O General sem Medo
A 10 de Maio de 2008 comemorou-se os 50 anos do início da Campanha Eleitoral de Humberto Delgado.
A RTP mostrou ontem um documentário interessante com diversos depoimentos, muitas fotografias e vários filmes de arquivo.
Mais uma vez se voltou a ver aquela Praça Carlos Alberto, no Porto, com o mar de gente a aclamar Delgado e ouvimos as palavras do seu discurso; a chegada a Santa Apolónia e a barragem feita para impedir o povo de lhe mostrar o seu apoio.
E a gigantesca burla eleitoral.
A ordem dada em desespero que «tinha de se ganhar custasse o que custasse», e ontem bem se viram as provas do descaramento como tudo foi forjado. Visto com os olhos de hoje, aquelas urnas tão frágeis onde cada um metia o voto que trazia de casa, as filas para a votação onde só se viam homens e de vez em quando uma mancha de freiras, a ausência de controlo eleitoral, é coisa que já nos custa acreditar.
E contudo, o certo é que o regime tremeu, mesmo com a faca e o queijo na mão, não se arriscou a outra e desde 1959 que o sistema de ‘nomeação' do Presidente da República passou a ser outro: daí para a frente, em 65 e em 72 ele passou a ser ‘eleito’ por um colégio eleitoral: Assembleia Nacional+Câmara Corporativa.
Já chegava de sustos.
A RTP mostrou ontem um documentário interessante com diversos depoimentos, muitas fotografias e vários filmes de arquivo.
Mais uma vez se voltou a ver aquela Praça Carlos Alberto, no Porto, com o mar de gente a aclamar Delgado e ouvimos as palavras do seu discurso; a chegada a Santa Apolónia e a barragem feita para impedir o povo de lhe mostrar o seu apoio.
E a gigantesca burla eleitoral.
A ordem dada em desespero que «tinha de se ganhar custasse o que custasse», e ontem bem se viram as provas do descaramento como tudo foi forjado. Visto com os olhos de hoje, aquelas urnas tão frágeis onde cada um metia o voto que trazia de casa, as filas para a votação onde só se viam homens e de vez em quando uma mancha de freiras, a ausência de controlo eleitoral, é coisa que já nos custa acreditar.
E contudo, o certo é que o regime tremeu, mesmo com a faca e o queijo na mão, não se arriscou a outra e desde 1959 que o sistema de ‘nomeação' do Presidente da República passou a ser outro: daí para a frente, em 65 e em 72 ele passou a ser ‘eleito’ por um colégio eleitoral: Assembleia Nacional+Câmara Corporativa.
Já chegava de sustos.
11 comentários:
Andava eu pelos doze anos, na minha casa convivia-se com a esperança de um milagre, pois, à boca pequena e no universo de amigos e família, havia muita gente com ele. Humberto Delgado era uma esperança, que se desfez com as mesmas golpadas com que Mugabe, hoje, fez no Zimbabue, país onde nasceu um dos meus filhos.
Foi uma "pedra" importantíssima na construção da teia, que levou à queda do regime, que nessa altura nos oprimia e deprimia.
Lembremo-lo, com respeito e saudade!
Zé, seria mesmo um «milagre». Teria de se acreditar que eles faziam um jogo limpo. Viu-se pelo tamanho da burla eleitoral, que NUNCA seria aceite um resultado verdadeiro.
Mas sem dúvida que se sonhou.
Olha o Zé hoje veio cedo!!!
Também vi o documentário (?) ontem. Foi bom e importante falar-se no assunto. Tanto quanto sei estão programadas muitas outras coisas para relembrar a data. É mais um acontecimento que é actual, mas só não está esquecido pelos historiadores da História Actual.
Muito boa ideia o vídeo.
Não fazia a menor ideia que existisse.
Mais uma das tais coisas que foi tanto antes da minha vida cá, que eu penso nisso como História, mas História dos manuais. Ontem, nesse programa que também vi, falava-se de que as pessoas da época olhavam para a Primeira República como passado, isto para mim é tal e qual como para essas pessoas a 'primeira república'.
Uma das filhas do General,a Iva, dedicou a vida dela à reabilitação do pai enquanto figura importante na história do Estado Novo, por oposição a Salazar a partir de certa altura, e tem feito uma obra notável nomeadamente com a Fundação.Sem isso muito provavelmente muitas das coisas não se saberiam ainda hoje e é preciso dizer que não foi só o Regime que "tramou" o General.A opsição tb. não acreditava nele pelo menos uma boa parte dela, mesmo alguns dos que,ontem no documentário, deram depoimentos.Por um lado percebe-se.O general "vinha" do regime...Mas há muita coisa por exxplicar que passa por Argel por Washington e "obviamente" por Moscovo.No entanto Rosa Casaco continuou à solta como tantos outros que de mão própria ou a soldo(os "quens" do a soldo são sempre mais do que se pensa )abateram seres e ideias ou iniciativas que teriam atirado esta terra para destinos um tanto diferentes dos que trilhou.Até mesmo com o Botelho Moniz sabe-se lá o que teria acontecido.São os tais "Ses" da História,que não contam para ela mas que "avisam" em análises posteriores para factos futuros.Dizem que a História não se repete.De facto lá vem a história de nunca se beber 2 vezes as aguas do mesmo rio,mas as lições tiram-se.E é preciso muita diplomacia(Iva tiro-te o meu chapeu) para conseguir engolir os "sapos" necessários ao desenterrar da História.AB
Mas Raphael, não é por ser «passado» que tem menos importância, não é? Como é que se pode entender bem o presente e até planear o futuro sem conhecer o passado? O estudo da História é um instrumento para se entender o presente.
É enquanto a História ainda está «quente» que estes trabalhos fazem sentido, Raphael. De facto na altura era uma figura que começou por ser controversa, mas como se disse ontem, exactamente por ser um militar, vir da América e Nato, tinha condições para que se lhe juntassem as pessoas que tinham medo dos «comunistas» e por outro lado juntar as pessoas de facto de esquerda e anti-fascistas.
Ab disse quase tudo.
Raphael não me parece justo, o p assado não é assim tão longe, pelo menos para a minha geração , que não é a dele, claro, e faz parte do presente.
Pena que, oficial e ou popularmente, nunca se tenha feito a devida homenagem ao general,
Agora, por excertos do livro do filho, parece que afinal não foi morto a tiro ( o que permitiu condenar mais o autor material, o casimiro monteiro, parece, e quase absolver o Rosa Casaco) e sim desfeito á pancada, o que permitiria condenar todos por igual, se o tribunal fosse capaz disso.
Não é filho,FJ é neto,o que só prova que as novas gerações querem "verdade" para entenderem o presente,no caso dele para muito provavelmente se "entender".AB
Era realmente importante que todas estas sombras fossem esclarecidas. Não sabia essa do papel do Casimiro Monteiro ter sido ainda mais sinistro. Esse assassinato é das coisas mais reles e cobardes!...
Enviar um comentário