quinta-feira, setembro 04, 2008

Mas o que se passa com a Carris, então???

Tinha lido ontem que a Carris estava em falência, tudo muito negro, que só sobrevivia graças a empréstimos bancários e, como utente que sou fiquei um tanto alarmada.
A minha ideia era de que alguma coisa estava um tanto errada a nível da gestão. Queixam-se de que não conseguem mais clientes, e fico com a ideia da tal famosa pescadinha de rabo na boca: os serviços são muito lentos e portanto as pessoas andam de transportes particulares, mas é por haver muitos carros particulares que o trânsito é lento...

É certo que eu escolho muitas vezes o metro em vez da carris, por ser mais rápido mas, em igualdade de circunstâncias, quando por exemplo tenho de fazer vários transbordos de metro, então prefiro a Carris – sempre ando ao de cima da terra e quase se pode dizer ao “ar livre”. :)

Contudo as minhas experiências a nível dos serviços da Carris também são variáveis. Tenho uma carreira excelente, que passa perto da minha casa de 10 em 10 minutos em horas de ponta, e me dá muito jeito porque vai directa a um dos locais onde vou com mais frequência, mas também preciso de usar muitas vezes outra que me deixa num frenesim porque o horário é de 40 em 40 minutos e se tenho o azar de ver passar um autocarro fico à espera um tempão, para além de que depois dá voltas e mais voltas até chegar ao meu destino. Ou seja, quando me perguntam o que penso do serviço (já tenho respondido a alguns inquéritos) fico um tanto indecisa, num caso é bastante bom e no outro pelo menos medíocre. Para além de que, se preciso sair à noite, então nem tenho escolha porque os autocarros nem circulam.

Hoje sou informada que afinal ela vai lançar um serviço de “carsharing”, vão entrar ao serviço 20 + 60 autocarros, e dois novos autocarros para deficientes
Fico baralhada.

Como é? aquilo funciona mal porque o trânsito é muito, têm pouco ou nenhum lucro, e aquelas razões todas, ou afinal justifica-se um maior investimento?
Em relação ao conforto do transporte, não tenho reclamações a fazer. É evidente que há sempre uns vândalos que cortam estofos, fazem grafittis idiotas, sujam o interior, mas de uma forma geral as carreiras que utilizo são confortáveis.

Fico um pouco com a estranha suspeição de que andam a alindar a empresa para a oferecer em bom estado quando a privatizarem.

Espero estar completamente enganada.


8 comentários:

Anónimo disse...

Olha, eu como utente habitual tenho dificuldade em generalizar sobre a qualidade do serviço. Tal como tu, para certos sítios a coisa corre lindamente, vou muito melhor do que no meu carro que não tem ar condicionado e eles têm, e para outros a coisa corre pior que mal.
A ideia de que os transportes públicos devem ser empresas lucrativas é que me parece errada de nascença. eum dos defeitos que noto nos nossos é que os horários de partida são os horários de partida e mais nada!
Lembro-me de há muitos anos (mesmo há muitos!) estar em Paris onde quase sempre ando de metro mas ainda era muito nova e para conhecer uma terra ou se anda a pé ou pelo menos à superfície. E nessa altura andava bastante de autocarro. Estava à espera num local que era início de carreira, apareceu o autocarro e a malta começou a subir, mas mal ele estava semi-cheio, chegou um revisor que interrompeu a subida das outras pessoas e mandou seguir aquele, assim, meio-cheio. Eu estava espantada (e um tanto irritada) quando vi que ele apitou para outro onde embatcaram os restantes passageiros e que seguiu atrás do primeiro. Alguém me explicou que tinha de ser assim, porque senão para o primeiro não conseguia entrar mais ninguém e isso era injusto.

Tal como cá, não é?....

josé palmeiro disse...

Faço votos para que o teu último parágrafo, esteja certo.
Quanto ao penúltimo, quero que não tenhas acertado, mas o caminho deve ser por ali.
Depois referir o comentário da Gui, na sua experiência parisiense e no acertivo que foi a atitude do revisor.

Anónimo disse...

Esta coisa da Carris tem mistérios insondáveis.Aqui na minha zona qd. para cá vim morar,havia pelo menos 5 carreiras.Com o correr dos anos a população decuplicou e as carreiras reduziram para 2.Depois fizeram 2 estações de metro cujo acesso não é fácil de ser atingido se não houver ligações de autocarro,sobretudo no Inverno,porque os passeios são estreitos,os carros passam por cima das poças de água como se aquilo fosse um water-shut e dois passos depois as pessoas(que entretanto envelheceram)tem de voltar a casa para mudar de roupa...Entretanto a Est. de Benfica,paralela à minha tem milhentas carreiras.E por ultimo com a nova remodelação das carreiras, o destino dos autocarros tb. mudou e para um dos destinos que até dava bastante jeito ,que era o Parque das Nações, agora tem de se ir à 2ª circular,com a aventura de um túnel e de umas escadas que a partir de determinada hora,enfim,de seguras não tem nada.Com aquela melhoria extraordinária dos indicadores de tempo de espera,paineis esses que estão sempre avariados e desatam a debitar tempos que não tem nada a ver com a realidade e desanimam imenso.Esperas de 40 minutos é obra!Qt. ao conforto não tenho nada a dizer...até porqie com tanto incentivo uma parte das vezes desisto e tomo um taxi.AB

Anónimo disse...

Devo dizer que a minha zona é considerada uma das mais caras de Lisboa.AB

Anónimo disse...

Vergonha a minha, apesar de também opinar que se deve andar de transporte colectivo quase sempre vou no meuzinho. Mas o resto da minha família tem essa experiência e portanto indirectamente também a conheço.
A "dança das carreiras" que aparecem ou desaparecem, é das coisas mais enervantes. Muitas vezes imagina-se que determinada carreira passa em certa rua mas afinal dizem-nos que já há tempos que dá a volta por outro sítio.

Essa conversa do“carsharing” é capaz de agradar a muita gente. Sempre se imagina que se anda de táxi - o que é bom - e paga-se menos... porque não é nenhum taxi, é um transporte partilhado.

Anónimo disse...

Uma das coisas que tenho dúvidas é se por ventura a Carris, quando decide essas mudanças, consulta os utentes. Nem sei se consulta as Juntas de Freguesia...
Eu ando bastante de autocarro. Gosto mais do que do metro, e o metro ainda é pouco mais que 'centímetro', afinal. Vai todo para a periferia mas quem quer circular em Lisboa não se governa só de metro!
e cada um conta as suas histórias, mas eu moro num alto. Durante muitos anos existiu um autocarro que subia essa calçada e dava muito jeito. Um dia foi-se! Claro que ainda podemos vir sentados, mas a volta que se dá é quase de mais 10 minutos porque nenhum é directo. Ou seja a solução é fazer das tripas coração e trepar esta coisa.
Claro que faz bem andar a pé, mas uma calçada ao fim do dia de trabalho - francamente....

Anónimo disse...

Não me admiro nada que venham com o paleio da privatização.
Sempre me fez confusão: uma coisa pública dá prejuízo. Então vende-se ao privado. Mas qual é o privado masoquista e estúpido que quer adirir uma coisa que já sabe que lhe vai dar prejuízo?... Alguma coisa está mal neste raciocínio!

cereja disse...

Mary, também me aconteceu o mesmo (será que vives ao pé de mim?...) Tinha um autocarro que encurtava muito o caminho, foi-se sem nos darem cavaco. Agora ou dou uma volta ou trepo uma Alameda muito a pique. Gaita!!! Ou seja, ou vou de metro ou uso o carro para minha ruina...