sábado, julho 05, 2008

Português – falar e escrever

O Expresso deu um título um tanto enganador, está na moda aprender português a uma entrevista que fez. Porque quem se fique pelo título pode imaginar que, de facto, por esse mundo fora toda a gente quer saber português, e não é nada disso. O título deveria ter os verbos com outros tempos: «Seria bom que estivesse na moda falar português»
Há um estudo sobre a Internacionalização da Língua Portuguesa, e existem várias propostas sobre como o fazer, como tornar interessante o estudo do português como segunda língua, e uma das primeiras condições quando se analisam casos de línguas emergentes é a importância económica dos países falantes. Por isso o entrevistado cita o caso dos EUA, onde o português não é uma das 10 línguas ‘de acesso às universidades’ e o coreano sim.
O entrevistado, defensor do acordo ortográfico, fala muito do Brasil, mas curiosamente em termos de expansão da língua ‘associa-nos’ à Espanha. Considera que «é possível mostrar aos estrangeiros que quem aprende português, com alguma facilidade aprende também o espanhol e vice-versa» É um optimista este senhor! Eu só vejo o vice-versa - um português consegue entender espanhol mesmo sem o estudar, mas se tentar falar português em Espanha vai ficar a falar sozinho…
Mas o modelo que propõe, «Centros de Língua» fora das Universidades, como se vê cá - para além do Inglês e Francês, também o Italiano, o Alemão, por exemplo - exige um investimento grande e apoio estatal. Veja-se a China, onde parece que se está a promover o estudo do português, tudo indica para negociar com os países africanos, e onde os professores são brasileiros apesar de haver por cá tantos professores de português no desemprego.


A nota cómica para terminar, encontra-se neste mesmo Expresso. Alegremente informa-os que
Este ano ouve menos chumbos a Matemática
Que bom é ouvir esta notícia.
E em Português houve mais ou menos chumbos?...

Estas letras mudas só servem para atrapalhar!!!



7 comentários:

Anónimo disse...

Se calhar é mesmo só para se ouvir...(emprestaram-me outro dia um documento saido do GAVE,que são os critérios gerais de classificação para as provas de Português.e tb. os critérios especificos de classificação e respectivos cenários de resposta.È uma coisa de tal forma absurda que qd. tiver tempo vou passar para aqui os aspectos mais relevantes do dito doc.-aliás parece que está na Net)AB

cereja disse...

Aqui o gozo é a frase ser um título (!!!!) e no próprio Expresso!
Já não há revisores, ou há?

Anónimo disse...

Pois.
Ainda não acabei de ler.
Tenho ali o Expresso, e vi esse artigo muuuito em diagonal.
É que a questão do acordo, deixa-me de pulga atrás da orelha. Podem ter alguma razão, mas... e essa conversa das letras mudas, até parece que nas outras línguas não as há!!!!
Olhem só para o inglês tão falado. Não há lá letras mudas????

Claro que o houve e ouve é hilariante. É das de palmatória!!!

josé palmeiro disse...

Segundo ouvi e vi, este ano, houve MAIS chumbos a Português!
Já agora a título de informação:
- Ontem fui à livraria Bertrand, no Parque Atlântico, uma grande superfície, aqui em Ponta Delgada. Fui, na esperança de encontrar o último do Mia Couto. Procurei, onde seria óbvio encontrar oa livros do Mia, na Literatura Portuguesa, e NADA!
Antes de qualquer pergunta à funcionária resolvi alargar a investigação e, qual não o meu espanto, quando encontro, cinco livros do escritor, referentes a três títulos, na Literatura Estrangeira. Reclamei e assisto a um encolher de ombros da funcionária, que disse concordar comigo, mas que estava assim e, pronto.
Quanto à falta do "H", no houve é no mínimo, hilariante! Ou será "ilariante"?
Francamente, é demais!!!

Anónimo disse...

Ainda estou à espera que me convençam das vantagens do acordo.
O Espanhol de Espanha e dos países da América Latina, o Francês de França e Canadá, ou os países africanos que falam francês, e o Inglês que se fala em tantos países teve assim tantas adaptações...? Em Inglaterra diz assim e na América assado. Pronto. E se calhar na Austrália, cozido, e no Canadá, frito. Que cada terra tenha as suas normas, qual é o mal? Não vejo necessidade de 'obrigar' os brasileiros ou africanos a escreverem à nossa maneira, mas porque raio havemos de escrever à maneira deles?...

cereja disse...

Olha King, na generalidade concordo muito com o que dizes.
Mas também sei que não estou assim muito bem informada.
Palmeiro, será que eles definiam a literatura não pela língua em que foi escrita mas pelo país? Literatura portuguesa seria a escrita por portugueses, e moçambicana (ou seja estrangeira) escrita por moçambicanos.
Isto para ver a lógica. Seria assim?

Anónimo disse...

Perguntas pelo «revisor», mas eu imagino que com os 'correctores' que agora existem no word, quem escreve deixa de se ralar em saber ortografia.
E o chato é quando uma palavra está mal escrita mas é 'corrigida' para uma forma «correcta» mas errada naquele caso.
Acontece muito!
Aposto que foi uma coisa deste tipo que se passou aqui...