sexta-feira, outubro 17, 2008

Saudades

Fui ontem à noite de novo à Cinemateca.
Agora que não há (pelo menos com a força que tinham há umas dezenas de anos) cineclubes, a Cinemateca é o meu cineclube.

Não vou lá tanto como gostaria, é claro. O tempo não dá para tudo, e se fosse ao meu gosto ia lá quase todos os dias, que eles fazem umas cinco sessões diárias com filmes diferentes e em cada dia há pelo menos um que eu gostaria de rever.

Mas não dá.
Sniff...
Agora têm estado a re-passar filmes franceses. Chabrol, Autant-Lara, Jean-Luc Godard, René Clair, Resnais, Louis Malle…
Infelizmente não consegui ver quase nada do que queria: «Les amants», «Casque d’Or», «La traversée de Paris» e já não foi mau.

Ontem à noite, tinha assinalado a não perder «Montparnasse 19».
Filme de Jacques Becker, concebido por Max Ophuls logo após a Lola Montez mas que não chegou a realizar por ter morrido entretanto mas pediu expressamente que fosse realizado por Jacques Beccker.
Mas o que mais me motivou a ver o filme, para além da sua qualidade foi o protagonista
ser um actor que foi um mito na minha adolescência: Gérard Philipe que representou Modigliani.
Os filmes deste actor dificilmente se encontram em DVD, e nunca passam nos canais de cinema da TV. Um dó! Tenho gravado ainda em vídeo, um outro filme, Fanfan la Tulipe. Mas como os gravadores de vídeo têm tendência a acabar, ando a ver se consigo passar as imagens para um DVD.
De resto, quando sei que passa um filme deste actor na cinemateca é uma noite sagrada, nunca podia faltar.
E ontem lá estive.
Filme excelente. A arte. A morte. Um período onde poetas e pintores se cruzavam nas ruas de paris. Bebiam absinto. Fumavam ópio. E criavam obras primas.

Saí do cinema cheiínha de saudades, afinal um flash-back da minha adolescência cinéfila..


(que pena, as legendas...)

9 comentários:

Anónimo disse...

Desta vez tenho de deixar aqui uma resposta.
Leio-te quase todas as manhãs, é um hábito, e sempre me acanhei de dizer qualquer coisa.
Mas que bom que foi este bocadinho de filme.
E que saudades loucas desses anos da adolescência em que adorávamos esse actor tão, tão sedutor!
Também fiquei aqui com um nó na garganta.

Anónimo disse...

Por razões que interessam pouco (a mim muito)não tenho passado por aqui.Mas hoje na "volta dos e-mails" que é coisa que tenho de consultar sempre lá calhou cair em cima do Gerard Philipe... Ouve lá não te trouxe um filme do dito em DVD há uns tempos?E depois tb. me vieram umas saudades dos tempos cineclubistas em que as pessoas se telefonavam umas às outras para comentar depois em grupo o filme acabado de ver...eram tempos de convivio e de troca de ideias um pouco nos antipodas do que se passa agora neste tempo de "conteudos"digeridos e prontos-a-servir.Qt. ao Paris de que falas,é quasi uma blasfémia aos habitués ouvir falar de Monmartre ou Montparnasse.Só St.Germain continua na berra e não é por causa da Hune nem do Divan que desapareceu para dar lugar a uma loja Dior,nem sequer do Drugstore dos anos 70 que é hoje uma loja Armani com restaurante italiano très chic e alguns trabalhadores portugueses de balcão.È porque o luxo impera e na continuidade St.Germain /Saint Michel estabeleceu-se uma espécie de fronteira.Qt. ao òpio e ao absinto,reciclaram-se por coca e outros derivados e para a falta de criatividade há um psicanalista em cada canto ... Até o Canal S.Martin(falaste no Casque d'Or) e Belleville estão a ser invadidos por costureiros histéricos e no Canal por exemplo houve uma petição para preservar o Hotel du Nord que esteve para ser demolido e lá se ia uma boa parte da iconografia do cinema francês.Chegou a tempo.AB

Anónimo disse...

