sexta-feira, agosto 22, 2008

A onda


A bruxa da Branca-de-Neve perguntava ao espelho «Espelho meu, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu?», mas eu imagino-me a olhar o espelho e indagar «… existe alguém mais tola do que eu
Na minha primeira semana de férias deixei aqui um post a ‘gabar-me’ dos meus bons hábitos, e um deles era o gostar de ir à praia pelo fim da tarde. Tinha mais prazer em estar na praia a essa hora e os entendidos diziam que era quando o sol fazia menos mal. Impecável. E assim o continuei a fazer nestes dias todos, até porque tem feito muito bom tempo.
Só que estava esquecida de que se os meus hábitos não mudam, a natureza tem lá as suas manias. Ontem estacionei o carro como de costume, pelas 5 horas, no parque junto da praia e até me gabei ao meu filho: «Vês! Esta hora é óptima. Isto está cheio de lugares de estacionamento, há muitos palermas que se vão embora à melhor hora. Sorte a nossa, heim?
É certo que assim que começámos a descer, reconsiderei «Ah! Pois é, a praia está muito pequena por causa da maré alta. Temos de escolher um sítio aqui mais em cima» mas avaliando a distância do mar, achei que o local ideal, seria aquele onde estendi a toalha, espetei o chapéu de sol, e lá arrumei os sapatos ao pé de mim e alguma roupa dentro da alcofa, de onde extraí o protector solar e o livro que estava a ler. Ainda tive tempo para essas operações todas, de me estender ao sol e ler uma frase completa do livro quando oiço um grito de todos os que me rodeiam:
«EEEEEEEEEEHHHHHHHH!»
e o meu filho «Oh, mãããããe!» mas quando levanto a cabeça é para apanhar em cima dela com uma bela onda que vinha a enrolar desde lá debaixo.
Não sabia o que havia de agarrar primeiro. Levantei a alcofa, que parecia um passador, escorria água por ela abaixo, deixando no interior a areia que acompanhava essa água. Vi um sapato que ia levado pela onda e corri para ele. O outro não o encontrei à primeira. A toalha, estava enrolada mais abaixo, nem se distinguia da areia… Finalmente lá encontrei o outro sapato, boiando numa poça de água. Do guarda-sol do lado, uma jovem muito loira e perdida de riso, perguntava-me «C’est à vous, ça? » estendendo-me um trapo encharcado que tinha sido a minha tee-shirt. O livro, esse, foi mesmo para o mar.
Quanto aos sapatos, vim a conduzir descalça, em casa lavei-os com água doce, mas… Porque, para a asneira ser completa, não tinha levado sandálias de praia, eram mesmo normais sapatos de cabedal!…
Mas o mais idiota é que pela primeira vez o meu filho tinha levado com ele o seu telemóvel, por sugestão minha (!!!) Tinha achado uma boa ideia «olha, para ficarmos mais independentes, se eu quiser vir-me embora mais cedo não espero por ti; ficas o tempo que quiseres enquanto eu vou para a esplanada e depois dás-me um toque para irmos juntos para cima». Boa ideia, não era…?

Pronto, pronto, hoje vamos comprar um telemóvel novo!


12 comentários:

Anónimo disse...

Eheheheh!!
Essa é espantosa?! Atão tu queres ir à mesma hora sem contar com as marés...????
Ó criatura!
:D

Anónimo disse...

Estou mesmo a imaginar a cara do teu filho!!!!!
Enfim, abichou um telelé novo....

E os teus sapatos?...mas quem é que leva sapatos para a praia? tavas a pedi-lo...

Anónimo disse...

Tirando o levar sapatos de luxo para a praia, isso acontece aos melhores. Mas como a prevenção é melhor que a repressão ( neste caso ir a corer comprar hordas de tms.sofisticados---não que me não dê jeito ), dignem se ver a última página do público, que noticia as horas das marés eo tamanho das ondas,com notavel isenção ideológica, o que sempre dá uma perspectiva.Agora em época de equinócio, ou perto, tende-se para os extremos.

cereja disse...

Claro que têm razão.
Só escrevi isto para me auto-flagelar e mostrar a idiota que sou!!!!

Farpas disse...

Eh pá o Mar anda a ficar muito metrosexual! Outro dia levou os óculos da Isabel, agora o telemóvel do teu filho... e só não te levou os sapatos porque não lhe dão jeito com a areia toda ;), já agora qual era o falecido livro?

cereja disse...

FJ, só de ti depois de ter escrito.
Os sapatos eram de cabedal, mas enfim, eram velhinhos... Mas confortáveis, caneco! Fiquei piursa (tás a ver, Farpas...?)
Quanto ao telelé, afinal também troquei o meu. Aquilo agora anda ao preço da chuva, e com os pontos etc e tal, é quase de graça.
:)))

Anónimo disse...

Olá FJ!!!
Tenho de voltar para dizer que como de costume fiquei-me a rir com o teu humor « o Público noticia as horas das marés e o tamanho das ondas,com notavel isenção ideológica». Valha-mos isso...
BOA!

Farpas disse...

Não me convencem com essa do "Piurso" desculpa lá mas essa palavra faz-me confusão o que é que eu posso fazer LOL! :D

Anónimo disse...

"Paisagem marinha com telemóvel em fundo"-AB

josé palmeiro disse...

A esta hora, diz a Raia para a Medusa:
-Querida, agora já posso combinar as horas em que passo pela praia, p'ra picar o pessoal.

saltapocinhas disse...

nunca ouviste falar em marés vivas??

faltei-te lá eu, que na terça-feira andei a "pescar" uma amiga que também foi enrolada numa onda!

cereja disse...

Saltapocinhas, sabes que foi mesmo isso...! Voltamos depois a uma hora que teoricemente aquilo já devia estar mal e afinal ainda havia muito espaço. Foi uma maré fora do comum em minha honra!...

Farpas, mas olha que se diz. Eu não digo muito, mas por acaso também digo. E imagino que a explicação é a que a tua amiga deu no Camandro.

AB - era isso. Se quisermos dar um ar mais 'simpático' podia dizer que a imagem que aqui deixei era essa. :D