segunda-feira, julho 21, 2008

Os aneis e os dedos

Dantes chamava-se a isto a «pobreza envergonhada».
Nesta caso não sei se será exactamente isso, mas sem dúvida que existe vergonha e existe pobreza...

A União das Misericórdias conta-nos que anda a receber muitos pedidos de ajuda alimentar que... lhe chegam por email!
"Não estamos a falar de idosos, dos típicos desempregados, mas de pessoas com menos de 40 ou 45 anos que se calhar não deixam de pagar a netcabo nem desmarcam as férias na agência de viagens mas passam fome" explica o presidente da UMP.
Quanto a isso de ‘
passar férias no estrangeiro’ pode ser fantasia do senhor, e uma imagem para dar mais colorido, mas que devem ser pessoas que têm internet, isso é uma conclusão lógica! Claro que o email pode ter sido enviado através do computador de um amigo ou familiar, mas sem dúvida que é um modo estranho de pedir ajuda!...E, pelo menos confirma que são pessoas que dominam este meio de comunicação, o que não acontecia com os «antigos pobres».
Um novo tipo de pobres, sim. Gente que têm dificuldade em se alimentar convenientemente!...

Isto é também confirmado pelos Banco Alimentar Contra a Fome, que fala de «
pessoas que viveram durante algum tempo acima das suas possibilidades, se endividaram em grande escala e estão agora aflitas com a subida das taxas de juro, do preço dos combustíveis e do custo dos alimentos».
Até parece que o anel é mais importante do que o dedo...


8 comentários:

Anónimo disse...

Não sei.
Com sinceridade não sei.
A minha ideia é que o Banco Alimentar fornece mesmo o básico do básico - arroz, massa, farinha, latas de conserva, óleo, açucar, etc. Ou seja, os produtos que também são os mais baratos. Aquilo que fará falta a uma família habituda a comer como deve ser, são legumes, peixe, carne, frutas, o que é verdeiramente caro. Estranho imenso estas conclusões.

Anónimo disse...

Eu então não tenho a menor dúvida que onde se corta a sério, é na alimentação. Há uns pinguinhos para a gasolina do carro, para a net, para a Cabo, para isto e para aquilo, e depois não chega para a mercearia até porque esses créditos são mais difíceis.
E cá para mim, as pessoas que recorrem ao Banco Alimentar por internet, também precisariam de umas aulas de economia doméstica, para aprenderem a aproveitar restos e cozinhar as coisas desde a origem. Conheço muita gente que não sabe de todo cozinhar, compra tudo pré-fabricado, até a sopa, porque não sabe como se faz!

Anónimo disse...

Estrela (não tenho o king, vou ter de embirrar com alguêm) estás a ser injusta e radical.
Não podemos meter tudo no mesmo saco.
É claro que conheces - e eu também - quem não saiba aproveitar nada, nem cozinhar coisa nenhuma. Pessoas que se pudessem comiam sempre em restaurante, mas também há muito quem o saiba mas não tenha com quê.
e cada vez se está a encontrar desses.

Anónimo disse...

Suponho que toda esta história da nova pobreza,por vezes exalta animos porque no fundo quem é que não tem medo que lhe bata à porta?E se não é na propria porta é na dos filhos que a começar vida,começam por a "entender" como uma espécie de prolongamento da que tinham "chez maman ou papa" onde já havia uma série de coisas que se calhar no principio da vida dos próprios tb. não existiam.Mas sim acredito que "redimensionar"a vida, ou melhor cortar não é brinquedo e exige escolhas que são dificeis de fazer.Cortar a Net ou o Seguro de Saude por exemplo....manter o telefone fixo ou apenas o móvel ou largar de vez o móvel.E não se pense que estas decisões são fáceis de por em prática porque os próprios fornecedores dificultam o corte dos fornecimentos aparecendo com contas postumas e levando a coisa até ao abuso de poder como "cancelar"linhas etc.Ainda ontem brincando com a Emiele eu sorria da compra do novo computador...em vez por exemplo de bilhetes para o Cohen...mas se uma pessoa estiver desempregada e em casa a net não lhe preencherá mais o dia do que outra coisa qq,se claro,pertencer ao grupo dos "computorizados"?Não sei se são os melhores exemplos mas que as perspectivas são terriveis ....e arroz,massa,etc,a partir de certa altura a "correcção"da alimentação não passa para o nivel de encher o estomago e manter o ritual de refeição APENAS?Conheço tanta coisa....e não me atrevo a julgar.AB

josé palmeiro disse...

Todos têm algum pingo de razão.
A crise é efectiva e nada, mas mesmo nada, ajuda a que a tem que suportar. A A.B., tem muita razão e quem somos nós para julgar os outros e as razões porque assim funcionam, sabendo o enorme condicionamento, em que estamos metidos, com todas estas dificuldades que aponta.
Por outro lado, não suporto a união das misericórdias, vir agora com estas denúncias hipócritas. Porque não, solicitar ajuda por e-mail? Alguma vez isso significa que quem o faz tem computador? Não poderá ser do emprego, da casa onde trabalha, etc.?
Averigue-se convenientemente, a quem se dá e porque se dá e não como se pede.
Neste como no caso do rendimento mínimo e da atribuições de casa, acabe-se com a ligeireza das atribuições, façam-se inquéritos sérios e completos, e atribua-se a quem necessita, sem mais comentários. só assim seremos, verdadeiramente solidários e responsáveis.

cereja disse...

OK, nesta caso a AB e o Zé têm toda a razão e o facto do pedido vir por mail ainda acentua mais que a pobreza anda a bater a portas que não estavcam habituadas a isso...
Eu não simpatizo lá muito com a União das Misericórdias (e dizer isto é por eufemismo..) e concordo com o Palmeiro, que o Exmo Senhor Presidente extrapolou bastante, não apenas quando falou em férias por agência de viagens (como é que sabe?) como também dizendo que «não deixam de pagar a netcabo» (e aproveita para fazer propaganda a esse servidor!
Como é que sabe isso tudo, pergunta-se....
De qualquer modo que os portugueses andam endividados até à raíz do cabelo, não é novidade. e que as 'prioridades' variam de pessoa para pessoa e de acordo com aquilo a que fomos habituados, também é certo.

Anónimo disse...

A ideia que tenho é que o dito Banco Alimentar também tem muito que se lhe diga!!!!
O que ouvi é que a distribuição é difícil; a recolha é fácil, mas depois a distribuição é tão complicada que chegam a dar os produtos a quem não pediu para que não se estraguem.
Mas se calhar é má língua e boatos.
Não vou jurar!

cereja disse...

Também ouvi uma conversa nesse sentido, Joaninha, mas muitas vezes fala-se de tudo, como no «velho, o rapaz e o burro»...