segunda-feira, setembro 22, 2008

De novo as bicicletas

É certo que temos a ideia preconcebida de que andar de bicicleta isso é para as terras planas. Vem-nos logo de repente à ideia a Holanda, como modelo de terra de ciclistas.
Mas o certo é que também a China é a terra das bicicletas, e lá existe de tudo: planícies e terras acidentadas.
Ou seja, a verdade é que mesmo em terras com relevo, para além dos locais onde existe esse relevo, há muitos outros onde se pode andar a direito e sem grande esforço.

Vem isto a propósito de um artigo que nos diz que contra tudo o que sempre se pensou,
Lisboa é uma boa cidade para andar de bicicleta
Diz quem fez a experiência, que as nossas colinas ocupam apenas quinze por cento da área urbana da cidade! Portanto, o restante 85% é constituido por áreas planas ou de inclinação suave.
Ou seja – o que está em jogo é a mentalidade com que se encara esse transporte. Não se está habituado, não se pensa nisso, considera-se uma bizarria, e portanto «decreta-se» que não é viável andar por aqui de bicicleta.
Mas já que gostamos do estilo de vida dos países do norte, porque não imitar algumas das suas características mais saudáveis?....

Imaginem os estudantes irem para a escola ou universidade com a pasta presa atrás. Porque não?
Só vantagens. Faziam exercício e não gastavam dinheiro nem poluíam o ambiente.


10 comentários:

Anónimo disse...

Olá Emiéle :)

Bom dia!

Como sabes, ou deves imaginar lol, sou um fervoroso adepto do ciclismo. Aliás, já tive o imenso gozo de passar por experiências fantásticas como pedalar no meio de centenas de chineses em Cantão - e mandar um grande espalhanço - ou na Holanda, ou Dinamarca, África - também com grandes espalhanços - e Portugal. Quanto ao nosso país, algumas questões que me parecem fundamentais:

1. Não há vias para quem anda de bicicleta;

2. O povo é selvagem;

3. As autoridades são selvagens e atrasadas;

4. Ires para a estrada é colocares a tua vida em risco;

5. Os empresários são atrasados;

6. Não há "parques" de estacionamento para biclas;

7. Etc, etc, etc, etc, etc.

Claro que não resisto a contar uma pequena história.

Comecei a minha carreira em Viseu. Fresquinho, acabadinho de sair da universidade, era um teso que vivia do seu salário. Como nunca ninguém me deu nada, nem carta de condução (quanto mais carro! lol), de modo a poder dormir mais 15 minutos de manhã, levei a minha bicicleta de Lisboa para Viseu. Ia de bicicleta para o emprego. Matava dois coelhos de uma cajadada só. Se a ideia me pareceu fantástica, vejam só o que aconteceu de seguida.

1º dia
Depois de testar o caminho e ver que afinal de bicicleta era mais longe do que eu pensava, para além dos 3 prémios de montanha de 1ª categoria, entrei velozmente pelo parque da empresa e estacionei a bicicleta numa grade a cerca de 10 metros da entrada da empresa. Era o único sítio que havia que fazia algum sentido. Claro que ficava a 15 metros dos carros dos administradores, mas nem liguei;

2º dia
Novamente, e já mais rápido que o Joaquim Agostinho, entrei a alta velocidade pelo portão do parque de estacionamento da empresa e fui para o meu gabinete vermelho que nem um tomate que o exercício matinal acelerava-me a circulação;

3º dia
Já quase a fechar o contra-relógio em tempo recorde, quase que me espalhei à entrada do parque de estacionamento da empresa porque o guarda fechou a cancela e tive que travar a fundo,com direito a derrapagem e tudo... Ao perguntar ao guarda o que se passava, respondeu-me que tinha recebido ordens da administração da empresa para proibir a entrada da bicicleta na empresa. Fartei-me de protestar. Lá disse, tipo estou a fazer-te um grande favor pá, que a podia deixar encostada nas traseiras da guarita que ele tomava conta dela. Assim teve que ser...

Entrei pela empresa, a protestar e a contar a tudo e todos a cena inacreditável. Então não é que se fartaram de gozar comigo porque "Doutor não anda de bicicleta, anda de carro!"? E soube que afinal era gozado comós diabos, só bocas nas costas? ahahahahahahah

Resumindo: ainda não tinha feito 6 meses de empresa e este foi mais um episódio que contribuiu para que me pirasse desse grande grupo empresarial que agora quer ser cotado na bolsa... E também veio reforçar a minha convicção que Portugal está cheio de pacóvios armados em gente muito evoluída. Note-se que, na altura, a guerra entre as chefias e funcionários que se davam importância era para ver quem é que conseguia ter um lugar reservado com a sua matrícula no parque de estacionamento. O povo, esse, que estacionasse na rua, ao monte...

