segunda-feira, agosto 18, 2008

Cultura geral pessoal

Acabei de ler um ‘romance de férias’. Como faço sempre (e se calhar vocês também…) trago para férias duas pilha de livros. Uns, grandes, obras importantes, que durante o ano de trabalho não tive ocasião de ler e considerei que teria todo o tempo para o fazer nas longas tardes e noites onde não há obrigações; outros, pequenos, para distrair, de-levar-no-saco-de-praia. E claro que são estes, que considero ‘romances de férias’, que mais leio, marcham como bombons…
:D
Este é de um escritor indiano, intitula-se «Q and A» no original, e bem vistas as coisas é uma colecção de uns 11 ou 12 contos unidos de modo a formar um romance de um modo muito engraçado. Em poucas palavras: existe na TV indiana o conhecido concurso «Quem quer ser milionário?» e um pobre rapaz, muito novo, ignorante, trabalhador não qualificado, ganhou o prémio máximo. Não é possível! Os responsáveis pelo concurso estão furiosos, uma vitória não lhes convêm porque ainda não ganharam o suficiente até àquele momento, e mandam prender o rapaz por fraude. Claro que a luta entre os grandes interesses dos promotores de um concurso daqueles e um rapazito indefeso é muito desigual e ainda por cima a verdade verdadeira é inacreditável. Ele teve uma sorte imensa. Não foi de responder ao acaso e o acaso o fazer acertar na alínea da resposta, foi terem-lhe calhado 12 perguntas cujas respostas ele sabia por várias histórias da sua vida!
E a ideia é plausível.
Existe a cultura geral. OK, é aquilo que a generalidade de nós sabe. Mas há também uma «cultura pessoal», pormenores que nós sabemos ‘porque-sim’, mesmo que nessa área do conhecimento sejamos completamente ignorantes! Se eu fosse a esse concurso, não devia acertar nenhuma resposta mesmo fácil da área do desporto, por exemplo. Mas, se me perguntassem os nomes completos dos irmãos Serpa, jogadores de hóquei em patins de há 50 anos, eu sabia. Eram da minha família!!! Ou ainda outro exemplo - não acertaria com uma única fofoca do que se passa nos bastidores do teatro, mas até sei o verdadeiro nome de uma actriz que toda a gente conhece pelo nome que adoptou desde adolescente, mas isso porque a conheci nessa altura! Ou, não sabendo nadinha sobre moeda, sou capaz de dizer o valor que tinha a pataca nos finais dos anos 80…
O que quer dizer que, se fosse a esse concurso e me fizessem «as perguntas certas», também eu tal como o protagonista deste romance, poderia chegar a milionária!… era a minha velha e querida cultura pessoal
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5 comentários:

Anónimo disse...

Não viste o "Quizz-Show"?AB

josé palmeiro disse...

Bem vista a questão e bem esplanada a tua ideia sobre a questão das "culturas pessoais". Só que isso, como foge aos parâmetros de quem lança um concurso deste género, ainda por cima, furando todo o esquema de rentabilidade da ooisa, só poderia dar esse resultado. Muito mal, vai esta sociedade!

Anónimo disse...

Acho que li esse romance, mas numa tradução francesa, que se chamava qualquer coisas como «As desventuras de um indiano que ganhou um milhão de rupias» ou coisa assim.
Tem muita piada!!!

Anónimo disse...

Mas é exactamente esse o segredo do negócio.
Não é saber as respostas todas, é ter a sorte de nos perguntarem aquilo que sabemos. Porque o contrário também acontece - sabemos imenso e a pergunta é exactamente sobre a única coisa que não se sabe!!!!!

Mas essa história deve ter mesmo piada.

O Quizz Show mostra bem os «bastidores» dessa coisata toda, e os interesses enormes em jogo.

cereja disse...

Bom Dia amigos fieis!
Estes meus leitores são mais fieis do que eu própria... Ultimamente nem tenho respondido - deixo aqui o que escrevi e vou logo embora. Porto-me mesmo mal! (mas é que me faz impressão estar a ocupar o pc e ver aqui gente à espera; é mais ou menos como ocupar uma mesa de café com clientes à espera...)

Pois tens razão AB, pode lembrar o esquema do Quizz, aliás ele faz referência.
É curioso porque eu nem gosto muito de romances indianos. Aquilo é damasiado 3º mundo, muita muita muita miséria e faz-me demasiada impressão. Contudo este era muito bem disposto e ainda por cima acaba bem!....

Joaninha, aqu para nós que ninguém nos ouve, sabes que também foi essa tradução que li. Em «livre de poche». Ehehehe!