Viver mais, tem vantagens?
A «esperança de vida» têm aumentado.
Hoje vivemos mais que os nossos avós e muito mais do que se vivia lá para a Idade Média.
E é bom saber-se isso. Temos o consolo de termos a companhia dos nossos familiares e amigos até mais tarde, muitas doenças que eram mortais passaram a ter tratamento, já é uma excepção uma mulher morrer de parto, e a mortalidade infantil que ainda há pouco mais de 100 anos era elevadíssima, com as vacinas e a descoberta dos antibióticos e variadas formas de controlar as doenças, passou para uns valores muito baixos.
Ou seja, neste terceiro milénio vive-se muito mais tempo do que se vivia ainda há relativamente pouco tempo. E também se vive melhor, temos mais conforto, possui-se mais 'coisas', temos outras exigências. Mesmo sem grandes conhecimentos de sociologia, sabemos que o conceito de «reforma» é recente. Há umas centenas de anos, os ricos não trabalhavam porque eram ricos, tinham quem trabalhasse por eles, os pobres trabalhavam a vida toda. Nem se imaginava o que era uma reforma, o que seria viver do que fosse o resultado de uma vida a trabalhar.
Mas hoje em dia, sim. A sociedade está organizada desse modo. É suposto durante a vida de trabalho reservar-se parte do que se vai ganhando para quando já se estiver velho e cansado se viver desse valor que foi guardado. Um dos benefícios da civilização.
Só que na actualidade anda-se a alterar as regras desse jogo. Como as pessoas estão a viver mais tempo, terão de sofrer as consequências, e assim liga-se a pensão à esperança de vida (?!)
Parece cruel? Pois parece. Para que o sistema de Segurança Social se mantenha a solução encontrada foi indexar o valor das pensões à evolução da esperança média de vida.
Não, Portugal não está sozinho, nesta decisão. Está bem (?) mal (?) ?!?! enfim, está acompanhado pela França, Alemanha e Finlândia.
(Com franqueza, a Finlândia aqui parece destoar, mas enfim...)
A outra hipótese é aumento forçado da idade legal de reforma. E o mais chocante na frieza destas decisões, é o mudar as regras do jogo quando ele está a decorrer. Poucos anos antes do momento em que uma pessoa planeia chegar à sua reforma, dizem-lhe «Desculpe lá, mas afinal por cada ano em que insista em se manter viva vai ganhar um pouco menos» ou então, « Se quer viver até aos 80 anos, então tenha paciência, mas não chega ter trabalhado 40 anos, vai ter de trabalhar 50»
Ainda não se propôs a eutanásia.
Cada vez detesto mais a Economia!....
Hoje vivemos mais que os nossos avós e muito mais do que se vivia lá para a Idade Média.
E é bom saber-se isso. Temos o consolo de termos a companhia dos nossos familiares e amigos até mais tarde, muitas doenças que eram mortais passaram a ter tratamento, já é uma excepção uma mulher morrer de parto, e a mortalidade infantil que ainda há pouco mais de 100 anos era elevadíssima, com as vacinas e a descoberta dos antibióticos e variadas formas de controlar as doenças, passou para uns valores muito baixos.
Ou seja, neste terceiro milénio vive-se muito mais tempo do que se vivia ainda há relativamente pouco tempo. E também se vive melhor, temos mais conforto, possui-se mais 'coisas', temos outras exigências. Mesmo sem grandes conhecimentos de sociologia, sabemos que o conceito de «reforma» é recente. Há umas centenas de anos, os ricos não trabalhavam porque eram ricos, tinham quem trabalhasse por eles, os pobres trabalhavam a vida toda. Nem se imaginava o que era uma reforma, o que seria viver do que fosse o resultado de uma vida a trabalhar.
Mas hoje em dia, sim. A sociedade está organizada desse modo. É suposto durante a vida de trabalho reservar-se parte do que se vai ganhando para quando já se estiver velho e cansado se viver desse valor que foi guardado. Um dos benefícios da civilização.
Só que na actualidade anda-se a alterar as regras desse jogo. Como as pessoas estão a viver mais tempo, terão de sofrer as consequências, e assim liga-se a pensão à esperança de vida (?!)
Parece cruel? Pois parece. Para que o sistema de Segurança Social se mantenha a solução encontrada foi indexar o valor das pensões à evolução da esperança média de vida.
Não, Portugal não está sozinho, nesta decisão. Está
(Com franqueza, a Finlândia aqui parece destoar, mas enfim...)
A outra hipótese é aumento forçado da idade legal de reforma. E o mais chocante na frieza destas decisões, é o mudar as regras do jogo quando ele está a decorrer. Poucos anos antes do momento em que uma pessoa planeia chegar à sua reforma, dizem-lhe «Desculpe lá, mas afinal por cada ano em que insista em se manter viva vai ganhar um pouco menos» ou então, « Se quer viver até aos 80 anos, então tenha paciência, mas não chega ter trabalhado 40 anos, vai ter de trabalhar 50»
Ainda não se propôs a eutanásia.
Cada vez detesto mais a Economia!....
8 comentários:
Olha Emiéle, vou passar a fazer como-deve-ser e a ler os teus posts debaixo para cima, tal como aqui vão aparecendo.
É que vinha toda bem disposta (porque hoje dizias coisas engraçadas) e de repente caio aqui!...
Senti que entrava num buraco.
O que hei-de escrever? Acho que nada. As nuvens são tão escuras que nem apetece dizer nada sobre isto.
Dizes tudo no post.
«Sofrer as consequências de viver mais»!
Nem mais.
Bem, pelo que li na Joaninha, este é o post mais pesado, vou então passar para uns mais leves.
Dás-me, para abrir, este escrito.
Já volto, porque isto merece alguma atenção. Agora vou comprar pão.
Isto tem-me agravado a depressão, sinto.me culpado de viver demais. Aguardo uma morte cívica e patriótica.
Tirando o FJ, que, de certa forma, brincou com a situação, temos o inverso na Joaninha e na Mary, conteúdos com que eu me identifico mais, talvêz pela idade.
Não é fácil ver as coisas a desandar, quando tudo indicava que a esperança, num mundo melhor, raiava ainda há uns anos atrás.
Apesar do horizonte, se encontrar demasiado nublado, quero crer que as coisas mudarão, poderá não ser, ainda, no meu tempo, mas, enquanto por cá andar, meterei na engrenagem, as pedras necessárias, para ir mudando.
O Zé foi comprar pão e a mim apetece-me ir beber água ou coisa assim, para engolir esta coisa.
É que ainda estou um tanto longe da reforma, mas era algo que dava como adquirido.
Realmente até parece que temos de nos desculpar por estarmos vivos.
Talvez a solução fosse os serviços médicos só tratarem as pessoas aí até aos 50 anos: daí para a frente deixar a natureza à vontade. Talvez resultasse, sabe-se lá!
Zé Palmeiro, olha que o FJ anda muito perto da tua idade, tem e um terrível sentido de humor. Muitas e muitas vezes humor negro, como aqui.
Estrela, o chato é que vamos realmente «engolindo» tudo e um par de botas.
A Finlândia entrar neste esquema, faz-me impressão por ser um país, com um elevado Indice de Desenvolvimento Humano, com o menor índice de corrupção etc. Como adere a isto?...
Emiéle, perante a tua revelação, só lhe posso dar os parabéns.
Não que eu tenha achado mal, mas agora, sabendo desse sentido de humor negro, já entendo melhor.
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