Bom, um abraço lol!

cereja disse...

Bom Dia Miguel!
Essa de andar de bicicleta em Cantão é uma proesa de deixar de boca aberta!!! Na Dinamarca ou Holanda imagino, mas ali nem consigo imaginar... :D
É claro que estás chaio de razão quanto aos obstáculos, mas como eu dizia o que está em jogo é a mentalidade, o modo de pensar. Se «a moda» mudar talvez as coisas mudem também.
Claro que não há vias próprias, e o estudo que eu citei chama a atenção para isso, mas até aponta uma solução. E para mim é muito uma questão também de 'moda'.Os parques automóveis ali na cidade universitária (coisa que nem se imaginava no meu tempo onde íamos a butes) podem muito bem passar a ser estacionamento de bicicletes.
Que «o povo é selvagem» e sobretudo o «povo motorizado» quanto a isso estamos conversados! A falta de respeito pelo próximo parece uma coisa congénita, infelizmente. Mas talvez a dita água mole...

A tua história no teu primeiro emprego é magnífica! Se eles soubessem que me mostraram, a pedalar em Copenhague, um senhor todo bem arranjado, de ataché-case presa atrás, e me disseram que era um alto funcionário de um Banco! Claro era em Copenhague não era em Viseu....

Anónimo disse...

O comentário/história do Miguel é fenomenal!

Emiéle, é evidente que tem a ver com os costumes, a tal mentalidade, mas terá a ver também com as respostas possíveis. A tal pescadinha de rabo na boca: os transportes públicos são maus porque há demasiado trânsito dos privados, mas as pessoas andam de 'privado' porque os públicos são maus...
Contudo, o metro por exemplo, não é afectado pelo excesso de carros, pois não? E como ér que andamos há quase 10 anos a fazer o prolongamento de 2 estações da linha vermelha (Saldanha, S. Sabastião) que ajudaria muitissimo à rapidez de movimentos dos lisboetas ??????! Dez anos para meia dúzia de quilómetros?!

E quanto à bicicletas é muito o que diz o Miguel. Os sinais exteriores de riqueza têm muito que se lhe diga. Hoje é quase vergonha não se ter carro, há famílias onde cada elemento tem o seu: o pai um, a mãe outro, e cada filho com mais de 18, outro....
Bicicleta? Pfff...

cereja disse...

Não resisto a contar isto:
Os comentários que aqui entram vão para o meu correio.É assim que eu sei se alguém deixou aqui alguma opinião. Ora há pouco passei por lá, e na coluna do lado que tem sempre uns tantos anúncios (estou a falar do gmail) o que se podia ler era

Bicicletas,
Novo Carro,
Bicicletas elíptícas,
Rotas Lusas,
Localização de Viaturas,
Bicicletas BTT,
Transportes de Bicicletas,
Comprar Bicicletas, BicicletasDownwill...

Até parecia que queriam entrar na conversa!!

Anónimo disse...

Sabem que da teoria á prática.....

Tás a ver, Miguel?

Anónimo disse...

Sobes a Alameda de bicicleta? E como fundador da FP de Triatlo sou insuspeito, Até a subiria numa prova, mas no dia a dia. E no resto M tem razão.

josé palmeiro disse...

Não posso deixar de estar mais de acordo como Miguel. Hoje, é um verdadeiro nº de circo ir para a estrada,e para sa cidades ainda mais.
Por outro lado o que diz a Emiele, parece-me bem, mas sem sacrificar, GENTE.
Guardei para o fim a história do 1ºemprego do Miguel, porque maravilhosa, verdadeira e demosntrativa do "povão", que para além de querer entrar na bolsa, nos entra, no bolso a toda a hora.

Anónimo disse...

Primeiro 'faço minhas as palavras' do King: é que da teoria à prática vai um grande passo!!!!
A história do Miguel é formidável!

Para mim o mais complicado é em absoluto a falta de pistas e protecção dos ciclistas.
O FJ chama a atenção para algumas subidas fortes que temos, mas de uma forma geral, há alternativas- dar-se uma volta um pouco maior mas com subidas mais suaves
(a Alameda de que me lembrei foi a Afonso Henriques, mas podemos ir pelo Areeiro...)

Anónimo disse...

Desta malta que passou por aqui alguém se lembrou que hoje era o tal «dia da mobilidade» que se resumiu a fechar o trânsito entre o Rossio e a Praça do Comércio? Parece-me que mesmo a Emiéle que escreveu o post não deu por isso.
Tudo tão discreto que foi só simbólico ou nem isso...

cereja disse...

Muito obrigada RH, os teus links foram muito úteis.

E, de facto, até me tinha esquecido que ontem era o tal dia sem carros...
Eheheheh!!!