quinta-feira, abril 17, 2008

O Diário da Ana

Quarta-feira, 17 de Abril de 1974

Grande e difícil decisão que foi o motivo da nossa conversa ontem à noite: compramos ou não uma nova máquina de lavar a roupa?...
A que temos e sempre usámos, já veio de casa dos meus primos quando eles compraram a nova deles. E, eles já a tinham também herdado! Quando casaram, já há muitos anos, a mulher a dias lavava a roupa no tanque. Depois conseguiram esta que teve muito uso lá em casa - quatro filhos, imagina-se! Quando ma deram foi óptimo, na altura não tínhamos possibilidade de comprar nenhuma, mas nunca esteve famosa e agora anda a avariar quase todas as semanas.
E a verdade é que é um electrodoméstico que a gente depois de se habituar é difícil passar sem ele! Acho que a D. Lurdes se lhe dissesse para voltar a lavar a roupa no tanque tinha uma coisinha má...
Eu tenho andado a ver preços por todos ao lados, já há tempo. Agora vi anunciado umas, de boa marca, a quatro contos quinhentos e cinquenta, se pagássemos a pronto. Mas o pior é isso. Eu odeio comprar coisas a prestações, porque depois ficamos pendurados com essa dívida todos os meses, mas para pagar tudo, vai ser um mês apertadíssimo e ficamos sem um tostão de reserva.
Talvez esta ainda aguente mais um ou dois meses…
Por outro lado a minha mãe insiste em que nos pode emprestar o que falta e assim comprávamos uma destas que eles estão a anunciar e íamos pagando aos meus pais conforme pudéssemos. Já era diferente.
Decidimos que da próxima avaria é o que fazemos – já não se concerta mais e vem uma nova! Uff! Vai ser uma festa!



7 comentários:

Anónimo disse...

É óbvio que se tinha muitíssimos menos electrodomésticos do que hoje em dia! Também as mulheres-a-dias eram mais baratas...
Fazia-se muita coisa à mão. O chamado «passe-vite» já foi um avanço ainda antes da 'varinha mágica'; e o actual 'ferro a vapor'?; e os milhares de robots de cozinha?; e o corriqueiro 'micro-ondas'?

Modernices!...

josé palmeiro disse...

Pois, foi tudo ontem e nós, os mais velhos, ainda temos tudo isso na memória. Por outro lado, as coisas duravam, vê as andanças dessa máquina. Hoje, quase se não dá valor a estes ajudantes que tanto nos simplificaram a vida.

Anónimo disse...

A duração "média" ponderada deum electrodomestico hoje é entre 5 e 6 anos.(fabricante dixit)A ideia é obviamente promover novas compras.AB

Anónimo disse...

Não sabia o tempo, e a AB ajudou-me, mas quando troquei o meu velho frigorífico, disse ao vendedor os anos que tinha e que gostava de um que me durasse alguma coisa de parecido mesmo que fosse caro, o tipo largou-se a rir.
- Oh minha senhora!!!!! Assim íamos à falência!
Fiquei sem resposta.

Anónimo disse...

Uma achega ao que vocês já disseram: o que me irrita imenso é o custo dos arranjos. Também estou convencido que o facto de um concerto ser quase o preço de um objecto novo, é de propósito para nos obrigar a deitar fóra e comprar outro.
Quando não é o caso de os 'consumíveis' é que são tão caros que tudo fica invertido. Olhem as impressoras e os tinteiros?!

Anónimo disse...

O preço, que faz sorrir hoje, devia ser um salário da época e difícil de pagar...E tem a sua graça, porque hoje a malta que casa ou que começa a viver junta, há electrodomésticos que são fundamentais, para além do fogão, esquentador, frigorífico, a máquina de lavar roupa e o micro-ondas já é rotina. A de lavar loiça, ainda se pensa um pouco, mas a de roupa ...! Acho que as casas nem têm essa coisa a que chamaram 'tanque' :D
E lavar à mão na banheira não é prático!

cereja disse...

Pois é Raphael, estamos muito mais electrodomesticados hoje em dia, mas como reparas pelos comentários, para compensar as coisas são logo feitas para durar pouco.
Às vezes penso que devia valer mais a pena ter as coisas alugadas... Assim, quando quiséssemos, trocávamos pelo modelo mais novo ;))
E nunca nos afeiçoávamos a eles.
Digo isto porque eu às tantas afeiçoo-me ao meu velho fogão, ou àquela picadora velhinha... Manias.