quarta-feira, abril 30, 2008

Escrevi no Pópulo, há dois anos:


No 24 de Abril


3 comentários:

Anónimo disse...

E assim acaba esta série
(acaba Abril)
Fecha com uma grande chave - não de ouro, mas de sangue talvez.

josé palmeiro disse...

Como afirmaste a guerra e os seus efeitos, quer imediatos, quer tardios, não têm explicação.Tenho experiência suficiente para falar do assunto, apesar de a não ter feito. Quando chegeram os "vinte anos", já eu e os como eu, esperavam que a guerra estivese resolvida. Infelizmente para todos nós ainda durariamais oito penosos anos. Metade desses aos passeios no exército, onde todos os dias o espectro da guerra nos envolvia de uma forma total. Fui preparado e preparei, gente que por lá andou, uns voltaram, mas outros, por lá deixaram o melhor de si, a vida, senão de uma forma total, pelo menos do ponto de vista psicológico. Passados que foram os 49 meses de serviço militar obrigatório, vi-me na contingência de rumar para uma das colónias, com um contrato de trabalho que passados cinco anos, me libertaria desse flagêlo. Assim fiz e daí o ter rumado para Moçambique. Caí num cenário de guerra, apesar de civil. Fui encontrar camaradas meus a quem tinha dado instrução ou que simplesmente tinham sido meus camaradas de armas. A tensão era sentida, ao ponto de no Natal de 1973, ter havido uma escaramuças bem perto do sítio onde estavamos. A célebre base Gorongosa, da Frelimo, era muito próximo, tal como a estrada para Tete e para a Barragem de Cabora Bassa, o que tornava o sítio apetecível para o desenvolvimento das ofensivas do movimento libertador. Depois, envolvi-me nos contactos com a Frelimo, no sentido de conseguirmos uma paz duradoura e eficaz, para a zona, tendo pertencido aos "Democratas de Moçambique", grupo de opinião que foi fundamental para a mudança. Essas tarefas e empenhamentos, trouxeram-me, contudo, grandes fissuras com a parte branca que queria uma situação semelhante ao que Ian Smith, levou a efeito na Rodésia. O que me fez, viver uma outra guerra.
Perante o que se passou só posso dizer:
Viva O 25 de Abril!!!
Vivam os Heróis do 25 de Abril!!!
Viva o Povo Português, que hoje, em 2008, têm que lutar para que a fome e a miséria que se abate inexoravelmente, sobre o planeta, em que os valores materiais suplantam os morais, continua a lutar, para a obtenção da liberdade TOTAL!

cereja disse...

Obrigada, Zé.
Um testemunho importante, e creio que falaste em nome de muitos.