terça-feira, fevereiro 19, 2008

Um curso superior? Mas qual?

Ainda há bem poucos anos, os bons pais aconselhavam os filhos e insistiam «Estuda! Tu tira mas é um curso superior. Sem isso não vais conseguir ser nada na vida…» e citavam exemplos justificando a sua razão.
A vida deu uma volta inesperada.
O primeiro conselho ainda está (e creio que estará sempre) actual: Estuda. É verdade que aí está o segredo para o progresso quer individual quer do país.
Mas estuda o quê?...E quem é que pode dar resposta?
O desemprego entre licenciados sobe desmesuradamente como todos sabemos ou por experiência própria ou por se ouvir falar de casos e mais casos. Fala-se em 60.000 pessoas nesta situação.
Por se ouvir contar muitas histórias e agora com confirmação do INE, confirma-se que há cursos “negros”: Ciências Sociais, sobretudo História, Filosofia, Geografia ou Sociologia. E ainda Psicologia. E cursos relacionados com Educação. E arquitectura em muitos casos.
Mas afinal que cursos fazem falta ao país?
Ao tempo que se ouve a promessa de virem a ser revelados os estudos que o indiquem mas o certo é que ainda se está à espera. E sem essa indicação a escolha de uma formação será sempre um tiro no escuro.

Vamos continuar esperando essa indicação? E que estímulo se dá aos nossos jovens para estudarem?


7 comentários:

josé palmeiro disse...

Faz-me cóssegas no miolo, esta situação, porque eu sou um comtemplado, não pelo euromilhões, mas pelo desemprego, derivado desses cursos "malditos" que filhos meus tiraram. Ora bem, sempre fui de opinião que, deveriam ser eles a escolher, livremente o rumo que queriam e para que se sentiam vocacionados e agora, só "pescates", trabalha aqui, trabalha ali, a recibo verde, contando para as estatisticas que "lhes" interessa, mas sempre em desemprego funcional. De tal forma que, a mais nova, licenciada em "Ciencias da Comunicação", ramo "Relações Públicas", tem um emprego, do estilo, e tive que lhe arranjar um outro meio de subsistência, um Bar. Bar esse que ela vai gerindo, há mais de um ano, felismente com algum sucesso, mas é sempre uma dôr de barriga, muito grande.Não consigo entender o que quer este governo, com o que anda a fazer à educação, será que eles sabem?

Anónimo disse...

Bastante de acordo com o Palmeiro, sempre fui de opinião que os putos deviam decidir da sua vida, e desde que com um pouco de maturidade, serem eles a escolher aquilo que iam fazer com a vida que era a deles. «Impingir» um profissão ou um canudo a um filho sempre fui contra isso. Mas a verdade é que neste momento é um "salve-se-quem-puder" e já não se sabe que raio de conselho se pode dar. Não interessa neste momento o 'trabalhar para se sentir realizado' como foi no meu tempo e sim 'trabalhar para sobreviver'.
É uma gaita!!!

Anónimo disse...

Também é verdade que os jovens hoje convivem com muito mais naturalidade com o que para nós, mais velhos, é angustiante - o emprego eventual. Eles mudam de trabalho sem dramas.
Mas uma coisa é o mudar de emprego o que até pode ser bom, e outra, completamente diferente é naão ter emprego nenhum!

Depois do esforço de um curso de vários anos, é revoltante!

josé palmeiro disse...

Mary, o teu último parágrafo, é a chave da questão.

Anónimo disse...

Deixei este post para o fim, porque talvez como o Zé Palmeiro, me sinto atingido na família por esse flagelo de licenciados que andam a arrumar embalagens no Lidl. Não lhes cai nenhum parente na lama, mas que "arrumadores de embalagens" de luxo que este país tem!
É claro que há muitíssimo tempo havia cursos que os pais da classe média baixa sonhavam para os filhos - Direito ou Medicina. Vejam o «Conta-me como foi» e o Tony lá está a tirar Direito. Esses é que eram os cursos que davam direito ao título, a ser senhor doutor. E o famoso título correspondia a um estatuto importante e a uma vida folgada.
Bem, Medicina teve aquele estrangulamento que conhecemos, os números clausus fizeram o seu papel, mas hoje ainda é um "curso com saída" como cantam os Cabeça no Ar. Tudo o resto ...« O Vento o Levou!» Tirar Direito não serve para nada a não ser que se tenha "conhecimentos"; as Ciências Humanas, Sociologia, Psicologia, etc, só para trabalhar de graça. Safa-se a Informática e pouco mais.

Mas o que dizes e que eu queria sublinhar é exactamente o andar-se a brincar à Cabra-Cega: Afinal o que é que o nosso país precisa? Fizerem estudos? Onde estão? Como é que se pode orientar um puto que termina o 9º ano?...

&%$*«$#!!!!!

Anónimo disse...

Para compensar, para quem é mais novo, os «depois do 25 de Abril» afinal, tem dificuldade é em entender como é que era possível essa coisa de um emprego para toda a vida. ter trabalho é bom, mas ter sempre o mesmo trabalho é cá uma seca!!! O mesmo sítio, os mesmos colegas, o mesmo patrão, foge!....Pior que um casamento para a vida e para a morte.
:)
Estou a brincar, e falo porque tive a sorte de quase nunca ter estado sem trabalho, e gostar de mudar (para melhor...!!!) Mas tenho amigos que realmente se vêm à rasca. Eu no caso deles imigrava, nem que fosse para África.

cereja disse...

Não é tão fácil Rapahael. Eu entendo o que os outros comentadores disseram. E repara que uma pessoa tirar um curso, uma especialidade para depois imigrar...?
É por cá que as coisas devem mudar. Agora era de facto boa ideia que se soubesse com algum tempo para planear que formações iam ser necessárias ao progresso desta terra. É capaz de haver juristas e gestores a mais, mas se calhar faltam cursos médios.