Este post tenho de o ler mais devagar.
Saúdo a volta da AB!

Realmente está bem visto alguma semelhança da Cinemateca com os antigos Cineclubes!

josé palmeiro disse...

Tinha que ser. Que bom ter-te de volta, AB! Ainda que pontualmente como se adivinha o que interessa é que voltaste e nos deste uma pincelada de actualidade e uma ajuda perciosa para o assentar das ideias.
Este escrito da Emiéle, mexeu com todos estes que tiveram a adolescência nessa época, e isso ninguém nos tira. E eu que, no Algarve, não tenho uma cinemateca...

cereja disse...

Oi, AB.
Também me alegro com a tua passagem por aqui, e vou sair já, já, pelo que não dá para responder.
Claro que tenho esse DVD que me ofereceste. Eu, o que disse é que «dificilmente se encontram em DVD» não disse que não havia... Tenho o que me deste, tenho o Fanfan em vídeo e talvez os Orgulhosos também em vídeo, mas mais nada.
Beijos e até logo.

Anónimo disse...

Ab benvida, é para continuar?

cereja disse...

Creio que esta colaboração da AB foi muito pontual. Ela não tem andado famosa como eu uma vez dei a entender. E claro que é óptimo quando se sente com força para colaborar aqui!
Zé Palmeiro, por acaso é pena este tipo de filmes que vamos vendo por Lisboa não façam assim uma espécie de tourné... Talvez tivessem medo que as cópias se estragassem, não sei.
Mas sabe bem ver alguns destes filmes que ainda são excelentes!

King - Força! Ficamos à espera do resto do comentário.

Maria C - Olá! Via dizendo mais coisas que nós gostamos destes convívios. E pelos vistos pertencias ao club G.Ph.... Que tipo! :D

Anónimo disse...

Bom Dia «Emiéle»

Não sei muito bem como se escreve um comentário. Foi a minha filha que me chamou a atenção para este seu escrito, eu percebo muito pouco de net. Sei escrever mas tudo o que seja «navegar na net» é quase chinês para mim que sou de outro tempo. Mas a minha filha já me tinha falado deste blog (ela é fã) e tinha insistido para eu ler uma parte que está em recordações numa secção «Era uma vez..» Gostei imenso. Senti-me reviver. Mas apesar disso não me senti capaz de lhe escrever. Hoje tive de perguntar se ela me ensinava como se entrava aqui nos comentários, porque tinha de lhe agradecer estas memórias e este pedacinhos de filme que aqui se podem ver: Quer o Modigliani quer o FanFan, que recordações me evocaram...
Aliás os nomes que referiu que agora estão a passar na Cinemateca e os filmes que já lá viu fizerem-me crescer água na boca, a mim que sou do tempo em que a Nouvelle Vague era realmente nouvelle.
E eu, como muitas de nós, fazíamos realmente parte do que aqui alguém disse o Clube de fans do Gerard Phillipe. Não se chamava assim, mas era verdade. Era um actor maravilhoso que morreu tão novo e de um modo tão triste. Apesar de tudo o James Dean - um pouco mais tarde para mim - teve a morte de acordo com a vida. Neste caso não.
Um muito obrigado por ter levantado estas boas recordações e por estes pedacinhos de filme.

Maria Teresa F.S.

Anónimo disse...

Venho depois desta senhora, que acabou de escrever, e até aqui, o Pópulo é diferente!!! Conseguiste com este post um tanto nostralgico atrair uma comentadora que pelos vistos faz aqui a sua estreia.

Belos tempos de filmes excelentes, Emiele! Também me fizeste saudades.
Vou ver se estou mais atenta à programação da Cinemateca. A gente muitas vezes esquece-se.