terça-feira, setembro 30, 2008

O 'Lisboagate'

O nome tem graça, é sugestivo, mas exagerado.
Não há, nem vai haver, um 'Lisboagate', porque nada disto era segredo e não imagino que possam rolar cabeças com o destapar deste caixote de lixo (digamos assim, por a coisa ‘cheirar mal’).
Mas é bom que tudo isto seja arejado, sem dúvida.

Será difícil apontar o ‘dedo partidário’ porque desde há muitas, muitas, muitas vereações que, pelos vistos, se têm distribuído casas com base na cunha.
É a tal coisa muito portuguesa, «se os outros fazem porque é que eu não hei-de fazer?».

Aliás, lembra o Correio da Manhã que
até mesmo os partidos pagam rendas puramente simbólicas, isso é sabido.
Se começam a voar pedras, não há telhado que fique inteiro….

13 comentários:

Anónimo disse...

É terrível, mas como dizes os telhados de vidro estão por todo o lado.
É muito fácil apontar o dedo.
Por outro lado muitas destas coisas remetem-nos para a velha questão das rendas. Mesmo sem pensar nos casos 'escandalosos' de quem tem muuuito dinheiro e paga à Câmara uma renda «simbólica», também uma parte considerável de quem destas casas, mesmo que quando foram atribuidas eles estivessem numa situação de carência, depois a vida melhorou considerávelmente, mas continuaram a pagar pela renda da casa menos do que quando vão jantar fóra...

Anónimo disse...

OK, o que o King diz é verdade mas...
A verdade é que a Câmara também se porta como um senhorio manhoso. Podes dizer que obras de recuperação é que ela vai fazendo nos seus prédios alugados?....

Anónimo disse...

Esta história das casas, alugueres etc e tal, só algum dia moralizava se existisse um índice que fizesse a conta à renda a pagar em função do rendimento da família. Bem, e é claro que também em função do estado da habitação, é claro!
Uma casa é alugada. (quer por uma Câmara quer por um privado) É alugada em bom estado. O seu dono tem por obrigação mantê-la nesse bom estado, tal como a pessoa que a foi habitar a alugou. Por outro lado o inquilino devia ter por obrigação pagar um preço justo, por exemplo um X do seu ordenado. Como ali referiu o King, não faz sentido que uma família pague por habitar uma casa tanto como paga por uma refeição num restaurante... (a não ser uma refeição excepcionalíssima!)
Nesta altura os senhorios quando alugam de novo casas mesmo já antigas, pedem uns alugueres altissimos por pensarem que depois não os vão poder actualizar, ou para compensar o que perdem com os outros andares nesse prédio alugados há dezenas de anos por uma insigníficância aos preços actuais.

SR

josé palmeiro disse...

Todos tocam em pontos sensíveis e certos.
Há na verdade uma falta de clareza no mercado do arendamento. Não há normas, nem deveres nem direitos.
Sempre vivi, com os meus pais, em casas alugadas e sempre vi os meus pais cuidarem delas com tanto ao mais carinho do que se deles fossem. Se houvesse que fazer uma ou outra obra de fundo, aí sim seria o senhorio a fazê-lo, mas as caiações, eu sou do tempo da cal, e as pinturas das portas e janelas, assim como pequenas reparações do dia a dia, era tudo suportado pelo inquilino.
Agora, esse mercado, está tão selvagem como as economias mundiais e, mais uma vez quem é prejudicado, é sempre o mesmo, o que quer ser honesto e não vai conseguindo...
Quanto às câmaras e às suas casas, se acham que as devem ceder a funcionários ou a outros, cedam-nas, como "casas de função", mas nunca sobre a capa do arrendamento que cria situações absolutamente escandalosas.

Anónimo disse...

Por mim, partiam-se os telhados todos. Contudo, seria bom separar o trigo do joio e percebermos todos muito bem o que se passou. No meio de tudo isto há sempre interesses inconfessos de ordem política. Será por PSL estar à beira de ser o candidato do PSD à CML?

Anónimo disse...

Bem visto, Zé Palmeiro. Não vejo mal em que existam essas «casas de função». Assim como certos cargos tem um carro para se deslocar, e num altíssimo nível o Presidente da República tem o seu palácio/casa. Mas será durante o tempo em que exerce essa função, e com um aluguer de acordo com o mercado e com o seu vencimento. Não é um brinde... Nem é para depois deixar aos seus filhos e netos como se fosse casa sua!
Mas do outro lado da curva, seria também interessante analizar mesmo a sério, quais os rendimentos das famílias que até se propõem para RSI, afirmando não terem nenhum dinheiro nem pagando IRS, mas... Não quero bater mais nos ciganos, mas se perdessem o medo às suas atitudes agressivas e fossem investigar os seus verdadeiros rendimentos, muitas das casas 'oferecidas' quase de graça deviam ser reavaliadas!...

josé palmeiro disse...

Exactamente, Joaninha, por isso o nome.
Quando a função se extingue, extingue-se a locação.

