quarta-feira, março 26, 2008

Desemprego Emprego sempre garantido


Uma piada já muito velha, conta que um sujeito importante pediu a outro sujeito importante um emprego para o filho e foi-lhe respondido risonhamente que poderia começar de imediato como membro da direcção de uma sua empresa onde teria um bom ordenado sem grande trabalho. O pai disse que não era isso que queria, e o amigo propôs-lhe um outro lugar de consultor onde também quase não teria de lá ir e era bem remunerado. O pai insistiu, queria um sítio onde o filho tivesse mesmo de trabalhar e com um salário normal, e o amigo embaraçado teve de responder: Ah… isso é que não lhe consigo arranjar, a coisa está difícil.
A graça é velha mas parece actual quando olhamos para a nossa administração pública.
Por todo o lado se vê gente que estava como eventual a ser despedida, os serviços a reduzirem pessoal, quem sai não é substituído, as verbas com pessoal sofrem cortes drásticos, mas... por outro lado
duas pessoas, que eram quadros do Ministério da Economia, e faziam parte do Conselho da Autoridade da Concorrência, vão receber uma compensação financeira equivalente a dois terços do salário mensal durante dois anos
Esta compensaçãozinha é só de 8600 euros por mês. E estes senhores são elementos do Ministério da Economia, aonde seria normal que regressassem.
Mas estou convencida que se alguém pretendesse um lugar de base nesse Ministério, teria a porta fechada sem hesitação. É afinal na vida real a aplicação da tal anedota.

10 comentários:

josé palmeiro disse...

Venho aqui agora, só assinalar a presença, pois tenho que sair.
Gostei, pois essa é a realidade e nada melhor que referi-la e acentuá-la, para que se tome consciência das disparidades imensas que, neste país de desemprego, se cometem.

cereja disse...

Mas que madrugada!!!
Se aqui é cedo, aí é cedíssimo!!! Por onde andas, Zé?

Pois este é o nosso país. Acautela-se que alguns não percam a sua qualidade de vida, mas....

Anónimo disse...

Já reparaste que não direi todas as semanas mas talvez de 15 em 15 dias encontramos uma historieta destas??? Ou é uma reforma milionária, ou uma indemnização choruda, ou um trabalho que é trocado por outro melhor...
E entretanto uma percentagem enorme de gente vai vivendo com contractos a prazo e a tremer porque pode ir para a rua de um minuto para o outro...

Anónimo disse...

Nunca me esqueço de uma famosa entrevista à Excelentíssima Senhora Doutora Maria João Rodrigues, que até já foi ministra e tudo, onde ela de um modo muito leve e descontraído censurava «os portugueses» por terem 'medo de mudar de emprego'.
Aquela criatura não entendia que a malta não tem «medo de mudar» tem medo é de ficar sem!!!

Estes senhores, se ficarem sem o que têm agora, terão este conforto de uns bons tostões. E apostava dobrado contra singelo que não vão esperar muito para serem convidados para outro ainda melhor!

josé palmeiro disse...

Pois é amiga, enquanto uns, são como descreves, outros andam a desbravar caminhos para conseguir mais uns cêntimos, para equilibrar os orçamentos, que andam um pouco por baixo, que as despesas, foram muitas.
Depois te direi o que ando a fazer, mas é um trabalho para o INATEL, ligado a programas de viagens para maio de sessenta anos, coisa que eu cumpro, mas a que não tenho acesso. Por isso trabalho, para eles.

Anónimo disse...

Começo por apoiar mary e king.
Só gostava de sublinhar que o "anterior" (!)conselho é constituido pelos próprios...o chamado actual/anterior, nova figura que devemos ao neo liberalismo.
Quanto á oportunidade, dá gozo, haverá momento mais OPORTUNO do que agora ?!
Numa intervenção muito boa que pude ouvir ontem, sobre privatização de serviços públicos, e suas diversas formas, foi acentuado que o poder de auto regulação, em particular dos salários dos dirigentes, é uma das características de certa forma de privatizar, porque retirando os organismos da administração pública, já se põe os quadros e dirigentes a ganharem "pelo privado", objectivo principal, uma vez que nos níveis mais "baixos" até não ganham "mal".
Ora podemos recordar que, não há muito tempo, o que havia era uma direcção-geral da concorrência, com vencimentos normalíssimos, e sem estes subsídios que, legais ou não, não se justificam.

Anónimo disse...

O comentário do FJ é tão completo que me deu curiosidade de ir ver o artigo de onde tinha vindo esta história, mas o link não está bem.
Deu contudo para ver, na barra de endereço que era em
http://dn.sapo.pt/2008/03/26/economia/concorrencia_risco_pagar_a_exgestore.html%22
portanto ainda lá cheguei.
Isto de ser juiz em causa própria ou lá como é, tem as suas vantagens.

Anónimo disse...

Grrrr... O nome do link é tão comprido que não coube aqui na caixa de comentários... Mas a verdade é que eu cheguei lá, juro!!!
Encontramos no D.N. na secção de Economia.

Anónimo disse...

Mas há imensos juizes em causa própria a começar pelas pessoas que estiveram na Constituinte...ou não?Parece coisa nova mas o que não é novo é o processo...de resto variam os nomes...(das coisas claro).AB

cereja disse...

Muito correcto o comentário do FJ. É que mesmo que aquilo tenha sido legal (não digo que não) pelo menos não é moral! E o truque que ele desmonta é interessante - uma forma de 'privatizar' sem o fazer.