quinta-feira, abril 24, 2008

Trezentos mil mortos

Nas Termópilas foram 300.
Nesses tempos, 300 mortos era chocante, e esse acontecimento deu origem a poemas, canções, histórias imensas. Agora, ouve-se falar em
300 mil e, se bem que também se fique um pouco chocado, amanhã já se pensa noutra coisa.
Quero referir-me ao Sudão e a Dafur.

É uma preocupação que ciclicamente vem à nossa recordação para trazer má consciência, e, também ciclicamente, se esquece quando outro assunto nos chama mais a atenção.

Estes assustadores números, de uma situação que é um
genocídio, são-nos trazidos pelo sub-secretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários: «nós continuamos a ver os nossos objectivos a recuarem e a paz em Darfur é hoje uma realidade mais remota do que nunca» diz ele.
Claro que o Sudão alega que o número de mortes não ultrapassa os 10 mil…

Seja como for, são números de uma grandeza arrepiante.
A diferença, pelo que percebi, é que uns contam as vítimas directas da guerra, em combate digamos assim, e outros contam as vítimas da situação em geral, de toda a violência, da fome, da doença, que por causa da guerra aquele povo está a sofrer.


E ninguém lhes acode.


9 comentários:

Anónimo disse...

Emiéle, estava tudo a correr tão bem, posts tão engraçados e vens com uma destas!

:(

É um buraco sem fundo, esta questão.
Se ao menos eles tivessem petróleo.

josé palmeiro disse...

Dê as voltas que der, não entendo como a sociedade das nações permite estas mortandades.
Estou como o King, mas entendo, que estas pedradas, são necessárias, para nos alertar e demonstrar quanto a humanidade é perdadora.
Ainda ontem, no Público, o Rui Tavares, escrevia na sua crónica, na última página, sobre a "Matança da Pascoela", uma matança de cerca de 4.000 almas, que se fez em Lisboa, no ano de 1506. Confesso que desconhecia, mas congratulo-me com o facto de, se ter, dela, dado notícia e conhecimento pleno. Estas coisas, não podem, nem devem ser escondidas, mas lembradas para que os comportamentos se alterem.

Anónimo disse...

Que as coisas sejam conhecidas, é fundamental. Mas não acredito que por isso os comportamentos se alterem, Zé Palmeiro. Quanto muito têm-se alguma vergonha, mas é o sentimento com que podemos contar - o resto fica tudo na mesma. E eles a morrerem como tordos.

Anónimo disse...

Ainda por cima começaste por um clássico.Podia quási arranjar-se uma espécie de lenga-lenga(o que eu gosto elas)tipo"Nas Termópilas foram 300,nas consciencias é uma humanidade inteira,em cada corpo"....e por aí fora.Tenho uma dificuldade com as rimas (o que é que rima com Guterres o piedoso?)AB

Anónimo disse...

AB - olha que a publicidade está-te na massa do sangue! Saltam slogans como quem respira
Amiga, Guterres não rima com rigorosamente nada; a criatura é modelo único!

Anónimo disse...

Estás a ver King?È por isso que o médico diz que tenho um bocadinho de anemia (mentira).AB

josé palmeiro disse...

Pois é AB, Guterres, não rima com coisa nenhuma, E eu que deixei o dicionário das rimas, no Algarve.

josé palmeiro disse...

Já sei, Guterres, rima com, "transferes".
Transferes uns daqui para ali e mirrem, na mesma!

Alex disse...

Que bom que não tenho Poder, se tivesse morria de vergonha