Filas e má educação
Uma história que se pode contar em poucas palavras:
Ontem precisei de ir à loja da Nokia. O meu telelé estava com o teclado bloqueado e eu não conseguia desfazer aquela coisa, de modo que decidi ir à fonte e pedir que me concertassem o bicho.
Claro que uma segunda-feira é dia mal escolhido para essas avarias, porque se junta nesse local toda a gente que teve problemas no fim-de-semana.
Quando lá cheguei, pouco depois do abrir da porta, já a minha senha de atendimento era aí o nº 35 ou parecido. E na salita, que tinha duas cadeiras, estavam mais de vinte pessoas em pé e aborrecidas, como será natural. Já eu esperava aí há uns 20 minutos, quando irrompe pela porta de vidro um sujeito, de ar arrogante e queixo levantado que olha em volta, vai primeiro à máquina tirar uma senha, mas depois dirige-se a um balcão onde nesse exacto momento não estava ninguém a ser atendido e declara alto e bom som, com cara de mau que «queria o livro de reclamações»!
É o tipo de frase que faz suspender todas as conversas e deixa os empregados estarrecidos. Este, a quem a frase foi dirigida, quis saber porquê, qual era o desagrado…?
E o reclamante vá de bramar contra um telemóvel que tinha comprado e que… blá…blá…blá…não sei quê, o cartão, o pin e mais umas tretas. Estavam vinte e tal pessoas à espera de serem atendidas, também com os seus problemas. Ele conseguiu captar a atenção do rapaz do balcão (e até do colega do lado que às tantas também queria ajudar) durante mais de 10 minutos!
Quando finalmente eles conseguiram dizer que iam ver do que se tratava mas seria melhor esperar a sua vez, o tipo bufou, e lá se encostou à parede à espera da vez. Mas, depois de terem sido atendidas mais 3 pessoas, voltou ao balcão e recomeçou num disparate de impaciência conseguindo conquistar mais uns minutos de atenção.
O que me espanta nesta cena toda, mais do que a arrogância e má educação deste sujeito, é a passividade de quem se estava a deixar ultrapassar – inclusivamente eu, que estou hoje aqui a desabafar.
Quando a má educação é muita, acontece que bloqueia a natural capacidade de mostrar indignação que seria natural.
Numa certa medida, ele venceu!
Bolas!!!
Ontem precisei de ir à loja da Nokia. O meu telelé estava com o teclado bloqueado e eu não conseguia desfazer aquela coisa, de modo que decidi ir à fonte e pedir que me concertassem o bicho.
Claro que uma segunda-feira é dia mal escolhido para essas avarias, porque se junta nesse local toda a gente que teve problemas no fim-de-semana.
Quando lá cheguei, pouco depois do abrir da porta, já a minha senha de atendimento era aí o nº 35 ou parecido. E na salita, que tinha duas cadeiras, estavam mais de vinte pessoas em pé e aborrecidas, como será natural. Já eu esperava aí há uns 20 minutos, quando irrompe pela porta de vidro um sujeito, de ar arrogante e queixo levantado que olha em volta, vai primeiro à máquina tirar uma senha, mas depois dirige-se a um balcão onde nesse exacto momento não estava ninguém a ser atendido e declara alto e bom som, com cara de mau que «queria o livro de reclamações»!
É o tipo de frase que faz suspender todas as conversas e deixa os empregados estarrecidos. Este, a quem a frase foi dirigida, quis saber porquê, qual era o desagrado…?
E o reclamante vá de bramar contra um telemóvel que tinha comprado e que… blá…blá…blá…não sei quê, o cartão, o pin e mais umas tretas. Estavam vinte e tal pessoas à espera de serem atendidas, também com os seus problemas. Ele conseguiu captar a atenção do rapaz do balcão (e até do colega do lado que às tantas também queria ajudar) durante mais de 10 minutos!
Quando finalmente eles conseguiram dizer que iam ver do que se tratava mas seria melhor esperar a sua vez, o tipo bufou, e lá se encostou à parede à espera da vez. Mas, depois de terem sido atendidas mais 3 pessoas, voltou ao balcão e recomeçou num disparate de impaciência conseguindo conquistar mais uns minutos de atenção.
O que me espanta nesta cena toda, mais do que a arrogância e má educação deste sujeito, é a passividade de quem se estava a deixar ultrapassar – inclusivamente eu, que estou hoje aqui a desabafar.
Quando a má educação é muita, acontece que bloqueia a natural capacidade de mostrar indignação que seria natural.
Numa certa medida, ele venceu!
Bolas!!!
10 comentários:
Começa a ser uma táctica muito frequente essa do livro de reclamações, como as pessoas sabem que uma queixa no livro pode provocar muitas chatices então entram logo por aí...
Isso de passar à frente são coisas que estão sempre a acontecer, a minha reacção depende muito de como me estiver a correr o dia e da situação em si... mas quer-me parecer que esse é daqueles em que hoje se deve estar a gabar aos amigos que foi à nokia e que fez a revolução...
Sabes, eu tive a reacção lenta. Como me sentia com muita pressa, achei cá para mim que se fosse reclamar contra o reclamante ainda ia empatar mais a coisa, e como sou de natural pacífica «fiquei-me».
Mas fiquei a remoer!
Aliás o telemovel do sujeito funcionav (ou ele tinha dois!) porque depois se fartou de falar com ar importante no seu tempo de espera.
Ai, que raiva!!!
Quem não assistiu a cenas dessas?....
E o revoltante é, tal como acentuas, a nossa «conivência» pelo silêncio.
«Cenas da vida quotidiana» não é?
E os pobres dos vendedores todos acagaçados, estou mesmo a imaginar...
Tão vulgar!
Mas eu devo ser mais espevitada que não me costumo ficar, dou sempre «uma boca»....
Embora aqui há uma questão de timming - se estavas com pressa essa discussão ia atrasar as coisas, é claro!
O que chateia é que a gente fica com a convicção de que «eles» acham que os outros são uns saloios, uns atados, uns palermas....
Como disse aqui o Farpas, a seguir deve ter ido contar aos amigos como chegou lá e pôs tudo em sentido, que com ele não se brinca!....
Grrrr!
Somos um povo com MEDO!
Há que mudar, radicalmente, este nosso pacientismo e, na hora certa, reclamar contra estes fura greves, fura filas, fura a vida.
Cá por mi, não tenho nenhuma paciência para esses comportamentos, por isso o meu coração sofre e por essas e por outras, já tive um AVC. Não tolero, nem que tenha de morrer a reclamar e tentar colocar as coisas no seu devido lugar.
Já está tudo dito, alinho na carneirada.
Sabes, eu às vezes não digo nada porque sei que me vou exaltar, aborrecer-me, discutir e eu sou péssima em discussões.
Eu teria ficado como tu. Mais do que aborrecida.
Pelos vistos, aqui a maioria dos meus visitantes, faria como eu... Apesar de irritados, consideravam que era «mais rápido» deixá-lo fazer a sua exibição do que chamar a atenção com a peixeirada que se devia seguir...
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