Meios extremos
….por medo de usar os mais moderados.
Ontem vi na TV duas historietas numa destas séries de crimes, desvendados uns à moda antiga, outros que se descobrem graças aos mais modernos processos de investigação, mas o que me deixou a pensar não foram os casos em si – histórias de crimes mais ou menos bem imaginadas – mas o facto dos dois casos terminarem com um investigador a fazer a ‘mesma’ pergunta, que era também a minha dúvida.
Numa das histórias, um sujeito, criatura detestável, odiado por todos devido a um comportamento abaixo do que devia ser tolerado, com tantos inimigos que nem dava para enumerar, de tal modo detestado que a dificuldade era escolher entre quem o tinha morto que motivos todos tinham, tinha afinal sido morto por uma sua empregada.
Claro que ela era uma vítima. O tipo era uma víbora, ela tinha sido humilhada e explorada de um modo inacreditável. Mas, o que o detective perguntava à criminosa já no fim da sua confissão era «Mas se trabalhar para ele era tão mau (e estava provado que o era) porque é que não se despediu…?» Atenção, não era um caso onde aquele fosse o único trabalho possível; pelo que se adivinhava na história, ela, boa profissional, arranjaria um bom emprego sem dificuldade.
A outra história, era uma situação familiar. Descobria-se que o culpado tinha sido o marido, a mulher era uma peste, mas … a questão era igual «Se a vida em casa era tão má, porque é que não se divorciaram?» ou até: porque não se foi embora? (nota: não havia filhos)
Isto foi na América, mas no nosso meio também encontramos muitas vezes situações que, sem este dramatismo, têm algo de semelhante. Pessoas que vão aguentando situações que os magoam durante muito tempo. Não tomam a decisão, aparentemente instintiva, que é a de fugir à dor. [Pelo menos a mim parece-me ‘instintiva’ - assim como se vir uma pedra vir na minha direcção fujo dela, também se convivo com alguém que me agride psicologicamente, será natural ‘fugir dela’… ] e que, de repente, rebentam de um modo excessivo e desadequado.
O que me faz mais espécie não é o ‘rebentar’, é como é possível aceitar-se situações muito dolorosas sem se encarar logo a resposta aparentemente mais fácil que seria… fugir delas!
11 comentários:
Emiéle, como se diz sem originalidade, «cada caso é um caso»...
Eu tanbém conheço histórias que me deixam de boca aberta como se aguentam coisas que a mim me apetecia dar dois coices e pôr-me a andar!... O que move essas pessoas não adivinho.
E, é natural que tipo panela de pressão, quando dá para explodir, aquilo é desproporcionado.
Quando se trata de histórias, de livro ou tv, e gente vai pensando que é imaginação.
O complicado é que muitas vezes a coisa não é ficção e passa a ser realidade!...
Tenho andado aqui a pensar por alma de quem é que retiras tantas coisas dos policiais,literatura ou séries...ou seja, porque é que o género te interessa tanto...Há evidentemente milhares de respostas possiveis...(até a desculpa do "levezinho"para férias,que não cola para mim)mas,intriga-me um tanto.AB
Para quem, como eu, acordou nas margens do Alqueva, depois de ter chegado, reencontrado os filhos e os netos, não será o escrito que gostaria mas, independentemente disso tudo e apesar de ser obra de ficção, o que interessa é que existe na realidade e, depois é como diz o King, quando refere a panela de pressão. A resposta correcta seria, como dizes, actuar antes de ferver, só que o difícil é entender o ponto de fervura e, por isso, a sequência de desgraças.
Bom mas eu estou num sítio de deuses, foi um lugar que o meu filho encontrou, por acaso, na internet, e que é a paz, TOTAL. Um "monte alentejano", que recria a simplicidade do que era a vida por cá, sem mariquices, mas com o essencial, para quem se habituou a viver nas cidades, pode ter. Quanto ao lago maior da Europa, é uma imensidão e um deslumbramento. Vou tentar juntar documentação e experiências para vos transmitir.
Volto para informar que aqui, no "Monte Branco", temos internet de borla ( AirPort ), para verem como isto é bom.
?!??
AB - Uma resposta possível: porque imagino para mim, que este tipo de histórias é o que grande parte das pessoas vê nas férias e como a onda é essa posso calcular que aquilo que estou na altura a dizer cola melhor com um exemplo que atinja mais gente...
Porque sei que quem passa por cá, felizmente, é mais gente do que os amigos que me deixam os comentários. Quando vou ali à parte oculta do blog vejo que há muita gente que vem cá e não diz nada. (aliás também tenho outros que dizem pessoalmente mas não escrevem...)
Por outro lado, para ser franca, não queria ser presunçosa e falar de textos mais elaborados. Já que aqui ninguém nos ouve, o que tenho estado a reler é o Damásio, neste exacto momento Ao encontro de Espinosa, mas não me sinto à vontade a referir isso.
Zé, até me fazes inveja...
Aproveita, meu amigo.
A terra onde vives no Alentejo chama-se «Monte Branco»?
Que engraçado.
Faz sentido se as casas estão todas caiadas (deve ser por isso) mas a gente lembra-se da Suiça!
Mas Emiéle, não vejo nada de mal em falares também do Damásio, ainda por cima para quem entende tão pouco disso... Sempre «traduzias» algumas coisas e a gente beneficiava.
Pois é.Um dos problemas que surgiam nos Brainstormings publicitários sempre que eles metiam gente da area comercial era fazer crer aos senhores que o público não era estúpido.E que havia uma obrigação de quem tinha acesso a meios de comunicação de massa de não os tratar como tal.De resto a Emiele falou disso há umas semanas qd. se referiu às citações e comparou com os ingleses.Mas a minha observação não ia nesse sentido.Era outra abordagem.Mas a Joaninha pôe o dedo noutra ferida.A das traduções.Enfim conversa comprida para quem vai assinar o ponto rapidinho pela manhã. AB
Assim,sim Joaninha. Bons comentários
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