Anónimo disse...

Ultimamente não tenho parado para comentar...tenho tido muitas coisas para fazer e só para dizer olá tenho o telefone,coisinha mais privada.Mas já agora aqui tenho a dizer que há váriaas confusões nesta história.1º-A Camara tinha no tempo em que lá trabalhei, cooperativas de habitação para funcionários,que funcionavam como qq. outra cooperativa-pagava-se e no fim tinha-se habitação a custos controlados-algumas casas da Quinta Dos Barros eram casos desses.2º-Casas de função-acho muito bem desde que o funcionário esteja deslocado(comprovadamente deslocado),ou tenha de fazer na sua casa representação da instituição ou país que represente.De resto não vejo razão.
3º-A moral de Esquerda e de Direita dá direito a grandes e irónicos sorrisos e já agora leia-se Maquiavel,que já apareceu em 2 traduções e não foi por acaso(só a ingenuidade para não lhe chamar outra coisa,parece achar que há uns mais impolutos que outros).
3º-Não há dúvidas que o lavar de roupa suja tb.atinge a "lingua"de certos comentadores.Ouvi, para meu espanto, no Eixo do Mal, a CFA atirar-se à vereadora Ana Sara Brito,porque ela tinha tido uma casa da Camara na R.do Salitre. O primeiro argumento a sair é que ela (vereadora Ana Sara)tinha feito parte do Movimento de Cidadãos de Manuel Alegre,Ora bom, nós sabemos que apesar de tudo Manuel Alegre tem menos poder que Mário Soares...e portanto fazer parte de um movimento que lhe diga respeito não dá obrigatoriamente dinheiro nem visibilidade mediática...e mais não me alongo que o nojo é muito.(devo dizer que conheço bem a história das casas da Ana Sara mas não me cabe a mim defende-la ,ela já é muito crescida,)
4º-Os escritores,jornalistas e quejandos, gente das crónicas de réguada moral à maneira da boa "ética republicana"as benesses não são só tijolo e cimento...Estou-me aqui a lembrar de indignados discursos televisivos sobre as desgraças do desmprego no jornalismo, durante uma determinada época, e dos principescos ordenados recebidos por umas horas de trabalho ("colaboração")durante a hora de almoço(os empregados costumavam sair qd. tinham dinheiro para almoçar) numa empresa intervencionada, com 5 ou 6 admnistradores daqueles que rodam daqui para ali fazendo falir quasi tudo, menos a confiança de quem lá os colocou.E onde os ditos funcionários estavam com os ordenados congelados por "crise do sector"...
5º-E não me alongarei tb. sobre lideres partidários com pais advogados especializados no sector imobiliário...enfim,os telhados cobrem a cidade que ainda não é de Deus, mas com jeito...AB

Anónimo disse...

Viva!
É bom ter a AB de volta, com o seu «estilo inconfundível»!
Claro que a gente percebe que nem sempre dê para comentar aqui no Pópulo. Eu faço-o como um hábito, antes de começar a trabalhar a sério, ou à hora do almoço dou aqui «um saltinho», mas como disse é uma espécie de hábito.

Ela diz coisas que eu não sabia, como essa da cooperativa de habitação para funcionários. Se existiu era uma boa coisa, mas nunca tinha ouvido falar.
Depois, também é verdade que neste caso não é «no melhor pano» etc e tal, é em todo o pano!!! As nódoas são mais que muitas. E salpicam esquerda direita e centro...

De resto creio que não deve haver para aí Câmaras «limpas«, todas têm os seus podres.

Anónimo disse...

O comentário da AB levanta muitas questões que nem sequer vou conseguir focar, mas quero referir o tal veneno da Clara no Eixo do Mal, que para ser franco também me incomodou pelas razões que a AB aponta. Que raio força moral tem a Clara Ferreira Alves, para dizer aquela piadinha sobre o Movimento de Cidadãos. Ela nunca teve nenhum cargo importante pelos seus conhecimentos?.... Que eu saiba a direcção da Casa Fernando Pessoa, também não lhe calhou mal...

Anónimo disse...

(não sei como se apaga um comentário)
Senti-me um bocado mesquinho com o que escrevi. Mas conheço a Ana Sara Brito de há anos e não gostei.

Anónimo disse...

Também eu,RS.Não gostei mesmo nada.E não posso admitir a conivencia dos colegas de programa com responsabilidades e ...mais alguns pós.A Casa Fernando Pessoa em tempos santanistas deu-lhe as condições que ela exigiu.Aquilo que só em tempos de saloice cultural se admite. Além disso nem todas as casas da R. do Salitre são o centro Jean Monnet.Ou o palácio da Fundação Oriente.Há mais casas do outro lado da rua...para quem consiga baixar a vista para o cidadão comum.AB

cereja disse...

Eu não vi o Eixo do Mal (ultimamente não me tem apetecido, e sem querer esqueço-me...)
mas também considerei o comentário da AB bastante esclarecedor de algumas coisas que não se sabia ou não nos recordávamos.