terça-feira, maio 06, 2008

Portugal e meio


Gostamos da nossa terra, somos sentimentais, temos imensas saudades, mas… fugimos dela.
É interessante que quando contactamos com emigrantes portugueses – falo dos de primeira geração, é claro – de uma forma geral quase todos falam de Portugal com imensas saudades e até embelezando-o um tanto demais. Pelo menos da minha experiência, se me ouvem falar português vêm ter comigo, fazem perguntas, oferecem-se para ajudar se tenho algum problema, descobrir «um patrício» no estrangeiro é uma alegria. E perguntam coisas, muitos estão informados porque vão ouvindo rádio e vendo TV, falam de Portugal com muitas saudades, mas… a sua vida é noutros lugares.

Dizem-nos que cinco milhões de portugueses vivem no estrangeiro o que quer dizer que um terço de nós preferiu escolher outro sítio para viver, para ganhar a vida.
Eu não sei números, mas não acredito que haja um país desenvolvido que possa apresentar uma taxa de emigração como esta.
E, curiosamente, estamos a receber uma taxa também muito elevada de emigrantes. Porque será? Se existe quem busque o nosso país para viver, então…?
Então, quem vem para cá é porque as suas condições ainda são piores. Nada de mais. E sujeitam-se a trabalhos desvalorizados e mal pagos. E tantas vezes hostilizados pela população que considera que estes pobres imigrantes os estão a prejudicar, exactamente por trabalharem com salários baixíssimos.
É uma espiral medonha, e assustadora.

8 comentários:

Anónimo disse...

Temos também as diversidades, rejuvenescimento da população, apoio à nossa Segurança Social, muitas coisas positivas.
Só nunca percebi, salvo parcialmente os brasileiros, porque raio é que se imigra para Portugal, com a Espanha aqui tão perto.

josé palmeiro disse...

Fj, a nossa porta, já está entreaberta e o terreno é mais fértil. Repara que pouco tempo depois, partem sem que as mais valias que nós julgávamos aportar, desaparecem rápidamente.

Anónimo disse...

Em Espanha mais propriamente em Sevilha onde estive agora há imensos portugueses,novinhos,a fazer por exemplo escolas de hotelaria.E não querem voltar.Ganham melhor,tem acesso a casas mais baratas,a ensino,à saúde e a uma vida com horários não escravizantes.Também há trabalho "escravo"feito através de redes de outros portugueses que atinjem principalmente gente sem qq alfabetização e com grandes fragilidades de todas as ordens.Mas Portugal é sobretudo um lugar de passagem para aqueles que com um bocadinho mais de qualifivcação(mesmo os brasileiros)seguem para outras vias.AB

Anónimo disse...

Em Espanha mais propriamente em Sevilha onde estive agora há imensos portugueses,novinhos,a fazer por exemplo escolas de hotelaria.E não querem voltar.Ganham melhor,tem acesso a casas mais baratas,a ensino,à saúde e a uma vida com horários não escravizantes.Também há trabalho "escravo"feito através de redes de outros portugueses que atinjem principalmente gente sem qq alfabetização e com grandes fragilidades de todas as ordens.Mas Portugal é sobretudo um lugar de passagem para aqueles que com um bocadinho mais de qualifivcação(mesmo os brasileiros)seguem para outras vias.AB

Anónimo disse...

Em resposta ao FJ, também creio que Portugal é sobretudo uma porta de entrada na Europa. Fazem cá um «estágio» e depois põem-se a andar.
Por outro lado, FJ, não é só os brasileiros que têm a questão da língua, há também a malta dos palops.
Já a malta do leste, esses não entendo bem o que os atrai aqui!

Quanto a Espanha, a AB tem razão, há muito quem vá para lá para a formação e depois... vai ficando. Citando o seu comentário : «Ganham melhor,tem acesso a casas mais baratas, a ensino, à saúde e a uma vida com horários não escravizantes»
Quem quer voltar?... E ainda por cima é tão perto que num instante estão cá para dar um beijo à mãe e ir à festa de anos da prima...

Anónimo disse...

Certo, têm todos razão, mas PORQUÊ???? O que diabo tem aquela fronteira que estraga a qualidade? Notem que se está a falar de portugueses, feitos decerto da mesma massa dos que estão cá. Como é que noutros países eles «rendem» e os patrões gostam deles, e cá é o que se vê???? O que existe no nosso ar, que estraga os trabalhadores? Trabalham 'lá fóra' e cá são uns calões?! Porquê????

Anónimo disse...

Não pensava que fosse assim tanta gente. Também fiquei impressionada quando li os números. Isto quer dizer que afinal a nossa população tem mesmo aumentado, só que «não se vê». Cá ficam os mais velhos ou com pouca iniciativa. Essa 'peneira' que vai separando os mais activos -os que se vão - é capaz de explicar algumas coisas.

Anónimo disse...

Quanto à imagem que temos de quem imigra para cá, vem bem explicada no tal livro de que falaste, do Thomas Frank. (também fiquei interessada e fui procurar).
É bem mais fácil embirrar com quem está ainda pior do que nós, do que com quem dirige os nossos destinos. A «culpa» é de quem «nos tira» os subsídios, não de quem gere o grande bolo!