos é o que estamos a ver.Educar é dificil mas dizer Não com firmeza devia ser mais comum
Post muito interessante e importante.
É claro que tudo vem com a Educação que se recebe no berço, mas há também muito poder social, digamos assim. O modelo que se vê, é de pouco respeito pelos mais velhos e pelo contrário incensar a juventude e até os miúdos.
Quem estuda um nadinha de sociologia da família vê o que se tem mudado através dos anos. Há duzentos ou até cem anos, a autoridade numa família estava nas mãos dos mais velhos sem a mais ligeira dúvida. Não passaria pela cabeça de ninguém ver uma criança levantar a mão ou dar pontapés ao pai ou à mãe... O castigo, que nessa época até era corporal, seguia-se de imediato! Seria o que mais faltava...
Porque o que para mim é bem grave é que estes jovens não só não respeitam os pais como não respeitam nada! a relação social em que cada um respeita o seu semelhante fica muito alterada.
Os comentários deste post são grandes e parece-me que também aqui vou deixar um lençol...
É que por coincidência, também tenho uma amiga que trabalha nessa área dos SOS e diz exactamente o que aqui relatas. Mulheres por esse Portugal fora, que lhe ligam a altas horas da noite, a chorar, porque o filho a pôs fóra de casa e ela nem sabe para onde ir e tem vergonha! É isso que se torna mais chocante, a desgraçada ter vergonha de se queixar, como aqui dizes no título.
Eu penso que também haja muitos casos de doenças mentais. A saúde mental é parente pobre de uma saúde que já é má. E, não sendo apologista de que existam os velhos «manicómios» de antigamente, a verdade é que mandar para casa um doente mental sem a família ter um apoio muito forte é uma barbaridade.
Claro que podem ir com receitas de medicamentos, mas é necessário que os tomem! E muitas vezes não é uma mãe velha e cansada que tem capacidade para os obrigar a engolir aquilo que eles não querem! Como se vez em quando se l~e nos jornais há casos de agressões mortais até, praticadas por indivíduos que são inimputáveis. mas então quem é que é responsável?...
Claro que depois há aqueles brutos que são umas verdadeiras bestas e que apetece particar a justiça do 'olho por olho', e dar-lhes uma valente sova a eles!
Esta geração anda a criar monstrinhos.
É, Didas. Que raio...
e eu gosto imenso de crianças, mas por isso mesmo não lhes dar regras nem ensinar respeito pelos outros (começando pela família!) é um grave erro.
eu conheço algumas mães (e também pais, mas principalmente mães) que desautorizam professores e que fazem aos filhos cedências que não cabem na cabeça de ninguém!!
e trata-se de crianças com 6 ou 7 anos.
um dia vão apanhar deles!
e andam a fazer tudo para o merecer!!
Mas Saltapocinhas, quando eu digo que JÁ os vejo apanhar agora é a semente disso. Quando se dá impunemente pontapés nas pernas dos adultos ou como eu contei (e foi mesmo verdade) se vê uma criança pequeníssima que manda a mãe baixar-se para lhe dar uma estalada e todos se riem... é a semente de um futuro sem limites onde tudo se pode fazer.
Olha que coisa!
Voltei aqui (até porque este post teve tantos comentários que chama a atenção)e só desta vez me deu para clicar onde dizia em azul «ditadores» e «criança seja chefe-de-família» e só agora vi que nos remetes para dois livros.
Fiquei mesmo muito interessado. O que li da sinopse faz com que pelo menos um vá comprar!...
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